A incidência de granizo, no dia 6 de setembro, trouxe prejuízos para muitos agricultores de Venâncio Aires e região. Alguns produtores de tabaco estavam prestes a iniciar a colheita e tiveram o cronograma interrompido. O desânimo e o sentimento de uma safra perdida foram ‘sintomas’ que acabaram surgindo, mas naquele momento foi preciso de persistência e esperança para voltar a lavoura. Na localidade de Linha Ponte Queimada, o produtor Erineu Weber, 54 anos, apostou no apoio técnico da empresa e com muito trabalho iniciou a recuperação da safra.
Após 40 dias do granizo, a lavoura do agricultor é sinônimo de sucesso. Assim como outros produtores de Venâncio Aires, Weber garantiu a recuperação da lavoura e o tabaco se recupera surpreendentemente. Há 20 anos atuando no cultivo de tabaco na propriedade, ele não recorda de uma safra que foi prejudicada com o granizo dessa forma. “Com certeza foi uma das maiores. Até então, a gente sempre escapava. Mas teve pé que perdi 14 folhas, tinha tabaco em dois estágios, um deles faltava uns 12 dias para iniciar a colheita”, conta Weber, que costuma plantar o tabaco em julho.
Após acionar o seguro mutualista, o produtor recebeu um apoio técnico da empresa Philip Morris Brasil e decidiu continuar e recuperar o tabaco. “Eu literalmente abracei a lavoura. Comecei com uma limpeza por baixo, uma reposição de nutrientes, dei novamente força para os pés de tabaco e iniciamos uma recuperação”, explica o agricultor.
8 a 14 folhas
foi a média de folhas perdidas por pé de tabaco, na lavoura de Erineu Weber.
Condução do broto
A reportagem visitou a lavoura de Weber na manhã desta sexta-feira, 16, e constatou o desenvolvimento das plantas. “Foi como começar de novo. Deu bastante trabalho. Se você olhar por cima não vê nada. O tabaco está bonito”, salienta o fumicultor.
O diferencial, segundo a equipe técnica que auxiliou Weber, foi a tomada de decisão imediata e a condução de novos brotos. Como Weber ainda não tinha aplicado o antibrotante, efetuou um corte na planta, algo em torno de 15 centímetros do solo, e conduziu novos brotos na planta. “Você corta e tem um novo brote na planta.”
“Tive muito prejuízo, mas precisa ter força de vontade. Meu tabaco atrasou em, no mínimo, 20 dias. Nessa época já teria secado 30 estufas, até agora só sequei três”, comenta Weber ao ressaltar que nos 170 mil pés de tabaco, o prejuízo foi de 1,7 milhão folhas.
Na época da incidência do granizo, em setembro, cerca de 90% das folhas quebraram. Weber elenca que só conseguiu recuperar a safra pois não tinha aplicado o antibrotante, o solo estava forte com qualidade e a variedade da semente é diferenciada, pois ela permite mais folhas. “O pé tinha potencial para mais folhas sem contar na força de vontade, pois o serviço mais que dobrou”, reforça.
Investimento
O serviço para recuperar a lavoura é classificado pelos técnicos como minucioso. Weber teve que investir mais na readubação e na contratação de mais mão de obra. Ele conta que, geralmente, no dia 20 de novembro estaria colhendo a apanha final, mas nesse ano o atraso está preocupando devido à previsão de estiagem.
780
é o número de produtores que foram atingidos com o granizo no dia 6 de setembro em Venâncio Aires, conforme a Afubra.
Seguro
O prazo final para inscrição de lavouras de tabaco no Sistema Mutualista da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) se encerra dia 31 de outubro. A entidade alerta aos produtores que queiram se inscrever ou fazer algum ajuste no seu seguro podem procurar a sede da Afubra até esta data.
“Tive prejuízos, uma quebra grande. Mas o tabaco que menos pesa foi perdido. Com orientação técnica, força de vontade e condução dos brotos consegui recuperar a safra. Como atrasou a colheita, espero que a estiagem não atrapalhe.”
ERINEU WEBER
Produtor de tabaco
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