No início da semana, a moradora de Centro Linha Brasil levou um susto ao receber no celular, uma notificação do valor da conta de energia elétrica do mês. O aumento de mais de 100% preocupou Elisandra Carla Schoeninger, 30 anos. Ela, o companheiro Valmor Müller, e dois filhos vivem em uma residência de cerca de 50 metros quadrados e ficaram se questionando pela alta do valor, e pensando em formas de quitar a divida, afinal, o valor veio de R$ 964,04. “A gente não tem como pagar. Isso representa quase todo nosso salário”, frisa a dona de casa.
A situação tirou o sono da família, e na segunda-feira, 2, eles foram até o escritório da RGE em Venâncio Aires, que fica na rua Conde D’Eu. “Como a gente não recebe conta de luz queria saber como gastamos tanto, pois não temos ar condicionado, aquecedor, e nada de eletrodoméstico novo que adquirimos. O valor é inexplicável”, acrescenta.
A moradora do 5º distrito frisa que no interior o consumidor é responsável por duas leituras que são informadas no aplicativo e a terceira fica por conta da empresa. “A gente pagava em média R$ 180, dai do nada foi para mais de R$ 400. Um conhecido nos falou que tínhamos que informar nosso consumo pelo aplicativo. Eu nem sabia. Mas mesmo assim ficou vindo entre R$ 300 e R$ 400”, comenta Elisandra.
Na segunda-feira, quando foram até o escritório da RGE, Elisandra conta que foi informada que poderia ter ocorrido um erro. “A gente fez a leitura e mandou a foto, eles alegaram que copiaram um número errado, mas a foto está extremamente legível. Me falaram que ia mandar uma nova conta, com o valor corrigido, em três dias, mas até agora nada.” Elisandra garante “Esse valor eu não pago, eu não usei. Não é justo”, lamenta. Assim como Elisandra, a reportagem constatou reclamações de outros moradores da região.
Conta digital
Elisandra mora ao lado dos pais, Edenor e Celaine Schoeninger. “Para o pai foi uma dificuldade usar o aplicativo. Eu ajudo. Mas não acho certo a gente não ganhar a conta de energia no papel, sendo que nem fomos informados desse não envio. A gente sempre pegava no comércio da comunidade. Agora a gente nem sabe quanto gastou”, salienta.
A dona de casa enfatiza que o acesso ao telefone não é algo simples. “Eu moro do lado, ajudo meus pais, mas e quanta gente não tem nem internet, telefone, ou sinal na localidade. Quanta gente não sabe usar essas coisas. Acho que não pode ser padronizado”, comenta.
O que diz a RGE
A reportagem entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da RGE que informou que devido ao cenário atual da pandemia COVID-19 e seguindo a Resolução Normativa da ANEEL N° 936, o Grupo CPFL vem promovendo a migração dos clientes para receberem a fatura por meio digital. “Esta ação foi planejada para reduzir a exposição de nossos clientes e colaboradores no contexto do vírus da Covid-19. A CPFL realizou um estudo para avaliar o potencial de cada cliente em relação à migração para fatura digital”, informou em nota.
Além disso, a assessoria de imprensa informou que: “A migração ocorreu baseada nessa análise e todos os clientes estão sendo comunicados pela empresa previamente. Além disso, temos clientes que também optam pelo serviço espontaneamente. Os clientes possuem a opção de solicitar a conta em papel a qualquer momento, pelo site www.rge-rs.com.br/cancelar ou pelo WhatsApp (51) 99955.0002.”
Ao serem questionados sobre o caso de Elisandra e de outros moradores que relataram o aumento na conta de energia a assessoria de imprensa informou apenas dicas de economia de energia e para evitar o desperdício.
Bandeira vermelha
A Assessoria de Imprensa também informou a reportagem sobre o reajuste na bandeira tarifária vermelha patamar 2 para as contas de julho. A cobrança passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 Kwh consumidos, uma alta de 52% nesse valor adicional da bandeira. “A RGE reforça que segue as bandeiras tarifárias gerenciadas pela ANEEL e todos os consumidores cativos das distribuidoras do país são faturados por esse sistema, com exceção daqueles localizados em sistemas isolados. Na prática, a estimativa é que a conta final de um consumidor residencial da RGE aumente em torno de 5% a partir de julho.”