
A safra de tabaco 2020/2021 se encaminha para o fim. Alguns produtores de Venâncio Aires ainda trabalham com as folhas secas no galpão, na expectativa de entregar as arrobas finais dentro do prazo que a indústria estabelece, que neste ano, deve ir até meados de julho. Na região Sul, segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), 23% da produção de tabaco ainda precisa ser comercializada. Já na Capital Nacional do Chimarrão, o percentual de tabaco a ser comercializado é de cerca de 13%.
O produtor de Linha Hansel, Délcio Inácio Kist, 48 anos, preparou aproximadamente 250 arrobas nesta semana. “É o resto. A gente sempre ia preparando aos poucos e vendendo”, cita. A quantia representa cerca de 30% do total que colheu nesta safra. Kist planta 62 mil pés de tabaco e ficou animado com a repercussão de que o preço pago pelas indústrias estaria bom para o agricultor. “A gente ficou sabendo que a compra está na melhor fase e, com o preço bom, vamos vender tudo. Não adianta esperar até o fim, quando vê até lá o preço cai de novo”, alerta.
O produtor de tabaco acredita que o preço elevado está influenciado pela falta de produto à disposição no mercado. “Eu acompanho as notícias e parece que estão exportando muito o nosso fumo. Para nós, agricultores, essa valorização é boa, mas não adianta se atirar e plantar mais na próxima safra”, destaca. Kist pretende manter a mesma produção. “Semana que vem já faço o repique das mudas”, acrescenta.
Ao ser perguntada sobre uma valorização da indústria, a Afubra informa que houve uma quebra na safra. “Acreditamos que essa procura maior e, mesmo a tranquilidade na hora da compra, deve-se ao fato de ter havido uma quebra na safra, devido a fatores climáticos, no Zimbábue, Malawi, Moçambique e Zâmbia. Com isso, é provável que as empresas estejam procurando assegurar, no Brasil, o volume para atender suas necessidades e de seus clientes”, informou a associação, em nota.
Menos produção
As entidades representativas dos produtores (Afubra, Fetag, Farsul, Fetaesc, Faesc, Fetaep e Faep) vêm, há várias safras, alertando os fumicultores para a necessidade de adequar a oferta à demanda. “Para a safra 2021/2022, a orientação continua sendo menos é mais, ou seja, plantar menos e garantir qualidade do produto para melhores preços na hora da comercialização. Estamos concluindo, em nossas conversas com os nossos associados, a intenção de diminuição de área de plantio”, salienta a Afubra. Dessa forma, a entidade projeta, inicialmente, que poderá ter um recuo em área plantada de cerca de 13%, no Brasil.
Família Reckziegel inicia venda do tabaco plantado fora de época
Nesta semana, a família Reckziegel, de Linha 17 de junho, vendeu as primeiras duas fornadas de tabaco. Jorge Matias Reckziegel, 54 anos, a esposa Ilaine Maria Machry Reckziegel, 55, e a filha Janaína Reckziegel, 29, decidiram cultivar uma safra de tabaco fora de época. No dia 22 de maio, fizeram a colheita do baixeiro. Segundo Janaína, a experiência foi boa. “Uma parte secou mais feia, outra mais bonita. Realizamos a primeira venda nesta quarta-feira, vamos ver o resultado das próximas apanhas”, frisa.

A família cultivou 20 mil pés de tabaco nesta safra fora de época e a produção não irá representar uma quantidade maior do que a comercializada em outros anos, mas, sim, dividida em duas etapas. Dessa forma, a venda ainda ocorre dentro da cota da família com a indústria integradora, na atual safra.
