
Se a projeção do escritório municipal da Emater se confirmar, Venâncio Aires deve encerrar o ano com um aumento significativo na produção de leite destinada à venda para a indústria. Em 2022, o município havia chegado a 7,2 milhões de litros e a estatística apontava que em 2023 seriam sete milhões.
Contudo, por mais que a produção ainda esteja baixa – eram 2,6 milhões até maio – alguns fatores são apontados pela entidade assistencial como determinantes para que essa quantia aumente significativamente. Segundo o extensionista rural da Emater e engenheiro agrônomo, Diego Barden dos Santos, a melhoria das condições climáticas, as boas condições de pastagens de inverno e de verão e a maior produção de silagem de milho – muito importante para a alimentação do rebanho – são as principais motivações para esse incremento.
“Vamos voltar ao patamar de oito milhões de litros de leite após três anos consecutivos de estiagem”, destaca. Nesse sentido, a expetativa é que o crescimento, em termos de produção, na Capital do Chimarrão varie entre 10% e 15%.
Essas informações integram o levantamento realizado pelo escritório da Emater e que integrarão o Estudo Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite. Essa pesquisa abrange todo o estado e é realizada em formato bianual pela Emater. O lançamento da edição deste ano está previsto para ocorrer durante a Expointer 2023, que será promovida de 26 de agosto a 3 de setembro.
Número de produtores
Santos ainda observa que ao longo dos últimos anos houve uma redução no número de agricultores que se dedicam à atividade. Em relação a 2021, quando foi feito o último estudo, são 13 a menos. No entanto, a produtividade se mantém porque aconteceu uma maior qualificação dos produtores que se mantiveram no segmento.
De acordo com engenheiro agrônomo, os motivos que levaram à queda no número de produtores são diversos, mas os principais envolvem a reorganização das propriedades, a aposentadoria de produtores e a falta de sucessão familiar, ou seja, os filhos não têm interesse em continuar na atividade. “Não significa que esses agricultores quebraram. Mas as pessoas que decidiram permanecer trabalhando com o leite passaram a se dedicar mais às propriedades e dar mais atenção para questões de manejo e gestão”, menciona.
A realidade local em números
Conforme dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Venâncio Aires tem 4.367 estabelecimentos rurais. Levando em consideração esse dado, cada uma dessas propriedades tem, em média, 11,8 hectares.
Informações levantadas pela Emater, pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, pela Inspetoria Veterinária, pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (Comder), pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais e pelo Sindicato Rural, dão conta que os produtores rurais da Capital do Chimarrão, envolvidos com a cadeia produtiva do leite, estão divididos de duas formas: os que comercializam para a indústria e aqueles que utilizam o leite para subsistência.
Nesse último caso, o município tem 3,1 mil propriedades que se enquadram nesse formato, o que representa 71% do total de estabelecimentos rurais. Em média, cada local tem uma vaca, o que garante uma produção total, nesse caso, de 3.394 de litros por ano.
Já em escala comercial, Venâncio tem 91 produtores envolvidos, que estão bem distribuídos pelo município, com um total de 1.287 vacas em lactação. A média da área das propriedades comerciais é 15,5 hectares cada uma. Do total produtores rurais envolvidos com a atividade, 90 se enquadram na agricultura familiar.
- 4.648 – É o número total de vacas em Venâncio Aires destinadas à produção de leite, tanto para subsistência familiar quanto comercialização. A predominância são das raças Holandesa e Jersey.
- A produção de leite do município em escala industrial é comercializada para sete empresas: Dália Alimentos, Cooperativa Languiru, Lactalis, Latvida, Baky Alimentos e as duas cooperativas locais, a Agroleite e a Vita Sã.
Preço
- Segundo o extensionista rural da Emater, Diego Barden dos Santos, ainda não é possível afirmar quanto a produção leiteira vai representar financeiramente para a Capital do Chimarrão. Ele argumenta que o total somente poderá ser possível mensurar no fim do ano, em razão da oscilação no valor pago pelo litro ao produtor rural.
- Para se ter uma ideia de janeiro a maio o preço médio ofertado pela indústria ao agricultor era de R$ 2,64. A partir de agora, já se observa uma queda nesse valor, que pode chegar a, em média, R$ 2,35.
“O cenário é positivo. O leite se consolidou como mais uma cadeia produtiva em Venâncio, que compõe a diversificação da produção agropecuária municipal.”
DIEGO BARDEN DOS SANTOS
Engenheiro agrícola e extensionista rural da Emater
