Venâncio é líder regional no número de agroindústrias familiares

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Aipim descascado, melado, leite, queijo, embutidos, mel, bolachas, panificados, conservas, nozes, peixes e massas. É uma lista relativamente extensa e que ajuda a explicar, também, a quantidade de agroindústrias familiares existentes em Venâncio Aires.

São atuais 25 empreendimentos em atividade (mais duas em processo de abertura) o que leva o município a liderar a Regional da Emater com sede em Soledade. Isso significa que da faixa do Vale do Rio Pardo ao Centro-Serra, abrangendo mais de 50 cidades, Venâncio é a que mais tem agroindústrias tocadas por famílias. “Gramado, Caxias do Sul e Vera Cruz têm muitas agroindústrias, mas com certeza Venâncio está entre os cinco maiores do estado”, destacou o chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin.

O setor tem sido alternativa tanto para quem sempre viveu da agricultura e busca a diversificação, quanto para quem resolver ‘voltar’, depois de anos trabalhando em outros segmentos. É o caso de Vanessa Raquel Henz, 35 anos, moradora de Linha Travessa. Junto com o marido, Elton Ferreira, 36 anos, e a sogra, Helena dos Passos Ferreira, 60, o trio mantém a FH Alimentos desde 2018, com a produção de aipim descascado.

Durante 10 anos, Vanessa trabalhou como vendedora de loja e, nas férias, ajudava a família a vender diretamente para vizinhos, por exemplo. Com o tempo, a produção de aipim (ainda com casca), era oferecida em Porto Alegre, mas parte das caixas voltava. “Quando não se tem uma clientela fixa, é mais difícil vender, então muita coisa voltava. Para não estragar, começamos a descascar e a vender assim. Aí percebemos que para isso também tem muito mercado”, conta Vanessa.

Com isso, eles decidiram apostar e investir ‘para valer’ no negócio. Um galpão onde o trabalho era improvisado veio abaixo e deu lugar a um prédio de 150 metros quadrados. Ele tem garagem para o caminhão, área para recebimento do trator que puxa o carretão carregado diretamente da lavoura, uma câmara fria de 12 metros quadrados, salas para descasque, embalamento e um escritório.

Para montar a estrutura, foi necessário um financiamento de R$ 50 mil, mais o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Rural para a terraplenagem e a orientação técnica da Emater, cuja assessoria que segue até hoje.

Produção

Atualmente, os Ferreira/Henz (por isso FH) têm apenas aipim plantado na propriedade de cinco hectares. Como o plantio vai de agosto a outubro e a colheita entre janeiro e agosto, o alimento ocupa a terra da família praticamente o ano todo.

Para colher, contam com a ajuda de diaristas, mas, para o descasque, são apenas quatro mãos. Vanessa e a sogra, Helena, trabalham sozinhas. Ainda assim, mantêm uma média de 25 caixas por dia – nada menos que 375 quilos.

Depois de congelado, o aipim é embalado e vendido para supermercados e restaurantes, além de uma pequena parte oferecida diretamente ao consumidor. Isso cabe ao Elton, que sempre trabalhou como motorista e, com a efetivação da agroindústria, é o responsável pelas entregas.

R$ 1,876 milhão – foi o total em vendas das agroindústrias de Venâncio Aires em 2020.

Funcionamento

Segundo Vicente Fin, para ser agroindústria familiar, não basta estar inscrito no Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf). É preciso acessar o selo Sabor Gaúcho e, para isso, é preciso ter prédio específico, mais de 70% da matéria-prima produzida na propriedade, declaração do Pronaf, inscrição da cultura no Cadastro Atividade Econômica (CAE) e ter o alvará ou registro sanitário.

Ainda conforme Fin, a Emater de Venâncio tem realizado, atualmente, o recadastramento das agroindústrias cadastradas antes de 2015. O processo segue até novembro.

Programas de incentivo e a oportunidade de investir

Recentemente, Vanessa Raquel Henz foi uma das contempladas para contar com auxílio financeiro da Prefeitura, com recursos destinados exclusivamente para agroindústria de origem vegetal. Embora ainda não saiba o valor que poderá acessar, a família deve usar o dinheiro para empreender novamente. Nesse caso, estuda a possibilidade de investir em maquinário para descascar moranga. “Tem muito agricultor que cultiva ela junto com aipim, então produto tem. Vamos analisar e, quem sabe, trabalhar com a moranga também”, revelou Vanessa.

Além dela, outras nove agroindústrias serão beneficiadas (veja box) com partes iguais dentro de um total de R$ 30 mil. Segundo o técnico rural da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Venâncio, Vitor Kroth, o recurso foi garantido com uma emenda impositiva da Câmara de Vereadores.

Somado a isso, outros 15 agricultores foram contemplados com R$ 400 mil do Programa Rotativo de Desenvolvimento Agropecuário (Promagro), com taxa de 2,5% de juro ao ano. “Esse financiamento direto com a Prefeitura o agricultor usa conforme a necessidade. Já teve quem comprou silo/secador, estufas de plástico para hortaliças e até carroças ou tratores usados, por exemplo”, explica Kroth.

Ainda conforme ele, os contratos do Promagro e das agroindústrias devem ser assinados nos próximos dias.

Contemplados das agroindústrias

  • Ana Maria Guimarães – Linha Picada Mariante
  • Clecio Luiz Weber – Vila Santa Emília
  • Flávio Antonio Mallmann – Vila Palanque
  • Inácio Roberto Guterres – Linha Bela Vista
  • Leane Adeli Horn – Linha Cecília
  • Ledi Teresinha da Silva Maggioni – Linha Arroio Grande
  • Lisiane Ines Becker – Linha Maria Madalena
  • Marilene Coutinho Mees – Vila Palanque
  • Silvia Alexandra dos Santos – Linha Herval
  • Vanessa Raquel Henz – Linha Travessa

Contemplados do Promagro

  • Silvio Willibaldo Stertz – Linha Grão-Pará
  • Lauro José Rüdiger – Linha Travessa
  • Fabiane Cristine Tornquist Staub – Linha Tangerinas
  • Marcio André Tornquist – Linha Tangerinas
  • Eduardo Sausen – Vila Palanque
  • Darlene Maria Porto Nunes – Linha Cerro dos Bois
  • Cleomar Rodrigues de Oliveira – Linha Tangerinas
  • Lauri José Schwendler – Linha Arroio Grande
  • Ana Maria Guimarães – Linha Picada Mariante
  • Gerson Adriano König – Linha Marechal Floriano
  • Gilmar Ferreira – Linha Tangerinas
  • José João da Silva – Linha Cerro dos Bois
  • Nilson Nelsor Kramer – Linha Cachoeira Baixa
  • Lauri Roesch – Vila Teresinha
  • Cibele da Rosa Treib – Vila Estância Nova


Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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