Victor, um apreciador de jornais impressos

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Leitor há cerca de quatro anos, Victor Matheus Coutinho, 10 anos, não esconde o quanto gosta do jornal impresso. Em caixas, organizadas cuidadosamente com a ajuda dos pais, Sirlei e Elton Coutinho, e do irmão mais velho, Eduardo Coutinho, estão guardados exemplares comprados por eles e outros que ganhou de familiares. Morador de Linha Herval, o estudante da Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Miguel Macedo de Campos estima que já leu cerca de cem jornais. “Eu gosto de ler de tudo, mas prefiro o jornal”, observa.

A mãe conta que o gosto pela leitura e a escrita existe na vida de Victor desde o início da infância. “Quando ele ainda não sabia ler, pedia para que a gente contasse as histórias. Às vezes, precisávamos ler mais de uma vez o mesmo livro porque ele pedia para repetir. Ele sempre gostou de ler e escrever”, compartilha.

Como forma de estimular o menino, a família, que mora no interior de Venâncio Aires, sempre que se desloca para o Centro do município compra exemplares de jornais. Além disso, familiares de outras cidades costumam presenteá-lo com edições, quando o visitam. Segundo Victor, mesmo antes de aprender a ler, a vontade de ter contato com os jornais impressos já existia. “Eu via as figuras e tentava imaginar o que estava escrito”, recorda.

Foi justamente por saber disso que a tia Solange Schwingel e o primo Murilo Friedrich o presentearam com uma assinatura da Folha do Mate, na última semana. A empresária, que é moradora de Estrela, destaca que o que motivou ela e o filho a fazerem isso foi o fato de o sobrinho sempre ter demonstrado muito interesse pela leitura de jornais. “Ele é muito esperto e tem muito conhecimento. Está sempre por dentro de todos os assuntos.”, comenta, ao reforçar que essa foi a forma que encontrou para estimulá-lo a seguir dedicado à leitura.

REPÓRTER DA FAMÍLIA

Na família, Victor é conhecido por ser um menino curioso, ativo e que sempre faz perguntas e pesquisa tudo. São esses os motivos que fizeram com que ele assumisse a função de ‘repórter’ dos familiares. Para tornar o ‘cargo’ ainda mais sério, aliando criatividade e a vontade de colocar em prática o que já aprendeu sobre o jornalismo, profissão que ele tem interesse de seguir no futuro, em dezembro do ano passado, o menino criou um grupo no WhatsApp chamado Grupo Riograndense de Comunicação.

No local, formado por integrantes da família, ele envia resumos de notícias que leu e ainda materiais que ele mesmo produz. Quando chove, por exemplo, Victor faz fotos e envia com as informações sobre o que está acontecendo. Preocupado com o fato de os familiares não morarem em Venâncio, ele também procura sempre notícias regionais, estaduais e nacionais para enviar. Além disso, em alguns casos grava áudios e realiza videochamadas.

Para deixar o seu ‘jornal digital’ ainda mais profissional ele criou patrocínios e uma coluna, para divulgar os fatos históricos e os santos de cada dia, pesquisados por ele em um almanaque e um livro. O projeto, que se tornou digital no ano passado, já havia começado antes, quando o menino recortava notícias dos jornais, colava em uma folha e pedia para o irmão fazer cópias. Algumas ele arquivava. Outras distribuía para familiares.

Victor com os pais e o irmão mais velho, seus incentivadores nas leituras, na escrita e na organização dos exemplares de jornais (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

HORÁRIO PARA LEITURA

Enquanto está de férias, a primeira atividade diária do Victor é ler o jornal. Inicialmente, ele folheia a edição inteira, para depois dar início a leitura. Já quando as aulas começarem, ele planeja realizar essa tarefa assim que chegar da escola. Questionado sobre o que mais gosta de ler, Victor diz que não tem preferência, gosta de tudo. Mas confessa que uma das primeiras coisas que olha são os indicadores econômicos, para saber o valor do dólar e do euro, e o mercado agrícola. O que está na ponta da língua também é o valor atual do salário mínimo.

Com muita certeza, o menino afirma que apesar de gostar de rádio e TV, sua paixão é ler jornais e escrever. “Escrevo todos os dias. Até sábado e domingo”, destaca. “As canetas nunca chegam”, observa a mãe, em meio a risadas. Há alguns anos Victor também dizia que queria ser ‘doutor das plantas’. O desejo está relacionado ao fato de ele gostar de plantar e mexer na terra. Atividade que ainda faz parte da sua rotina.

Victor guarda o primeiro livro que ganhou de presente depois de ter aprendido a ler (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

IMPRESSÕES DA REPÓRTER 

Acompanhada do meu colega repórter, Edemar Etges, fui até a casa do Victor, em Linha Herval, na manhã da segunda-feira. Recepcionada por ele, os pais e o irmão, logo fui fazendo algumas perguntas. Entretanto, enquanto eu conversa com eles e anotava as informações em um bloco de papel, percebia o olhar curioso do Victor. Em muitos momentos ele esticava o olho para ver o que eu estava escrevendo. Isso me chamou atenção e decidi explicar para ele o porque eu escrevia tanto. Disse que aquelas anotações seriam usadas na hora de redigir o texto sobre a história dele, o qual tenho certeza que ele está ansioso para ler. Contar a história desse jovem leitor nos enche de orgulho e gratidão.



Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

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