Na faixa do ‘barro vermelho’ de Venâncio Aires, boa parte corresponde à Vila Palanque, localidade que carrega na sua história a tradição do cultivo da erva-mate. Os pés de erva estão na maior parte das propriedades, seja como atividade principal ou cultivada de forma consorciada em meio a outras culturas, como o tabaco.
No Palanque, a erva-mate é trabalhada do ‘início ao fim’ – desde as mudas até o beneficiamento. É lá que está o Viveiro Florestal Konzen, de Cleomar Konzen. O produtor conta que a ideia surgiu há mais de 10 anos, quando o poder público e a Emater já trabalhavam a importância do replantio de ervais. “Como eu já cultivava mudas de eucalipto, veio a proposta de fazer da erva-mate também, usando a mesmo ‘tecnologia’, ou seja, sementes selecionadas e um substrato especial”, explica.
Hoje, o local produz cerca de 150 mil mudas por ano, que vão para vários municípios, mas principalmente na região do entorno de Vila Palanque. Cleomar Konzen, que vem de uma família produtora de erva-mate, também tem um zelo especial pela organização da atividade de uma forma geral. É o atual presidente da Associação dos Produtores de Erva-mate do Polo Ervateiro dos Vales (Aspemva) e, desde 2022, é vice-presidente do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate).
Para Konzen, que defende o constante incentivo e profissionalização da atividade, a importância da erva-mate está no que proporciona junto às pequenas propriedades. “A erva é de fácil condução, baixo risco e investimento baixo. Ela não só agrega, mas muitas vezes garante a renda do pequeno produtor, fazendo com que ele permaneça no meio rural.”

Tradição de família
Além da erva-mate, quando se pensa nas ‘tradições’ de Vila Palanque, a história leva à relação com a família Scherer. Atualmente, Leonardo Luís Scherer, 34 anos, é o proprietário da Mate.com, mas que todos conhecem como a ‘ervateira Scherer’. Leonardo é neto de Arlindo, que era irmão do ex-prefeito Alfredo Scherer, os quais começaram com o negócio há muitas décadas.
No local, ocorre a compra direta da erva verde do produtor e é feita a secagem. São cerca de 1,3 milhão de quilos comprados por ano, de Vila Palanque e localidades próximas. Segundo Leonardo Scherer, a maior parte da produção vai para o Mato Grosso do Sul, destinado ao tereré, e uma pequena parcela para Santa Catarina, onde então é exportado para o Uruguai.
“Nos últimos anos, percebemos que muitas ervais foram arrancados e agora está tendo um movimento grande de replantio. Está se retomando a valorização da erva-mate, que é importante para a localidade e para todo o município de Venâncio”, avalia o empresário, que espera seguir com o negócio por muitos anos, seguindo os passos do pai, Celson, falecido em 2020.