Um hábito simples, mas com um impacto significativo para o meio ambiente é substituir as tradicionais sacolinhas plásticas por sacolas retornáveis na hora das compras. Para a agricultora aposentada Marcia Inês Weschenfelder Dessbesel, 55 anos, esse já é um hábito há cerca de duas décadas.
“É algo que busco passar para meus filhos e agora também para os netos”, diz ela, que é casada com Volnei Dessbesel, 56 anos, e mãe de Rosana e Rafael, de 30 e 23 anos, respectivamente. Os netos do casal, Sofia, 8, Miguel, 2, e Vicente, de sete meses, são um incentivo a mais para que a família siga com as ações pelo bem do meio ambiente. “Penso muito no futuro dos meus netos. Se não começarmos agora, como será o mundo deles?”, reflete.
Antes de sair de casa, quando prepara a lista do supermercado, a moradora do bairro Bela Vista já separa as ‘ecobags’ – bolsas ecológicas – que comprou e ganhou em mercados de Venâncio Aires. As sacolas feitas de um material reforçado acomodam diversos produtos. “Busco sempre ter uma ou duas dentro do carro, caso esqueça na hora de sair”, afirma.
Ao comprar frutas, verduras e legumes, Marcia também tenta utilizar o mínimo possível de saquinhos plásticos. “Só uso mesmo para batatinha e cebola, que são quantidades maiores e não tem como levar solto”, compartilha. Ela considera que, em muitos produtos, há o uso excessivo de embalagens, que acabam indo para o lixo ou acabam no meio ambiente. Como exemplo cita um pacote de frango, que é colocado em mais um saquinho e depois na sacola plástica.
“É muito plástico espalhado pela cidade. Muitas pessoas jogam no chão”, observa. A agricultora também chama a atenção para o lixo deixado em locais turísticos, como as praias. A estratégia dela é carregar uma sacolinha dentro da bolsa para recolher embalagens de itens consumidos pela família. “Todas as pessoas poderiam fazer isso”, incentiva.
Incentivo que vem do supermercado
Marcia Dessbesel é uma das clientes ‘exemplo’ do Supermercado Haas, do bairro Gressler. Há pouco mais de um ano, o Haas lançou sacolas retornáveis próprias, vendidas ao preço simbólico de R$ 4,99, como um estímulo do uso de ecobags feitas de TNT. De lá para cá, já foram comercializadas em torno de 1,5 mil unidades e uma nova leva está sendo providenciada.
Como forma de incentivar a prática mais sustentável entre os consumidores, são realizados sorteios mensais de R$ 150 entre os que utilizam sacolas retornáveis. “Não precisa ser apenas a nossa. Todos que trouxerem uma sacola de casa, seja de outro mercado ou até mesmo uma sacolinha plástica, participam do sorteio”, explica a sócia-proprietária do mercado, Bianca Rafaela Haas. “Temos muitos clientes conscientes e que têm esse hábito pelo bem do meio ambiente”, salienta.
Ela destaca que, inicialmente, houve uma adesão significativa, mas, com o passar do tempo, muitos deixaram de utilizar a ecobag. Em breve, como novo estímulo, deve haver mudanças na forma de sorteio, com vale-compras semanais de R$ 50.
Para Bianca, ainda falta muita conscientização da população sobre a necessidade de reduzir o plástico. Ela cita que em muitos locais é proibido o uso de sacolas, canudos e copos plásticos descartáveis, e também há estabelecimentos que cobram as embalagens para as compras. “Nos últimos anos, notamos o aumento do uso das sacolas plásticas e é um gasto que não tem retorno”, observa. Por mês, são cerca de R$ 15 mil para compra de sacolas e embalagens plásticas para açougue, fruteira e padaria.
Folha Retornável
Desde outubro de 2021, a Folha do Mate realiza a campanha ‘Folha Retornável’, por meio da qual leitores do jornal ganham uma sacola retornável e mais R$ 20 de desconto na renovação de assinatura, mediante a entrega de dez quilos de jornal. Até agora, já foram 303 ecobags distribuídas.