Por Cassiane Rodrigues e Eduarda Wenzel
A referência de emprego, qualificação e de quem é a Margarete Severo Sarmento, 55 anos, está ligada ao Hospital São Sebastião Mártir. Afinal, ela atua há 35 anos na casa de saúde – único emprego de sua vida.
Quando a coordenadora do Serviço de Prontuário do Paciente começou no hospital, o ambiente era menor e tinha sistemas diferentes de trabalho. “Tudo era feito à mão, não havia o prédio onde é a emergência nem UTI”, conta.
Margarete chega todos os dias cedinho e faz relatórios sobre todos serviços do hospital: internações, altas, alimentação, lavanderia e tudo que é utilizado, para que, no fim do mês, seja gerado o balanço geral. “Tudo passa por aqui, são muitas planilhas na minha mesa.”
Além disso, ela é responsável por encaminhar documentos para as pessoas se aposentarem, terem provas em acidentes e usar para algo judiciário. “Aqui, recebemos estudantes para pesquisas e eu sempre acompanho para garantir a privacidade dos nomes dos prontuários”, explica Margarete.
“Às vezes, as pessoas pensam que o hospital é só o médico e o enfermeiro, mas não, cada pessoa aqui é importante para dar tudo certo. Tem todo trabalho de limpeza, lavanderia, controle, administração, recepção e outros setores. Somos um grupo, um depende do outro para o trabalho ter sucesso”, considera.
Aumento e diversificação de especialidades médicas
Desde 1998, o médico especialista em coloproctologia Paulo Coitinho Abrahão trabalha no HSSM e acompanha o crescimento da casa de saúde. Ele destaca a evolução em infraestrutura com reformas em diferentes setores, hotelaria e corpo clínico. “O número de profissionais no corpo clínico aumentou muito, com diversas especialidades. Isso favoreceu a qualidade do atendimento”, afirma. Hoje, o corpo clínico do HSSM é formado por cerca de 110 médicos.
Abrahão também salienta a criação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) como uma grande conquista, pois anteriormente os pacientes que necessitavam de atendimento eram transferidos para hospitais da região ou para Porto Alegre. “Nós tínhamos um Centro de Tratamento Intensivo (CTI) com quatro leitos e o atendimento de uma enfermeira 24 horas, assistido pelo médico do paciente. Se a situação se agravava, era necessário transferir”, recorda.
O médico também ocupa a função de diretor clínico do HSSM há dois anos. Ele foi escolhido pelos membros do corpo clínico como representante dos médicos dentro da instituição. “O hospital tem muito a prosperar ainda. Muitos projetos que tínhamos para esse ano precisaram ser adiados por conta da pandemia”, observa.
Mudança de área de atuação e realização pessoal
A mudança na trajetória profissional foi radical. Depois de anos de dedicação à área de confeitaria, Marisa Arenhardt, 50 anos, viu no hospital uma oportunidade de mudança e realização pessoal e, hoje, mesmo aposentada, quer continuar na ativa. Marisa é funcionária do HSSM há 14 anos e atua na função de governanta da hotelaria. Ela é responsável pelo controle e distribuição das roupas de cama limpas liberadas pela lavanderia, além da solicitação e encaminhamento de uniformes novos para os profissionais. “Eu gosto muito do que faço, do contato com as pessoas”, diz.
Marisa também faz visitas aos quartos para ouvir avaliações dos pacientes sobre a estrutura, se está faltando algo. “Eu vejo se o paciente e o familiar têm o conforto que precisam”, explica. Porém, para evitar a circulação de mais pessoas nos quartos, no período de pandemia, Marisa não está realizando as visitas.
Também é atribuição da governanta checar os leitos após a higienização e limpeza para ver se estão aptos para abrigarem outros pacientes. Marisa também faz controle da produção do enxoval novo ou inutilização de peças já deterioradas. “É muito gratificante trabalhar em benefício do próximo”, considera.
“Gosto de estar aqui e faço com amor”
Há 19 anos, todos os dias, com cautela, Maria Inês Simon, 59 anos, pega as fichas de medicamentos e separa por horário, bloco e paciente. Um trabalho que precisa de atenção, pois muitas pessoas dependem dos atendentes de farmácia do hospital.
A auxiliar de farmácia lembra que, quando foi selecionada para trabalhar no hospital, o sistema era diferente, com menos demanda e mais serviço manual. “Com o uso de sistema digital, passamos por uma grande mudança, que foi complicada. demoramos para cadastrar cada medicamento e nos acostumarmos com esse novo método. Agora, percebo que isso facilita muito o trabalho”, observa Maria.
Outro momento marcante para a farmácia foi a chegada da UTI, pois aumentou o consumo e a diversidade de produtos. “Vieram novos medicamentos, mais pedidos e mais um setor para atender. Mas todo aprendizado é bom, pois sempre penso que é para ajudar outra pessoa.”
A funcionária ainda relata que a equipe do hospital é unida, por isso, sente que tem uma segunda família no trabalho. “Eu gosto de estar aqui, gosto do que eu faço e faço com amor”, conclui.