“A vacina é a grande luz no fim do túnel”, afirma infectologista de Venâncio

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Desde que a pandemia de coronavírus começou a fazer vítimas, levou ao fechamento de empresas e à paralisação das aulas presenciais no Brasil, no ano passado, a chegada da vacina passou a ser vista como única possibilidade de restabelecer a normalidade.

Nesta semana, com anúncio do Governo Federal, a realização desse sonho ganhou data para começar: 20 de janeiro. A quarta-feira da próxima semana deve marcar o início da campanha de vacinação em todo país, que, nesta primeira etapa, deve contar com oito milhões de doses da vacina. O início da vacinação também depende da aprovação pela Anvisa, o que está previsto para ocorrer neste domingo, 17.

Para a médica infectologista Sandra Knudsen, a chegada da vacina representa a esperança. “Para mim, como médica que atua há quase um ano contra esse vírus, a vacina é a grande luz no fim do túnel. Acredito que só vamos sair dessa situação com a vacina, ou vamos pagar muito caro, vai demorar muito tempo.”

Sandra explica que só é possível sair da situação de epidemia quando a grande maioria das pessoas desenvolver imunidade ao vírus, o que ocorre de duas formas: pela vacina (induzindo a imunidade) ou desenvolvendo a imunidade natural, ao contrair o vírus. “Se não for pela vacina, nesse caminho de espera vamos perder muitas pessoas, que são aquelas que têm a doença na forma grave e evoluem para o óbito”, argumenta.

Apesar do receio de muitas pessoas em se vacinar – em especial com relação à vacina CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan -, a médica infectologista garante que as vacinas liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) têm sua segurança e eficácia atestadas. “Se a Anvisa liberar, eu confio que a vacina é segura, seja ela de que país vier. Existem diferenças de eficácia entre as vacinas, mas, no momento, a melhor vacina é a que a Anvisa disser ‘façam’ e a gente tiver acesso a ela.”

Médica infectologista Sandra Knudsen fala sobre a importância da vacinação (Foto: Taiane Kussler/Folha do Mate)

Sandra também esclarece que “as vacinas contra o coronavírus não são novas” – são vacinas que já estavam em desenvolvimento para outros vírus, inclusive para coronavírus. “O que os cientistas fizeram com toda a rapidez é usar todo esse conhecimento para desenvolver uma vacina específica. Não se partiu do zero”, ressalta.

Para ela, as fake news (notícias falsas) disseminadas pelas redes sociais e a onda antivacina podem prejudicar os índices de vacinação. “Infelizmente, temos, como nunca se viu antes na história da ciência e da medicina, muita informação incorreta sendo transmitida pelas redes sociais. Muitas pessoas divulgam, sem pudor, opiniões e informações falsas, e estão prejudicando muito todo esse conhecimento sério que se tem adquirido, de profissionais sérios que estão tentando ajudar a humanidade”, lamenta a médica. “Isso pode prejudicar muito a adesão às vacinas e o controle da epidemia no mundo inteiro.”

“O que eu posso dizer para as pessoas que têm medo de se vacinar, têm dúvidas sobre segurança e eficácia, é que as vacinas fazem parte da terapêutica humana há muitos anos e já se provaram uma das melhores e maiores invenções que o homem já conseguiu atingir. Elas já controlaram e erradicaram inúmeras doenças. Com o coronavírus não é diferente. Estamos em uma epidemia, perdendo muitas pessoas, com várias situações de ter que parar de trabalhar, a economia sendo prejudicada. Só a vacina pode mudar isso.”

SANDRA KNUDSEN – Médica infectologista

“Se vacinar é uma decisão individual, mas com repercussões comunitárias”

Apesar de a vacina não ser obrigatória no Brasil, profissionais da saúde têm reforçado o pedido para que a população se vacine. A médica infectologista Sandra Knudsen explica que, ao não se vacinar, a pessoa não estará só colocando em risco a si mesma, mas irá prejudicar e colocar em risco as pessoas mais próximas a ela também, porque pode ser uma fonte de coronavírus.

“Vai colocar em risco as pessoas que convivem com ela, que geralmente são as pessoas que a gente mais ama. Temos que entender isso. Essa decisão é individual, mas tem repercussões comunitárias, que se estendem muito além do indivíduo. Quando me vacino, também protejo pessoas próximas a mim e colaboro para controlar essa epidemia no mundo.”



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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