Além da superlotação, possibilidade de falta de medicamentos e oxigênio no hospital

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Não é somente a superlotação, gerada por pacientes infectados pelo coronavírus, que está tirando o sono da direção e funcionários do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Além da triste realidade de elevação do número de casos, internações e óbitos em decorrência da doença, a casa de saúde de Venâncio Aires enfrenta outros problemas e, o que mais preocupa atualmente, é a possibilidade de falta de medicamentos que são utilizados no momento da intubação de pacientes com quadros mais graves de Covid-19.

Segundo o administrador do HSSM, Fernando Siqueira, medicamentos dos grupos dos sedativos e neurobloqueadores – como Fentanil, Atracurio, Propofol, Cisatracurio e Midazolan, por exemplo -, têm estoques em baixa e não são encontrados à disposição no mercado. “A falta de medicamentos é uma possibilidade que precisa ser levada em consideração e que agrava ainda mais a situação, pois estamos há um bom tempo com uma demanda crescente de pacientes graves e que precisam de UTI e intubação”, afirma.

Ao mesmo tempo que tenta resolver este problema, a direção divide atenção com a possibilidade de falta de oxigênio, baixas nas equipes e filas de espera por leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Com a superlotação do hospital, pacientes têm permanecido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). “Em relação ao oxigênio, estamos monitorando e acionamos a empresa que fornece quando chega em um determinado ponto. Por enquanto está sendo suficiente, mas também nos preocupa. No que se refere às equipes, é considerável o número de profissionais de enfermagem acometidos pela Covid e temos ainda médicos doentes. Já foram confirmadas algumas reinfecções, inclusive”, lamenta o administrador.

“Em relação às internações, a situação permanece a mesma de 15 dias atrás, quando atingimos o teto de pacientes nas UTIs e no setor Covid. Só que, agora, temos os agravantes dos medicamentos e do oxigênio.”
FERNANDO SIQUEIRA – Administrador do HSSM

Preços exorbitantes e compra a conta-gotas

O prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa, tem conhecimento das dificuldades enfrentadas pelo hospital e se coloca à disposição para buscar as soluções necessárias. “Vários municípios têm esta mesma realidade. A gente sabe que é um emprestando medicamentos pra outro. E, em virtude da falta de alguns itens no mercado, em algumas situações são utilizados medicamentos de segunda linha. Eles também fazem efeito, mas não são os mais adequados para o tratamento. Os remédios de primeira linha, quando aparecem, têm preços exorbitantes e a compra sai a conta-gotas”, comenta o chefe do Executivo.

Jarbas projeta um mês de abril ainda com dias muito difíceis. De acordo com ele, Venâncio Aires está atingiu o pico de infecção e os reflexos ainda serão sentidos nas próximas semanas. Além disso, continua o prefeito, o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) têm absorvido a demanda de municípios menores, como Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde, o que potencializa o problema da superlotação. Em conjunto, os prefeitos têm tomado medidas para tentar reduzir a contaminação e evitar que a rede de saúde entre em colapso por falta de condições de atendimento.

“Pelas informações que temos recebido, abril ainda vai ser bem complicado. Para o feriado de Páscoa, já estamos pensando em algumas medidas restritivas, como forma de frear a elevação descontrolada de casos e internações. Assim, vamos conseguir evitar mortes.”
JARBAS DA ROSA – Prefeito de Venâncio Aires

80º óbito

Na tarde desta sexta-feira, 19, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Venâncio Aires, que divulga as informações repassadas pelo Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e pela Vigilância Epidemiológica sobre a Covid-19, confirmou o 80º óbito em decorrência da doença desde o início da pandemia. Um mulher, de 63 anos, que estava internada na UTI da casa de saúde desde o dia 9 de março e tinha comorbidades, faleceu na quinta-feira, 18.

O boletim traz ainda a informação de que 69 novos casos de coronavírus foram confirmados: 56 por meio de teste antígeno, oito por PCR e cinco por exame sorológico. Com isso, chega a 7.102 o número de pessoas infectadas pela doença na Capital do Chimarrão. Deste total, 6.709 são considerados recuperados (94,46%). O número de pacientes em recuperação é de 254.

No HSSM são 57 pacientes internados, 27 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 30 no setor Covid. Há ainda dois venâncio-airenses internados em outros municípios. Aguardam resultados de testes que foram enviados ao Laboratório Central do Estado (Lacen), em Porto Alegre, 212 pessoas. O serviço de atendimento domiciliar monitora 12 pacientes.

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Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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