Após a Covid, o renascimento de Martinho e a chegada de Samuel

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O mês de março de 2021 era muito aguardado por Martinho Lutero Nauderer, 32 anos, a esposa Ana Paula Pereira, 27 anos, e suas famílias. A chegada do primeiro filho do casal já anunciava que o mês seria de muita emoção, descobertas e, sobretudo, alegria. De fato, foi. Porém, um fato inesperado fez com que março também fosse marcado pelo medo e pela insegurança, dias antes do nascimento do pequeno.

Os planos tinham sido feitos e o pai estaria presente em cada etapa da chegada do primogênito. O vigia noturno agendou o mês de março para as férias do trabalho para acompanhar de perto os dias que antecediam o nascimento, o momento do parto e os primeiros dias de vida da criança. Porém, tudo foi diferente.

No dia 1º de março, Nauderer fez um teste antígeno em um laboratório para diagnóstico de coronavírus, após sentir alguns sintomas comuns da doença, como febre, diarreia, dores no corpo e tosse. Assim que soube do resultado positivo, passou por consulta, na qual recebeu a medicação e foi para casa.

Como seguia com febre e passou a ter falta de ar, buscou atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Venâncio Aires no dia 3. “Minha saturação estava baixa e fiquei em observação aguardando uma vaga no hospital”, conta. O comprometimento pulmonar aumentou e ele precisou ser intubado, três dias depois. “Eu não fiquei com medo, só lembro de perguntar se ia doer. Depois disso, minha lembrança é de acordar com muita sede. Já havia passado uma semana”, relata.

Ele ficou sete dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) respirando com auxílio de ventilação mecânica. Após a melhora significativa do quadro, foi transferido para um quarto, onde pôde se comunicar com a família pelo celular.

Vida

Enquanto o pai renascia, o filho dava os sinais que era o momento de vir ao mundo. Na manhã do dia 15, Ana Paula avisou por mensagem que começou a ter contrações e ia para o hospital. Era a hora do tão aguardado bebê nascer. Não era o planejado, o pai deveria estar ao seu lado nesse momento tão importante, mas estavam separados por algumas paredes do mesmo hospital.

Ana Paula tentou o parto normal, fez medicação para indução, pois o bebê já estava na posição de nascimento, mas devido à dilatação não evoluir e ser constatado que ele já estava com os batimentos cardíacos diminuindo, uma cesárea de emergência era necessária naquele momento.

A partir daí, a comunicação se dava por alguns ‘pombos-correio’, também chamados de anjos ou profissionais de saúde que avisavam o papai: “ela está indo para o bloco cirúrgico”, “vai nascer em seguida”, “vai dar tudo certo”.

No fim da noite, a notícia mais aguardada: “Nasceu. É um menino lindo. Os dois estão bem”. Às 21h15min do dia 15 de março nasceu Samuel, com 3,290 quilos e cheio de saúde. No dia seguinte, o pai de primeira viagem recebeu a alta hospitalar. Ele foi liberado um dia antes da esposa e o filho, mas conseguiu ver rapidamente os dois antes de ir para casa. “Os enfermeiros me levaram de cadeira de rodas, porque ainda estava fraco. Foi rápido, mas consegui ver eles logo e foi muito importante naquele momento”, declara.

“O sentimento que fica é de gratidão por tudo que fizeram para que eu melhorasse. Depois de todo esse susto, O Samuel nasceu cheio de saúde para trazer ainda mais alegrias para nossa família.”
MARTINHO LUTERO NAUDERER – Vigia noturno

Samuel nasceu um dia antes da alta hospitalar do pai Martinho (Foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate)

Gratidão

Martinho Nauderer agradece muito a Deus pela segunda chance que teve, enquanto muitas pessoas em situações parecidas perderam a vida. Ele também agradece toda a equipe que o atendeu tanto na UPA quanto no HSSM. “Só tenho a agradecer aos médicos, enfermeiros, equipe de limpeza e alimentação, foram pessoas que fizeram um ótimo trabalho, com muita dedicação. São pessoas que fazem o melhor para que você se sinta bem mesmo depois de um banho com pano molhado em cima de uma cama, por exemplo”, relata.

Na semana passada, o vigia noturno voltou ao trabalho após o mês de férias, que será para sempre lembrado pelo imprevisto que causou dor e sofrimento, mas deixou aprendizados, agradecimentos e alegrias eternos.



Cassiane Rodrigues

Cassiane Rodrigues

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), atua com foco nas editorias de geral, conteúdos publicitários e cadernos especiais. Locutora da Rádio Terra FM, tem participação nos programas Terra Bom Dia, Folha 105 1° edição e Terra em Uma Hora.

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