Por Luana Schweikart e Leonardo Pereira
As comunidades de Linha Tangerinas e Vila Arlindo se reuniram na manhã desta sexta-feira, 11, em busca da solução para um problema que aflige os moradores das localidades: a falta de atendimento médico nos postos de saúde. Os moradores já estão sem médicos há mais de 40 dias. Estiveram presentes em uma mobilização comunitária, 24 moradores das duas localidades.
Janice Eichelberguer, 49 anos, é uma liderança de Linha Tangerinas. Ela afirma que este problema não é de hoje. “Em 2020 também tivemos este problema. Queremos mais organização, entendemos que os profissionais tiram férias, mas não podemos ficar sem médicos”, relata a agricultora.
A promessa da equipe de saúde de Venâncio Aires era de que em janeiro o problema fosse solucionado, porém isso não aconteceu. “Entendemos a burocracia envolvida, mas estávamos sem previsão nenhuma de voltar a ter estes profissionais.”
No momento, as comunidades de Vila Arlindo e Linha Tangerinas contam somente com atendimento de enfermeiros e dentista. “Nossa reivindicação é apenas com a falta de médicos, o restante está ótimo”, completa Janice.
À frente da comissão de moradores de Vila Arlindo está Adriane Beatriz Fries, 48 anos. Ela ressalta que a forma de atendimento de revezamento, como era antes, funcionava muito bem. “Segundas, quartas e sextas tínhamos médicos em Tangerinas, e terças e quintas em Vila Arlindo.” A agricultora afirma que o que falta são profissionais que voltem a fazer este horário.
A moradora de Linha Sapé, Ely Schmidt, 68 anos, menciona que há poucos dias precisou de atendimento médico e se deslocou até o posto de saúde do bairro Santa Tecla. “Quase não consegui, não queriam me atender porque falaram que eu deveria procurar atendimento no posto mais perto da minha casa, mas se não tem médicos, o que vou fazer?”, indagou. A aposentada frequentemente faz exames e alega que o posto de Tangerinas fica mais perto. Outros moradores afirmaram também ter que procurar atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas que a espera é muito desgastante. Ainda acabam desembolsando valores e procuram a rede particular.
Solução
Estiveram presentes no posto de saúde de Linha Tangerinas, na manhã desta sexta-feira, 11, o secretário de Saúde, Tiago Quintana; o coordenador dos postos de saúde, Alan Flores da Rosa; e a coordenadora administrativa das unidades básicas de saúde, Vera Tuppel. Rosa afirma que a dificuldade é de encontrar profissionais médicos que queiram assumir o cargo no município. No momento seriam necessários 19 profissionais e apenas quatro aceitaram o cargo no último processo seletivo.
No entanto, Quintana aproveitou o momento e informou à comunidade que a partir de segunda-feira, 14, as localidades de Tangerinas e Vila Arlindo poderão contar novamente com um médico no turno da manhã. Os dias de atendimento ainda estão sendo resolvidos, mas devem seguir o que já acontecia antes, no formato de revezamento entre os dois postos. “Vamos dividir estes quatro médicos pelo interior até conseguirmos mais profissionais e vamos abrir mais um processo seletivo.”
“Sabemos que o deslocamento do pessoal do interior é difícil, mas não é uma má vontade nossa, está realmente complicado conseguirmos médicos para atuar”, alega Quintana. O secretário completa que a meta número um da pasta é sanar essa demanda e que vão trabalhar para isso. Há uma ideia de terceirizar a contratação de profissionais médicos com a Univates ou empresa privada, porém isso ainda está sendo avaliado.
- 1,5 mil é a média mensal de consultas médicas que eram feitas no posto de saúde de Linha Tangerinas quando havia profissionais médicos.
- Os postos de saúde de Vila Deodoro, Palanque e Centro Linha Brasil também estão com falta de médicos. Em Palanque, conforme o secretário de Saúde, Tiago Quintana, uma readequação deve garantir o atendimento no local, em breve.
LEIA MAIS: