Ainda não foi possível quantificar, porém é tranquilo afirmar que as consultas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cruzeiro aumentaram nesta sexta-feira, 1º, primeiro dia do modelo de acolhimento diferenciado adotado pela rede de saúde de Venâncio Aires. Durante todo dia, o saguão de espera da UPA ficou lotado de pessoas que buscavam atendimento médico. As consultas além do normal são reflexo da decisão do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) de atender só os pacientes em situação emergencial.
De acordo com o gestor da UPA, Rodrigo da Silva, a elevação da demanda já vinha sendo percebida há pelo menos dez dias, quando a direção do HSSM anunciou que colocaria a medida em prática. O coordenador da unidade salienta que o tempo de espera deve ser um pouco maior, mas garante que a qualidade do atendimento será a mesma. “Assim que soubemos que parte do fluxo do hospital seria direcionada para a UPA, conversamos com os profissionais e pedimos que continuassem atendendo com tranquilidade. O número de pacientes vai aumentar, no entanto não podemos acelerar as coisas e perder resolutividade”, diz.
Silva afirma que os primeiros 30 dias de trabalho a partir do novo modelo serão base para avaliação no sentido de necessidade de mais profissionais, por exemplo. “Vamos esperar o primeiro mês para uma análise fiel. Se notarmos que será preciso trazer mais algum enfermeiro ou técnico, faremos os pedidos. Mas não vamos nos precipitar, porque é um momento novo e não temos dados concretos. O que temos é este visual e, por ele, é possível notar aumento do volume, da circulação de pessoas na unidade”, esclarece.
“Até o fim do ano acho que todos estarão adaptados à nova realidade.”
LUCIANO SPIES – Presidente do HSSM
HOSPITAL
Enquanto o fluxo aumenta na UPA, no Plantão 24 horas do hospital a demanda apresenta redução, o que prova que, de imediato, a medida tem os reflexos esperados pela direção da casa de saúde. Para o presidente Luciano Spies, é importante que a comunidade de Venâncio Aires se conscientize desta necessidade de mudança de acolhimento, para que o hospital possa ganhar cada vez mais fôlego. “A partir do momento que informamos sobre a medida, os pacientes já passaram a procurar mais a UPA para as consultas. Precisamos justamente disso, para que consigamos buscar o equilíbrio do nosso hospital”, argumenta.
O número de atendimentos realizados na UPA do bairro Cruzeiro na última segunda-feira, 28 foi 225. O recorde de consultas em um único dia na unidade é de 253, segundo informação do coordenador Rodrigo da Silva.
NA PRÁTICA
- Gerente de apoio assistencial do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), Susan Artus Dettenborn ressalta que, até as 15h desta sexta-feira, 1º, 50 pessoas procuraram o Plantão. Destas, 27 tiveram a classificação azul ou verde, que correspondem aos casos não urgentes, e foram orientadas a buscar a UPA. Consultas com o médico foram 23.
- Na quinta-feira, 31, de acordo com Susan, até as 15h, exatamente 100 pacientes estiveram no Plantão. “Esta comparação nos permite dizer que tivemos uma redução de 50% nos atendimentos de um dia para o outro”, comenta.
- Ela destaca que o apoio da imprensa na divulgação da nova metodologia de atendimento tem sido de extrema importância para a repercussão junto à comunidade e reflexo no dia a dia do Plantão do hospital. “As pessoas estão entendendo a necessidade da casa de saúde. Não tivemos intercorrência com os pacientes que orientamos para buscar a UPA. O compartilhamento de informações é muito importante e os venâncio-airenses estão absorvendo”, complementa.
“É muito importante que a comunidade mantenha o entendimento de que a classificação é técnica, e não por sentimento. A medida foi necessária para o processo de recuperação do hospital.”
SUSAN ARTUS DETTENBORN – Gerente de apoio assistencial do HSSM
Do hospital para a UPA
Amaro Rudimar Freitas, de 52 anos, foi uma das pessoas que precisou ir até a UPA após passar por triagem no Plantão do hospital na tarde desta sexta-feira, 1º. Ele tem cálculo renal e teve uma crise que o obrigou a buscar atendimento. Classificado com a cor verde, foi orientado a se dirigir à UPA do bairro Cruzeiro.
Morador de Linha Cerro dos Bois, no interior de Venâncio Aires, Freitas tinha por hábito procurar o HSSM em episódios de crise. Embora tenha atendido a orientação, não concorda com a prática. “Eu acho isso uma vergonha. Tinham que ajudar o povo, não destruir o povo. Estou com muita dor e não tenho escolha”, reclama.
Na quinta-feira, 31, a direção do HSSM anunciou medidas para a recuperação financeira da casa de saúde. Venda de imóvel e demissão de 32 profissionais estão entre elas. As dispensas já estão sendo feitas.
*Colaborou Alvaro Pegoraro