Não importa se é na cidade ou no interior, mas, ultimamente, são inúmeros relatos de venâncio-airenses sobre a presença de mosquitos ao longo do dia e noite em suas residências. Na casa do morador do Loteamento Artus, Antônio Leonel das Neves, 51 anos, não é diferente. “Aqui depois das 19h não dá para ficar na rua. Assim que o sol se põe a gente fecha toda a casa pois os mosquitos são terríveis.”
Neves percebe que, neste ano, a presença do mosquito está mais constante se comparado com o mesmo período do ano anterior. “A gente se preocupa com o mosquito da dengue também, vai saber qual mosquito está entrando na nossa casa”, comenta.
O venâncio-airense cita que a família utiliza ventilador e inseticida quando necessário. “Mas se a gente fecha a casa mais cedo funciona. Depois lá pelas 20h eles vão embora e quando vê já dá para abrir as janelas de novo.”
A Folha do Mate foi buscar explicações para o problema. Conforme o fiscal sanitário e coordenador das vigilâncias Sanitária e Ambiental de Venâncio Aires, Gabriel Alves, os mosquitos se reproduzem próximos a fontes de água e se beneficiam do calor. “Por isso, a alta temperatura nessa época pode ter influenciado no aumento da quantidade de mosquitos. Durante o ano todo tem mosquito, mas o mais comum é o aparecimento no verão”, explica.
Além disso, conforme Alves, as chuvas associadas ao calor favorecem a proliferação de diferentes espécies de mosquitos. “Temos em nossa área urbana diversos cursos de água, como sangas, nas quais muitas vezes esgoto é despejado, criando ambiente propício para reprodução do Culex quinquefasciatus, o famoso pernilongo.”
Segundo Alves, os mosquitos mais comuns na área urbana são do gênero Culex (Pernilongos, muriçocas) e do gênero Aedes, Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue) e Aedes albopictus (mosquito tigre asiático).
A incidência de mosquitos durante o dia, pode, de acordo com o profissional, revelar uma situação de maior infestação de mosquitos do gênero Aedes, pois estes possuem hábito diurno. “Cabe salientar que estes mosquitos são vetores de diversas arboviroses, como dengue, zika, chikungunya”, alerta.
Regiões afetadas com a presença do mosquito
Segundo o coordenador da Vigilância Ambiental, as regiões mais afetadas dependem muito da espécie de mosquito. Ele afirma que locais onde há maior vegetação, cursos da água e esgoto a céu aberto apresentam maior incidência do gênero Culex (pernilongo), e cita como exemplo áreas do bairro Morsch e Santa Tecla.
Todavia, áreas mais urbanizadas, com muita concentração de materiais que possam acumular água limpa são mais afetadas pelo gênero Aedes, que se prolifera em água parada e limpa. Alves cita o exemplo dos bairros Centro, Aviação, Coronel Brito e Cidade Alta.
Dicas para combater os mosquitos
-
Fechar janelas e portas mais cedo. Quando o final da tarde se aproximar (máximo 17h), fechar todas as janelas e portas dos quartos. Isso evita que os mosquitos, que costumam aparecer nesse horário, entrem.
-
Tela nas janelas: uma opção é instalar telas com velcro ou moldura de madeira pois, assim, podem ser retiradas com facilidade quando não forem necessárias. Essas telas são específicas para evitar a passagem de mosquitos e insetos pequenos.
-
Mosquiteiro: essa solução é bem antiga, mas segue sendo eficiente.
-
Difusor, incenso ou vela de citronela. “Citronela é um produto seguro e eficiente para espantar mosquitos e outros insetos.”
-
Desinfetante com cheiro de citronela. Outra solução é usar um desinfetante que tenha cheiro de citronela. O alerta apenas para quem for alérgico.
-
Preparar uma armadilha caseira. “Despeje vinagre de maçã num recipiente, adicione algumas gotas de detergente e uma colher de chá de açúcar. Misture e deixe ao alcance dos mosquitos nos cômodos. O vinagre e o açúcar atraem os mosquitos, já o detergente irá matá-los.”
-
Solução com cravo e álcool: “Colocar 100g de Cravo da Índia em 100 ml de álcool. Deixar curtir por 3 a 4 dias e então, colocar em um difusor ou espirrar com borrifador nos cantinhos da casa.”
-
Vela de laranja. “Cortar uma laranja ao meio, tirar os gomos, derreter cera e colocar um pavio dentro. Depois acender para espantar os mosquitos.”
-
Ferver cravo. “Colocar cravo para ferver com bastante água, tipo um chá. Deixar a água fervendo até o cheiro de cravo tomar conta da casa. Quando ferver, baixar o ponto. Os mosquitos irão escapar da casa e aí é só fechá-la para eles não voltarem.”
-
Repelente eletrônico. “Há uns dispositivos que você liga na tomada e eles emitem um som que somente os mosquitos escutam, os humanos não. Como esse barulho incomoda, eles fogem.”
-
Aplicativo para espantar mosquitos. “Assim como o dispositivo que é colocado na tomada, um alguns aplicativos que prometem emitir um som não audível para humanos e que espanta os mosquitos. Um deles é o Mosquito Away.”
-
Uma dica para amenizar o desconforto e a coceira depois que a criança for picada, é passar um pouquinho de vinagre sobre a picada.
*Sugestões do coordenador da Vigilância Sanitária e Ambiental de Venâncio Aires, Gabriel Alves:
Ações do município
- Para combater os mosquitos, o Município está trabalhando com o programa de controle do Aedes. Os agentes de endemias realizam visitas domiciliares para conscientização, tratamento de focos e levantamento da situação.
- Também é realizada a notificação de proprietários de imóveis Vigilância Sanitária quando constatada a falta de cuidados em suas residências ou terrenos.
- “São realizadas frequentemente campanhas de conscientização, pois a atuação de cada cidadão é fundamental para controle da dengue”, explica o coordenador das vigilâncias Ambiental e Sanitária, Gabriel Alves.
- Com relação aos mosquitos do gênero Culex (pernilongo), está sendo realizado levantamento de áreas mais afetadas e providenciado larvicida para controle de infestação, o qual será aplicado nos próximos dias em áreas com cursos de água.
Vigilância alerta: Venâncio está com índice alarmante de infestação do Aedes
No ano passado, foram contratados agentes de endemias para auxiliar na orientação e combater focos do mosquito transmissor da dengue, pois a cidade vivia um surto da doença. Alves comenta que os agentes vêm realizando diariamente visitas domiciliares e, conforme rotina de trabalho corriqueira, realizam coletas de larvas em pontos estratégicos, fazem levantamentos de infestação. “O trabalho do agente de endemias não é de fiscalização, mas sim de conscientização, tratamento de focos e investigação. Situações nas quais são necessárias intervenções administrativas, como notificação e multa, eles comunicam o setor de Vigilância Sanitária”, explica.
Recentemente, durante o Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), realizado em 21 bairros de Venâncio Aires, foi constatado índice alarmante de infestação do Aedes. “Cabe salientar que o Município há anos vem sendo classificado como infestado e encontra-se em situação de alto risco para dengue. Portanto, todo cuidado é pouco, a população precisa colaborar realizando as medidas de combate aos focos do mosquito, cada um cuidando de sua residência”, alerta Alves
Um caso
O coordenador cita que na primeira semana de janeiro foi notificado um caso de dengue em Venâncio, no entanto, a doença foi contraída em viagem ao Mato Grosso do Sul. “Porém, o fato de ter sido contraída em outro local não diminui o risco de propagação na cidade, pois bastaria um mosquito Aedes picar a pessoa doente para se tornar um agente transmissor do vírus da dengue.”