A deficiência auditiva se manifesta com maior incidência a partir dos 60 anos. Contudo, para evitar a perda da audição e a realização de tratamentos nesta fase da vida, os cuidados devem começar desde a infância e adolescência.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em todo o mundo, 466 milhões de pessoas sofrem de perda auditiva com marcas de invalidez. Deste total, 34 milhões são crianças. Segundo a OMS, este quadro pode piorar até 2050, quando mais de 900 milhões de pessoas deverão registrar perda de audição neste mesmo nível.
De acordo com a fonoaudióloga Taissane Rodrigues Sanguebuche, cada vez mais as pessoas estão expostas aos ruídos e esta situação está atingindo não só os idosos, mas também os jovens. Com a pandemia, ocorreu uma mudança de comportamento entre as crianças e adolescentes, que passaram a utilizar com mais frequência os fones de ouvido, tanto nas horas de lazer quanto para a realização das atividades escolares virtuais.
Estes hábitos impactaram a saúde auditiva dos jovens, que estão fazendo parte dos índices de pessoas com deficiência auditiva. “As principais causas das perdas de audição ocorrem devido ao uso inadequado do fone de ouvido e não utilização dos equipamentos de proteção individual em ambientes de trabalho que causam exposições a ruídos”, explica a profissional.
Segundo ela, ficar exposto a mais de 85 decibéis em mais de oito horas ao dia é perigoso e pode causar perda auditiva. “O ideal é que o volume do fone de ouvido não ultrapasse a metade da barra, situações que, no futuro, podem causar deficiências auditivas”, indica.
Para evitar os problemas, Taissane recomenda que seja realizada uma avaliação auditiva em crianças com idade escolar. “Em alguns casos, as crianças começam a apresentar dificuldade no desenvolvimento, e isso pode ser identificado por causa de um problema de audição que não foi tratado”, enfatiza, salientando que desde 2010, foi implementada a obrigatoriedade do teste da orelhinha, para identificar, de forma precoce, o surgimento de problemas auditivos.
Sinais
Os sinais de perda de audição, geralmente, são percebidos pelas pessoas mais próximas, que notam a mudança de comportamento de quem sofre com a perda auditiva. “Necessidade de aumentar o volume do rádio ou televisão é um dos sinais mais comuns de perda auditiva”, exemplifica.
Durante a pandemia, o uso de máscaras e a perda do campo visual impediram que as pessoas fizessem a leitura labial, e isto também foi um sinal para o diagnóstico de perdas auditivas leves. Segundo a fonoaudióloga, é o nível mais baixo, dentro dos cinco graus, que são classificados em leve, moderado, moderado severo, severo e profundo.
Conforme a profissional, o tratamento varia de acordo com cada diagnóstico. Em alguns casos, é necessário o uso de medicamentos ou realização de procedimentos cirúrgicos, mas, na grande maioria, recomenda-se o uso de aparelhos auditivos. “O ideal é fazer exames periódicos antes que se instale uma perda auditiva. Mesmo que os problemas de audição sejam mais incidentes a partir dos 60 anos, o indicado é que as pessoas com hereditariedade façam uma avaliação médica a partir dos 40 anos”, orienta.
Ela acrescenta que a recuperação da audição, em casos de perda, depende da causa. “Em casos de otite (inflamações no ouvido), a perda de audição é temporária e pode ser solucionada com tratamento. Contudo, se for identificada a perda auditiva instalada, a gravidade é maior”, define.
Evite o uso de cotonete
• O uso do cotonete para realizar a limpeza dos ouvidos deve ser evitado. O cotonete pode gerar um ‘tampão’ de cera e causar problemas auditivos futuros. A fonoaudióloga recomenda que, neste caso, o indicado é colocar uma toalha no dedo mínimo e inserir no ouvido para fazer a limpeza até onde for possível. É comum que fique depositada uma quantidade de cera no fundo do ouvido, mas esta serve como uma camada de proteção.
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