A trégua cada vez mais evidente da Covid-19 – considerando a redução de novos casos, internações e óbitos decorrentes da doença – já é sentida no dia a dia da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), localizada no bairro Cruzeiro. Mesmo que o número de atendimentos em fevereiro tenha chegado a 5.836, bem acima da capacidade de 4,5 mil consultas mensais, a equipe não vive mais a apreensão e o desgaste físico e psicológico de janeiro, mês em que o total de atendimentos foi de 7.545, recorde desde que a UPA foi inaugurada, em 2014.
A média diária de consultas caiu de 243, em janeiro, para 208, no segundo mês do ano. E, segundo o coordenador da UPA, Rodrigo da Silva, a tendência é de que o número reduza ainda mais no mês de março. “Em fevereiro, tivemos mais demanda nos primeiros 15 dias. No restante do mês, a gente já notou uma queda interessante nas consultas”, comenta. A sobrecarga de trabalho também deve ser amenizada, aos poucos, em razão do percentual em queda de pacientes que procuram a unidade com queixas relacionadas ao sistema respiratório.
“Em janeiro, chegamos a ter 60% das consultas relacionadas a problemas respiratórios. No decorrer do mês, este percentual baixou para 50% e, em fevereiro, para cerca de 40%. Hoje, já estamos com 30% de queixas respiratórias em relação ao total de atendimentos”, informa Silva. A demanda dos últimos meses foi superada com reforços nas equipes médica e de enfermagem, mas a partir de abril a estrutura volta a ser de dois médicos atendendo durante 24 horas. Assim operam as UPAs modelo 3, conforme classificação do Ministério da Saúde.
Funcionários doentes
O momento não é de total tranquilidade e os protocolos sanitários continuam sendo seguidos à risca, mas nem de longe o período atual lembra o que aconteceu no primeiro mês deste ano. “Chegamos a ter 60 pessoas esperando por atendimento.
Aproximadamente 30 pessoas chegavam na UPA a cada hora. Além da sobrecarga e da dificuldade de dar vazão ao fluxo, tínhamos sempre cinco ou seis dos nossos colaboradores afastados. Não podemos esquecer que os profissionais que trabalham na saúde também pegam coronavírus e ficam doentes”, afirma o coordenador. Para ele, foi essencial o fato do ‘vestir a camiseta’ nos períodos mais críticos.
“Chegamos a temer que, em fevereiro, com o aumento exponencial de novos casos, passaríamos outra vez por momentos como o de fevereiro e março de 2021, quando chegamos a ter 22 pacientes no oxigênio aqui na UPA. Ainda bem que a variante Ômicron, apesar de muito mais transmissível, não tem agravado tanto os quadros de saúde dos infectados.”
RODRIGO DA SILVA
Coordenador da UPA
- 90 é o número aproximado de funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Além de médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem, fazem parte da equipe motoristas, higienizadores, farmacêuticos, técnicos de raio-x, copa e recepção.
- Segundo o coordenador da UPA, Rodrigo da Silva, cerca de 75% da demanda da unidade de saúde se concentra no horário das 7h às 19h. À medida que anoitece, o número de pacientes dando entrada cai consideravelmente.
LEIA MAIS: