Dia mundial mostra a importância da doação de medula óssea

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Há quem diga que cada pessoa tem seu anjo da guarda. O advogado aposentado Ricardo Assis Brasil, de Porto Alegre, no entanto, pode se declarar um privilegiado: quando mais precisou, teve dois anjos em sua vida. Sem asas ou auréolas, mas com algo muito mais especial: uma medula óssea compatível para doação.

Essa história começa em 2015 quando, após um exame de rotina, foi constatada a leucemia. Em tratamento no Hospital Moinhos de Vento, Ricardo foi a Curitiba (PR), onde recebeu o transplante de medula óssea (TMO), doada por uma jovem do interior de Minas Gerais, que ele conheceria posteriormente. “Quis agradecer por esse gesto de bondade. Ficamos amigos, fui no aniversário dela, depois ela passou um ano novo com minha família”, recorda.

Em 2019, após novos exames, Ricardo descobriu que a doença teve uma recidiva. De volta ao Hospital Moinhos, retornou ao tratamento e entrou em remissão. Mas, ainda assim, necessitava de um segundo transplante. E, em agosto daquele ano, o segundo anjo entrou em sua vida: um doador ainda anônimo, que ele também pretende conhecer. “Tinha a certeza de que mais um anjo apareceria, se dispondo a salvar a vida de uma pessoa que nem conhecia”, celebra, lembrando que no dia em que a nova medula passou produzir células sanguíneas, seu neto nasceu.

Comemorando com a família da primeira doadora, em Santo Antônio do Monte (MG) (Foto: Arquivo pessoal)

A importância de doar

A história de Ricardo Assis Brasil mostra a importância de ser um doador. Todos os anos, o terceiro sábado de setembro é o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea. O transplante de medula óssea é o único tratamento curativo para algumas doenças hematológica. O tratamento substitui o tecido doente por células saudáveis do próprio paciente ou de uma pessoa compatível.

Desde 2015, o Hospital Moinhos de Vento conta com um programa específico voltado ao transplante de medula óssea, sendo a única instituição privada do Estado a oferecer todos os tipos desse tratamento: autólogo (quando a medula vem do próprio paciente), alogênico aparentado (de um familiar) e alogênico não aparentado (de um terceiro).

“Temos um grupo multidisciplinar, altamente capacitado, atuando em um espaço diferenciado”, destaca Cláudia Astigarraga, coordenadora da Unidade de Terapia Hematológica do Hospital Moinhos. A equipe conta com 60 profissionais, incluindo médicos, dentistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogo, nutricionista, assistente social e suporte espiritual. Nestes cinco anos, foram realizados 138 transplantes na instituição.

O interessado em ser um doador de medula deve ter entre 18 e 55 anos de idade, bom estado geral de saúde e não apresentar doenças hematológicas (do sangue), imunológicas ou câncer. Para se cadastrar no banco, basta ir no Hemocentro de sua cidade ou região, onde será preenchido o cadastro e feita a coleta de uma amostra de sangue. O Brasil tem o terceiro maior Banco de Doadores de Medula no mundo, atrás somente dos Estados Unidos e da Alemanha.

“A doação de medula não tem impacto na sua saúde. Em três semanas ela se recupera — e você terá salvo uma vida”, explica Cláudia Astigarraga, que reforça ainda que o potencial doador deve manter seu cadastro sempre atualizado. “Assim, se você for compatível com um paciente, poderá ser feito o contato imediato. É essencial manter vivo esse ato de doar”, diz a médica.

Hospital Moinhos de Vento desenvolve projetos para qualificar o programa de transplante de medula óssea do SUS
(Foto: Leonardo Lenskij/ Divulgação)

 Capacitação contínua

O Hospital Moinhos também promove capacitação de profissionais. O Projeto Mais TMO, realizado em parceria com o Ministério da Saúde por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), tem como objetivo qualificar o programa de transplante de medula óssea do SUS. Para isso, realiza estudos econômicos no contexto do sistema público brasileiro, coleta de registros clínicos, desenvolve protocolos clínicos assistenciais para auxiliar no manejo de complicações relacionadas ao procedimento e treina profissionais que atuam nos centros transplantadores.

Neste momento, o projeto oferece um curso online e gratuito de capacitação para estruturação e organização de centros de TMO. A atividade, que está com inscrições abertas na plataforma EAD do Hospital Moinhos, tem como público-alvo gestores hospitalares vinculados aos SUS e coordenadores de centrais estaduais de transplante. Porém, todos os profissionais interessados podem se inscrever e realizar o curso.

 



Letícia Wacholz

Letícia Wacholz

Atua há 15 anos na Folha do Mate e desde 2015 é editora da Folha do Mate. Coordena a produção jornalística multiplataforma do grupo de comunicação. Assina a coluna Mateando, a página 2 do jornal impresso.

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