Do atendimento em casa à chegada dos antibióticos: lembranças do primeiro pediatra de Venâncio

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O pediatra aposentado Flávio Luiz Seibt, 73 anos, começou atuar em Venâncio Aires em 1974, depois de ser formar na primeira turma de medicina na Universidade Federal de Rio Grande (Furg) e fazer residência na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

No início da carreira do médico, o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) era menor, não havia plantão e tinha apenas seis médicos atendendo, com enfermagem precária e auxílio de freiras. Ele foi o primeiro especialista com residência, após a faculdade. Seibt vivenciou diversos momentos da evolução da medicina e também foi um dos fundadores da Associação Médica de Venâncio Aires (Amva), em 1990.

Seibt lembra que, na época que voltou para a cidade natal, os profissionais atendiam todas as áreas. “Eram obstetras, pediatras, clínicos, cirurgiões e traumatologistas, tudo ao mesmo tempo. Não havia um preparo específico da área”, conta. Outra questão que chamava muita atenção era a falta dos equipamentos. “Tinha apenas um raio-X e um pequeno laboratório bem precário. O exame era feito por um técnico que não tinha muito conhecimento do procedimento”, cita.

Como não havia plantão no HSSM, quando Seibt começou a atender, na década 70, tinha um consultório em casa, a exemplo de outros profissionais. Na época, morava na Osvaldo Aranha e atendia em uma sala do primeiro andar. “Era o único jeito de atender pela noite, porque se não o povo ficava sem consulta”, recorda.

Posteriormente, em meados da década de 80, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de Santa Cruz do Sul, que atendia Venâncio Aires, autorizou o plantão no hospital. “Foi uma luta para conseguir, mas depois que deu certo foi muito bom. Mas não era 24 horas, funcionava somente pela noite e em sábados e domingos”, recorda.

Com o passar do tempo, algumas mudanças foram acontecendo e entre os momentos que marcaram a evolução médica na Capital Nacional do Chimarrão, Seibt destaca a introdução do uso de antibióticos. “Quem não tinha especialização ou já atuava há mais tempo, não estava atualizado com o uso do medicamento, porque existe dose certa e modo de aplicar para cada tipo. Então fomos evoluindo juntos.”

O pediatra aposentado ressalta que os cuidados básicos com as crianças também mudaram. O médico lembra que, em uma época, o famoso ‘sapinho’ dava em muitas crianças, porque as mães limpavam os bicos na própria boca e depois passava para os bebês. “Deixar de usar a faixa de umbigo foi outra mudança positiva. Ela era amarrada em volta da criança sem necessidade. Hoje a população já se reeducou sobre essas manias antigas, como as benzeduras”, frisa Seibt.

Segundo o médico, outro avanço das últimas décadas, além da tecnologia em aparelhos, é a quantidade de medicação oferecida. “Tinha épocas em que as pessoas não procuravam ajuda logo, iam primeiro benzer e só quando pioravam vinham ao hospital e, como não tínhamos muitos recursos e poucos tipos de medicamentos, muitas vezes já era tarde para salvar as pessoas. Por isso, havia maior mortalidade infantil”, explica o pediatra aposentado.

União da categoria

Para que os profissionais de saúde conseguissem discutir as novas mudanças, a introdução desses novos medicamentos, aparelhos, pensamentos de prevenção e métodos, médicos que atuavam no município em 1990 decidiram criar a Associação Médica de Venâncio Aires.

Seibt comenta que, além de incentivar o estudo da medicina, a entidade também auxiliou na evolução da saúde do município de forma geral, como na ajuda de compra de aparelhos para o HSSM. “Queríamos todos evoluir juntos, estudar cientificamente e trazer mais qualidade na medicina praticada no município. Além dos estudos, fizemos algumas campanhas e ajudamos o hospital em alguns momentos necessários”, frisa o médico.

“Queríamos todos evoluir juntos, estudar cientificamente e trazer mais qualidade na medicina praticada no município. Por isso, fundamos a Associação Médica.”

FLÁVIO LUIZ SEIBT
Pediatra aposentado

  • Consultório

O médico aposentado Flávio Seibt lembra que, quando foi construído o Centro Clínico da Unimed, em frente ao hospital, os médicos começaram migrar de suas casas para um consultório no local. “Nesta época, o plantão já estava mais organizado, então não era necessário estar atendendo em casa pela noite e podíamos mudar”, comenta o pediatra. Nesse momento de transição, ele também foi o primeiro médico do município a ter uma secretária e sistema de fichário para pacientes.

    

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