Testes são oferecidos em pontos volantes e Unidades Básicas de Saúde (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)
Testes são oferecidos em pontos volantes e Unidades Básicas de Saúde (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

Por Carlos Dickow e Juliana Bencke

Venâncio Aires rompeu a barreira dos mil casos confirmados de coronavírus na quinta-feira, 27, quando o número chegou a 1.003. Com os 29 resultados positivos de sexta-feira, 28, a semana terminou com 1.032 notificações de pessoas infectadas pela Covid-19 no município, das quais 94% estão curadas.

O número de casos sofreu aumento significativo a partir do início da testagem em massa, iniciativa deflagrada no dia 27 de julho. De lá até ontem, foram reportados 679 novos casos, o equivalente a 66% do total. Antes, entre os dias 13 de abril (data da confirmação do primeiro caso no município) e 26 de julho, eram 352 casos oficializados.

Secretário municipal de saúde, Ramon Schwengber, afirma que, desde o início da testagem, sabia-se que, com a elevação da oferta de testes, os casos confirmados aumentariam. “É importante ressaltar que, com a testagem em massa, nós estamos conseguindo identificar os casos e isolá-los. Isso acaba ajudando no tratamento precoce de alguns pacientes e também nesta nova etapa de desospitalização”, comenta.

Além disso, ele explica que o Município decidiu realizar a ampla testagem como estratégia de saber, de forma exata, por onde o vírus circula. Outro fator salientado pelo secretário é que a questão numeral de casos confirmados “também pode sinalizar que poderemos sair antes da pandemia, ou então, começar a curva descendente”.

O prefeito Giovane Wickert complementa que a testagem permite que se descubra casos já curados, que são a grande maioria. “Com a testagem, conseguimos apurar o grau de disseminação do vírus. Percebemos que já há muitos curados e, com o número de casos maior, também há uma margem maior de imunidade na sociedade.”

O fato ao que o prefeito se refere é o que se chama de imunidade coletiva ou de rebanho – quando muitas pessoas ficam imunes a uma doença, seja por receberem uma vacina, ou já terem sido infectadas, como no caso do coronavírus. Isso leva a uma desaceleração da epidemia. De acordo com o infectologista Marcelo Carneiro, que coordena o estudo de soroprevalência da Covid-19 no Vale do Rio Pardo, acredita-se que 20% da população tenha que ter entrado em contato com o vírus, para a pandemia terminar.

TENDÊNCIA DE QUEDA

A médica infectologista Sandra Knudsen define o período atual como o início da curva descendente do coronavírus em Venâncio Aires. “A gente observa a evolução dos casos, não só em Venâncio, mas em todo Rio Grande do Sul e no Brasil. A tendência está sendo a diminuição”, considera.

A profissional observa que a testagem em massa tem ampliado o diagnóstico da doença e identificado muitas pessoas que tiveram coronavírus e estão curadas, o que é positivo. “Hoje, já sabemos que a grande maioria das pessoas que vão entrar em contato com o coronavírus vai ter poucos sintomas ou nenhum.”

Outro fator destacado pela profissional é que, a partir da testagem em massa, tem se percebido que a contaminação ocorre, na maioria das vezes, nos momentos sociais. “A testagem tem deixado isso muito evidente. Quando as pessoas tiram a máscara, quando ficam mais tempo em contato com outras pessoas em ambientes fechados, em jantares, almoços e encontro sociais, acabam se contaminando de forma mais fácil.”

9 mil

testes foram aplicados, desde o dia 27 de julho, durante a testagem em massa. Desde o início das ações de enfrentamento da Covid-19 em Venâncio Aires, foram 10 mil testes realizados, conforme a Secretaria Municipal de Saúde.

15 mil

kits de testes rápidos foram adquiridos pelo Município para a testagem em massa. Na próxima semana, a Prefeitura deve avaliar a compra de novos testes.