Na quinta-feira, 9, completaram dois meses desde que a primeira criança internou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Nesse período, muitas famílias viram seus pequenos precisarem de um leito e foram atendidas em Venâncio Aires. Entre elas, uma mãe que, embora acostumada a corredores de hospitais e UTIs nos últimos quatro anos, comemorou a possibilidade de receber atendimento na cidade onde mora.
A empresária Camila Gonzalez Abascal, 43 anos, é mãe de Vicente, que completou 4 anos em agosto. Se tivesse nascido no ‘tempo certo’, ele só atingiria essa idade no fim de novembro. O menino é um prematuro extremo e nasceu de apenas 28 semanas de gestação. Característica dos bebês prematuros, Vicente tem dificuldades para engolir e, desde que veio ao mundo, é alimentado por uma sonda, através de um cateter que tem no tórax. Também é mais suscetível a questões respiratórias e acabou desenvolvendo uma pneumonia por aspiração. “Ele tossiu de forma estranha e corri para o PA do hospital. Ele foi direto para a UTI. Se não tivesse em Venâncio, não sei o que teria acontecido”, relata Camila. Vicente ficou internado por 21 dias na unidade pediátrica. “Dá uma paz e uma segurança para a gente saber que tem o serviço em Venâncio. O atendimento foi o melhor possível”, destaca a mãe.
Para quem olha para o rapazinho, não imagina por tudo que já passou. Os primeiros quatro meses de vida foram dentro de uma UTI Neonatal, em Porto Alegre, onde passou por incríveis 14 cirurgias, cinco delas na cabeça. Vicente nasceu com apenas 30 centímetros (o comprimento de uma régua escolar) e um quilo, o qual baixou para 900 gramas. Enquanto estava na unidade intensiva com o filho, Camila lembra que presenciou momentos tristes: as mortes de três meninos que, por coincidência, também tinham o nome de Vicente. Ao mesmo tempo, também testemunhou vitórias. “Teve uma menina que nasceu com apenas 400 gramas e transplantou o pulmão. E ela foi para casa. A UTI é um lugar que também vemos milagres acontecendo.”
Camila mora em Venâncio há dois anos e, de lá para cá, além do HSSM, o filho internou outras duas vezes em UTIs pediátricas, em ambos os casos em Porto Alegre. “Vejo algumas pessoas criticando, de que o custo da UTI é muito alto [mais de R$ 600 mil por mês] e nem sempre os leitos estão ocupados. Mas só quem já precisou, sabe que isso não tem preço. É um presente ter um lugar que salva vidas de crianças e Venâncio tem um lugar assim.”
Números
A UTI abriu oficialmente em setembro e a primeira criança internou no dia 9 daquele mês. Segundo o presidente do HSSM, Marcelo Farinon, até a última quinta-feira, 9, foram atendidos 25 pacientes – quatro de Venâncio ou microrregião e 21 ‘de fora’, como Erechim, Gravataí, Montenegro, Mostardas, Imbé, Pelotas e Novo Hamburgo. A maioria tem menos de seis anos.
“Desde a abertura não houve nenhum óbito e a maioria das altas é para transferência de volta para a região por melhora do quadro. As poucas que precisaram ir para um hospital mais complexo é porque precisavam de algum tipo de procedimento que nós não realizamos aqui, como por exemplo o segundo paciente que precisou ser transferido para realizar uma cirurgia cardíaca em Porto Alegre”, destacou Farinon.
“A UTI tem sido de fundamental importância para Venâncio e região dos Vales. Tem profissionais de alta qualidade, além de ser uma UTI de referência para o estado. A qualidade do atendimento é reconhecida por todas as famílias que necessitaram desse serviço, então estamos muito felizes.”
JARBAS DA ROSA – Prefeito de Venâncio Aires