Desde 2001, Tatiana é coordenadora do setor de hemodiálise do Hospital São Sebastião Mártir (Foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate)
Desde 2001, Tatiana é coordenadora do setor de hemodiálise do Hospital São Sebastião Mártir (Foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate)

Por conta da pandemia do coronavírus, muitos profissionais abdicaram das atividades de rotina e de estar ao lado de quem amam, para se dedicar quase que, exclusivamente, àqueles que mais necessitam de apoio. Os enfermeiros, auxiliares técnicos em Enfermagem são alguns destes profissionais que atuam dia e noite na linha de frente.

Para a coordenadora de Enfermagem do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), Renata Gassen Bittencourt, apesar de a enfermagem não ser uma profissão muito valorizada, talvez neste momento de pandemia, as pessoas estejam dando o valor que os profissionais realmente mereçam. “Nós estamos na linha de frente e colocamos a nossa vida em risco para ajudar aos outros, sem deixar de fazer o exercício da profissão em função disso”, afirma.

Ela destaca que a enfermagem está desde o início do atendimento ao paciente até o momento da finalização, seja na alta hospitalar, ou, inclusive, nos momentos de tristeza, quando se perde um paciente. “Tem que ter uma estrutura psicológica muito grande, pois nem sempre as coisas saem da forma que gostaríamos. Estes pacientes chegam muito ruins ou assim que estão bem, decaem rapidamente em função deste vírus que é extremamente agressivo”, observa.


“A enfermagem não trabalha sozinha. É uma profissão na qual valorizamos todos os profissionais envolvidos. Precisamos trabalhar em equipe.”

RENATA GASSEN BITTENCOURT – Coordenadora de Enfermagem do HSSM


Ao encontro disso, a coordenadora destaca a importância em ter o olhar aguçado e uma equipe de profissionais competentes para lidarem com isso. “Tenho muito orgulho do quadro de profissionais de enfermagem que nós temos no hospital. Enfermeiros, médicos, terapeutas, equipe de higienização, copa e lavanderia, todos têm o seu papel e tem muita importância, pois nós trabalhamos como uma engrenagem aqui dentro”, afirma.

Renata explica que a enfermagem se divide nas áreas técnica e assistencial, ligadas ao paciente, e a parte mais burocrática, quando os profissionais ficam “nos bastidores”, atuando no preparo, na organização, na estrutura das unidades de Covid, organização de equipe. “Neste caso, são os profissionais responsáveis pelo pensar e pela gestão que ficam na retaguarda e que dão todo o apoio, juntamente com o diretor técnico e de administração para contemplar as demandas necessárias.”

Ao todo, 217 profissionais atuam na área de Enfermagem do Hospital São Sebastião Mártir. São 178 técnicos em Enfermagem, cinco auxiliares/atendentes em Enfermagem e 34 enfermeiros.

DEDICAÇÃO

Assim como Renata, a coordenadora do setor de hemodiálise do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), enfermeira Tatiana Kader Ibdaiwi, acredita que a pandemia esteja mostrando o quanto a assistência ao paciente é essencial. “A enfermeira, por exemplo, faz toda a triagem do paciente. Ela identifica se o paciente é de risco ou não e acompanha o dia a dia do enfermo e as reações durante o tratamento”, observa.

Ela lembra que, além da assistência em saúde, o enfermeiro e técnico em Enfermagem também assumem o papel na prevenção e promoção da saúde, para a garantia de uma melhor qualidade de vida. “Instruir as pessoas a seguirem uma dieta, a não manter vícios, a irem ao posto de saúde e praticar exercícios físicos, também é uma forma de manter as pessoas bem assistidas e evitar o surgimento de doenças”, comenta.

VOCAÇÃO PROFISSIONAL

Conforme a coordenadora da hemodiálise, Tatiana Kader Ibdaiwi, para ser enfermeiro ou técnico em Enfermagem é necessário ter vocação profissional. “Quem assume esta tarefa se acha capaz de cuidar de si mesmo e do próximo”, define ela, que também é coordenadora do curso técnico em Enfermagem da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) campus Venâncio Aires.

Além de cumprir grandes jornadas de trabalho, em média de 36 horas semanais, e dos plantões de 12 horas, nos sábados ou domingos, o profissional deve conciliar a profissão com a família e estar preparado para atuar nos momentos mais difíceis, inclusive em épocas de pandemia. “Sou mãe e enfermeira e cada vez que chego em casa fico com o coração na mão, porque preciso manter o isolamento social dos meus familiares”, desabafa a profissional, que desde 1998 atua na profissão.

Segundo Tatiana, a enfermagem sempre foi uma profissão promissora e atualmente está no ranking das profissões. “A vida está cada vez mais longínqua e a população mais idosa exige cuidados”. Além disso, ela destaca que o leque de especializações na área, fez a profissão evoluir ainda mais.

DIFERENÇAS NA ATUAÇÃO

Enfermeiro

  • Coordena a equipe técnica
  • Orienta os técnicos em Enfermagem
  • Faz as escalas de trabalho do grupo
  • Presta cuidados específicos (mais invasivos), como passagem de sonda vesical (diurese) e nasoenteral (alimentação), administração de medicamentos especiais, avaliação de feridas e definição do tipo de curativo a ser utilizado
  • Trata dos pacientes críticos
  • Presta assistência no trabalho de parto
  • Prepara os pacientes para cirurgias
  • Faz a avaliação geral do paciente e, em casos de alteração de saúde, comunica o médico

Técnico em Enfermagem

  • Apoio assistencial
  • Auxilia no banho e na alimentação
  • Avalia os sinais vitais e a temperatura do paciente
  • Ajuda na locomoção
  • Administra os medicamentos
  • Faz a troca de curativos mais simples
  • Encaminha o paciente para exames e procedimentos em geral
  • Cuidados de higiene e conforto
  • Fonte: Enfermeiras Tatiana Kader Ibdaiwi e Renata Gassen Bittencourt.