Exercícios auxiliam recuperação de pacientes afetados pela Covid

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Atividades físicas deveriam fazer parte da rotina de todas as pessoas. Contribuem para manter a saúde, garantem uma boa imunidade, melhoram a qualidade do sono, aumentam níveis de energia e reduzem as chances de contrair doenças crônicas. Agora, com as consequências da Covid-19, foi notada a relação da recuperação dos pacientes com a rotina fixa de exercícios antes e após contrair a doença.

A aposentada Denise Oliveira, 54 anos, sentiu os primeiros sintomas da Covid-19 no dia 13 de janeiro. Muita tosse, febre, dor no corpo, ouvido e garganta foram os sintomas que ela sentiu ao perceber que havia contraído o vírus. Agora, já recuperada e voltando à rotina normal, a aposentada explica que teve parte do pulmão afetado, mas de forma mínima.
“Por já estar praticando atividades físicas há quatro anos no Sesc, não fui tão prejudicada”, afirma. Dos quatro dias que se sentiu mal, ficou apenas um dia hospitalizada, em tratamento com soro. Agora, com a liberação médica, Denise retorna para a prática de uma hora de exercícios diários, de forma mais lenta, focando em exercícios de braços que ajudem na respiração.

Denise é paciente renal crônica e hipertensa, por isso faz parte do grupo de risco da Covid-19. “Faço exercícios pela saúde, não pela estética”, diz. A aposentada conta ainda que o marido, Edelmon Gomes de Oliveira, 59 anos, que também contraiu o vírus, teve mais dificuldades na recuperação. “Ele não sentiu tanto os sintomas da doença, porém teve o pulmão mais atingido e uma recuperação muito mais lenta”, constata Denise, também se referindo ao fato de que o marido não pratica nenhuma atividade física.

“Me sinto muito mais disposta e com melhor qualidade de vida praticando atividades físicas.”
DENISE OLIVEIRA – Aposentada

Denise pratica atividades físicas há quatro anos no Sesc de Venâncio Aires. (Foto: Luana Schweikart)
Denise pratica atividades físicas há quatro anos no Sesc de Venâncio Aires. (Foto: Luana Schweikart)

Orientação profissional

A instrutora de academia do Sesc Venâncio Aires, Roseana Parker Neivel, conta que na unidade não foram atendidos casos graves, pois nessa situação, após a liberação médica, o paciente é encaminhado primeiramente para a fisioterapia e lá trata de forma específica a parte respiratória – geralmente a mais afetada.

Rose, como é conhecida no Sesc, explica que o Sesc/RS está promovendo uma iniciativa que partiu da unidade de Viamão. Lá, um instrutor auxiliou o pai com exercícios físicos, para que ele se recuperasse do coronavírus, principalmente para fortalecer a musculatura. A ação deu tão certo que agora toda a rede Sesc fará esses atendimentos aos pacientes que necessitarem do serviço.

A instrutora indica que os exercícios sejam feitos não só para auxiliar na recuperação cardiorrespiratória, mas para manter a saúde e a imunidade a vida toda. “Quem já fazia alguma atividade, retorna mais lento, como forma de prevenção, com redução do tempo aeróbico e também na carga dos exercícios. Agora, para os que ficaram internados por mais tempo, o trabalho tem que ser específico e muito mais lento ainda”, esclarece. Além de comprometer a capacidade respiratória e a massa muscular, em alguns casos até a parte motora é afetada, com limitações de atividades básicas do dia a dia.

De toda forma, Rose orienta que o paciente respeite a liberação do médico e a avaliação para seguir com a fisioterapia ou academia. “Diferente da fisioterapia, que tem um período de tratamento, na academia não existe data de término. O ideal é nunca parar e manter uma boa rotina de exercícios”, completa. De acordo com estudo feito pelas universidades USP, UERJ, UFMG e UFRGS, o percentual estimado de redução no índice de internações de Covid-19 em casos de pacientes que já mantinham uma rotina de exercícios físicos é de 34%.

Roseana é instrutora no Sesc de Venâncio Aires e orienta os alunos para a prática de exercícios. (Foto: Luana Schweikart)
Roseana é instrutora no Sesc de Venâncio Aires e orienta os alunos para a prática de exercícios. (Foto: Luana Schweikart)

Recomendação

• A orientação da instrutora de academia Rose Neivel é a prática de, no mínimo, aproximadamente 150 minutos semanais de atividades físicas de intensidade moderada ou 75 minutos por semana de atividades intensas.

A fisioterapia como aliada nos casos mais graves

O proprietário da Fisioterapia e Medicina Schwengber, Ramon Schwengber, reforça que a fisioterapia respiratória é de fundamental importância na pós internação dos pacientes. “A sequela respiratória é bem comum nos pacientes que precisaram dos atendimentos do setor Covid-19 e, ainda mais, nos casos que evoluíram para entubação na UTI”, diz, acrescentando que “a fisioterapia é necessária para readquirir essa capacidade respiratória”. A média de pacientes do setor e UTI Covid, que foram atendidos no hospital com fisioterapia é de 500 pacientes. Fora do hospital, os atendimentos são realizados apenas à domicílio.

O exercício mais frequente é o de reexpansão pulmonar, que consiste em técnicas para trabalhar o pulmão e a abertura na respiração, proporcionando reabilitação e fortalecimento da musculatura respiratória. Outras atividades são feitas em busca de fortalecimento muscular completo dos membros superiores e inferiores e garantir a reabilitação total do paciente.

Dicas de exercícios para fazer em casa e respirar melhor:

  1. Respiração Diafragmática – procure uma posição confortável para sentar. Feche os olhos, coloque a mão sobre a barriga e inspire lentamente pelo nariz, expandindo o abdômen. Depois de inspirar o máximo que puder, segure o ar por dois segundos e expire lentamente.
  2. Inspiração fracionada – esse exercício é feito com inspirações mais curtas. Inspire por um segundo, segure a respiração por dois segundos e inspire mais uma vez. Depois de fazer a inspiração completa em partes, você deve expelir o ar de uma só vez. No entanto, essa atividade não é indicada para pessoas com problemas obstrutivos.
  3. Respiração abreviada – para realizar a prática, deve-se fazer uma única inspiração profunda. Depois, solte apenas um pouco do ar e inspire mais um pouco. Faça essa combinação por cerca de quatro repetições. Após, expire todo o ar.
  4. Além desses exercícios, Schwengber indica que as pessoas façam a respiração normal na posição de decúbito ventral, ou seja, deitada de barriga para baixo, pois essa ação ajuda na oxigenação.

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Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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