Nesta época do ano é frequente encontrar pais e crianças menores em emergências, plantões e nas salas de pediatras para tratar sintomas respiratórios, como dores de garganta, tosses e resfriados. O cuidado maior é para que não sejam desencadeados quadros mais graves de saúde. Neste ano, percebe-se que as internações das crianças no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e o adoecimento desta faixa etária teve um aumento expressivo.
A coordenadora do setor de Pediatria do HSSM, Vivian Wunderlich, comenta que desde a flexibilização das medidas de contenção do Covid-19, registra-se um aumento da atendimentos de crianças. Segundo ela, esse cenário já era esperado, principalmente ligado à aquelas doenças transmitidas pela circulação de pessoas, como quadros respiratórios e os gastrointestinais. O aumento destes casos refletem nas internações do hospital, que também tiveram alta.
Vivian reforça que antes da pandemia, nesta época do ano, já era característico esse aumento das chamadas ‘doenças de inverno’, devido à circulação de vírus sazonais típicos do período. “Particularmente, lembro bem da minha época de estudante em que tínhamos, no período do inverno, cerca de 15 crianças internadas com quadros de bronquiolites e pneumonias, quadros que variam em sua gravidade, mas que com a chegada do verão já diminuíam.”
Já durante a pandemia, com as crianças em casa, foi observado que praticamente não tiveram quadros respiratórios ou infecções intestinais em crianças de 0 a 3 anos. “Os
setores do hospital tinham internações por outros quadros, as consultas na emergência eram poucas, em torno de duas a três por dia, e hoje temos uma demanda de consulta o tempo inteiro.”
Terceiro atendimento em um mês
Na manhã da quinta-feira, 23, os pais Cleonice da Silva Santos, 44 anos, e Júlio Cesar Rosa Nunes, 41 anos, estavam aguardando atendimento na UBS Central para a pequena Júlia Santos Nunes, de cinco meses. “Ela está indo na escolinha há um mês, e já é a terceira vez que trazemos ela no pediatra neste tempo”, comenta a mãe.
Cleonice, que é metalúrgica, conta que a menina está sofrendo bastante com os problemas respiratórios, como dores de garganta, chiados no peito e gripes que não se curam. “Saímos cedo de casa, pelas 6h20min e já levamos ela junto, então ela acaba pegando o sereno e o frio da manhã.”
O pai Júlio, que trabalha como pedreiro, afirma que na noite da quarta-feira, 22, quase tiveram que levar a Júlia para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) já que ela não conseguia dormir devido os incômodos respiratórios. “Graças a Deus ainda não foi preciso irmos para o hospital, estamos cuidando agora para que isso não seja necessário.”
Dicas para os pais
- Vivian que é pediatra e a coordenadora do setor de Pediatria do HSSM enfatiza que a vacinação é muito importante, neste momento, principalmente contra a gripe. “A influenza é um dos vírus que mais circulam nesse período.”
- Sobre a transmissão da Covid-19, em crianças, ela comenta que no HSSM não está tendo muitos casos no momento, mas que já tiveram crianças com quadros graves da doença. “O mais importante nisso é atentar para os sinais de desconforto respiratório apresentados no início da infecção.”
- Segundo a médica, a higiene nasal não é valorizada como deveria. “A criança não tem a capacidade funcional plenamente estabelecida de eliminar essa secreção da vias aéreas, e ela fica ali acumulando e proporcionado o crescimento bacteriano.”
- A higiene das mãos também é indispensável, já que os vírus ficam nas superfícies e são passados através do contato. “Eliminamos a chance de transmissão fazendo a higiene adequada e usando álcool em gel.”
- 7 é o número de leitos da pediatria do HSSM. Neste momento, todos estão ocupados por crianças que têm, em média, de 0 a 5 anos. Quando necessário, Vivian afirma que são abertos leitos extras usando vagas dos setores adultos.
Atendimento
•Hoje o HSSM conta com cinco pediatras fazendo a cobertura em tempo integral da pediatria, sendo que apenas um deles atualmente reside na cidade. Os pediatras atendem todos os setores em que há crianças no hospital, como a maternidade, centro obstétrico, enfermaria e a emergência.
•Além disso, Vivian reforça que todas as crianças que entram no hospital são avaliadas por um pediatra, independente do plano de saúde.
•No Sistema Único de Saúde (SUS), há uma triagem de classificação de risco, elaborada em conjunto com setor de Pediatria e enfermagem que classifica a necessidade de avaliação pelo médico pediatra ou se será atendida nos serviços disponibilizados pelo município. “Qualquer criança que entre em sala vermelha é manejada pelo pediatra, e nossa enfermaria é toda SUS. O plantão não fica responsável pelas internações de convênios”, explica.
• Na rede básica de saúde, segundo o coordenador das unidades básicas de saúde de Venâncio Aires, Alan Flores da Rosa, há atendimento de pediatra na UBS Santa Tecla e Central, pela manhã e tarde.