Hospital de Venâncio chegou a 91,7% de atendimentos SUS em 2024

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Percentual obrigatório é de 60%, mas hospital atendeu 22,2 mil diárias de internação SUS no ano passado. Déficit da instituição passou de R$ 7 milhões.

O Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) de Venâncio Aires alcançou, em 2024, o maior percentual dos últimos anos nos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS): 91,7%. Se para a população atendida pode significar um dado positivo, para a casa de saúde o número se torna cada vez mais desafiador. Isso porque, sendo uma instituição filantrópica, a obrigação legal é de 60% e, com a defasagem histórica da tabela SUS, a preocupação é com a falta de complementação financeira para ajudar nos custos que crescem anualmente. O déficit do HSSM fechou em R$ 7 milhões no último ano.

De acordo com o balanço apresentado na assembleia geral ordinária do HSSM, na quarta-feira, 4, foram 22.274 diárias de internação pelo SUS em 2024 e 24.715 atendimentos ambulatoriais SUS no Pronto Atendimento (PA). O cálculo dos 91,7% consideram esses dois números (diárias e atendimentos ambulatoriais) e é o maior percentual desde 2020. De lá para cá, cresce a cada exercício (veja abaixo).

Impacto na saúde financeira do hospital

Perguntado sobre como esse aumento anual de atendimentos impacta na saúde financeira do HSSM, o presidente Marcelo Farinon explica que a instituição tem tomado o cuidado de que todo o serviço vinculado ao Sistema Único de Saúde, que seja proposto ou aberto, tenha, no mínimo, o suficiente para o custeio. “Se entendermos que temos a entrega de qualidade no atendimento, independente de ser prestado ao SUS, sabemos que no momento adequado teremos plenas condições de que esse serviço seja oferecido aos convênios e particulares também.”

Para Farinon, que ficará no cargo por mais seis meses – a prorrogação do mandato foi aprovada na assembleia – a crescente procura pelo SUS acarreta em duas situações. “O SUS no hospital está com entrega de qualidade, mas, ao mesmo tempo, o poder aquisitivo para custeio da saúde privada não é mais o mesmo e vem diminuindo a cada dia. Quanto mais atendimentos via SUS, maior é o desafio financeiro.”

Hospital teve R$ 7 milhões de déficit em 2024

Com um déficit operacional médio de R$ 600 mil por mês no último ano, o hospital fechou com um saldo negativo de R$ 7.125.819 em 2024. Segundo o presidente, entre os motivos que levaram a esse montante é o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde. “Vivemos mais do mesmo, não há novidade nesse sentido, mas isso não significa que não existam esforços, já que estamos em realidade distinta de muitos hospitais de mesmo porte. Se analisarmos o que acontece, por exemplo, na região metropolitana nos últimos anos, temos a consciência que o município e a microrregião estão sendo supridos com os serviços que temos mantido.”

Quanto aos primeiros quatro meses de 2025, o déficit piorou em relação a 2024 e gira em torno de R$ 725 mil mensais, em média. Marcelo Farinon destaca que a ‘ginástica’ das contas é constante, dia a dia, e por isso a busca de emendas continua um objetivo importante. “Mas temos, por exemplo, a revisão do teto MAC que será encaminhado ao Ministério da Saúde e já transitou em todas as instâncias no Estado. Só resta um cadastro junto ao próprio ministério. Temos aliado a isso a proposição da Lei de Incentivo aos Hospitais, que aborda justamente um auxílio e, em paralelo, outras iniciativas que estão sempre em foco, como renegociações bancárias.”

Atendimentos SUS no hospital

  • 2020: 87,22%
  • 2021: 87,51%
  • 2022: 90,77%
  • 2023: 91,38%
  • 2024: 91,71%

27.770 – foi o número de diárias de internação em 2024. Houve 22.274 pelo SUS e 5.496 não SUS. Em 2023, foram 25.905 pacientes/dia: 20.693 SUS e 5.212 não SUS.

39.196 – foi o número de atendimentos no Pronto Atendimento (PA) em 2024. Houve 24.715 atendimentos ambulatoriais SUS e 14.481 ambulatoriais não SUS. Em 2023, o total no PA foi de 31.902.

Emendas foram as principais receitas extras

Ao longo de 2024, o Hospital São Sebastião Mártir recebeu 10 emendas parlamentares que totalizaram R$ 2.666.292,91. Segundo Marcelo Farinon, esses pagamentos foram a principal fonte de receita extra da instituição, mas poderiam ter alcançado um valor ainda maior. Isso porque já havia, em ofício, a indicação de totais R$ 4,1 milhões em emendas no ano passado. “Tivemos valores bloqueados por causa da decisão do STF”, comentou o presidente, lembrando do bloqueio do Superior Tribunal Federal de indicações de emendas que não obedeceram a normas jurídicas. Com isso, o hospital tem expectativa de receber, em 2025, esse R$ 1,5 milhão que ficou trancado. No entanto, não seria um plus sobre o que já está previsto para este ano, que é chegar, pelo menos, a R$ 3,8 milhões.

Além das emendas, o hospital teve mais quatro aportes extras do Estado e da União (dois repasses de cada um), que totalizaram R$ 2 milhões. “As emendas são, de fato, muito importantes e vamos continuar buscando”, afirmou Farinon. Segundo ele, uma nova ida a Brasília, para percorrer os gabinetes dos deputados federais, deve ocorrer em outubro.

“Objetivo é manter os serviços com qualidade”

Marcelo Farinon foi eleito em 2023 e o mandato encerraria dia 31 de maio passado. No entanto, como não houve composição de nova chapa para concorrer à eleição, a assembleia decidiu pela prorrogação do tempo de gestão da diretoria executiva por mais seis meses – até novembro.

Perguntado sobre qual é a principal conquista em dois anos na presidência, Farinon afirma que não seria justo atribuir a uma pessoa ou mesmo somente a essa gestão. “Temos o envolvimento direto de todos da diretoria, das gerências e administrativo. Na verdade de todos os colaboradores e também do corpo clínico, que é o de manter os serviços com qualidade.”

O presidente observa que a instituição teve, recentemente, a recertificação da acreditação, a qual atesta a qualidade e a segurança da assistência no setor de saúde, selo que apenas 7% das instituições hospitalares do país obtiveram. “Em outra oportunidade mencionei que o hospital precisava crescer. Pois bem, ele vem crescendo. As entregas dos últimos anos evidenciam isso: a ressonância com a estruturação do CDI, nova área da hemodiálise, UTI Pediátrica, o novo Setor Administrativo, a busca de negociações para melhorias do Bloco Cirúrgico nesses últimos dias e também a nova unidade de Saúde Mental, que vai sair na sequência dos trâmites do Estado. E temos também a projeção da ampliação do Pronto Atendimento, que está sendo pleiteada.”

Até o fim de 2025

Sobre o que pretende realizar ou deixar encaminhado até o fim do mandato, Marcelo Farinon diz que o hospital sempre projeta alternativas para aliviar o déficit e chegar a um patamar financeiro sustentável. “Esse seria o objetivo, mas todos sabemos que não é de um dia para o outro e nem tão simples. Estamos tentando colocar o lado positivo e de qualidade do São Sebastião em evidência com o projeto ‘Conhecendo o Hospital’, já abrangendo a Câmara de Vereadores e se estendendo a entidades, como a Caciva. É fundamental envolver todos para entendermos que esse é o único hospital da nossa cidade e que todos precisamos dele.”

“Temos consciência que problemas sempre vão surgir, mas todas as alternativas que deixem o hospital de maneira transparente em suas ações, geram credibilidade e confiança. Trabalhar nesse sentido é o que eu gostaria de deixar encaminhado.”

MARCELO FARINON – Presidente do HSSM



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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