Recorde de atendimentos, recorde de casos, recorde de mortes. Os números relacionados à Covid em Venâncio Aires ‘gritaram’ nos últimos dias e não são nada bons. A situação mais recente e que assustou diz respeito aos quase 300 atendimentos realizados pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na última segunda-feira, 15.
As 296 pessoas que passaram pelo local entraram para uma estatística histórica – foi a maior movimentação diária desde que a UPA foi inaugurada, há quase sete anos. O número é alarmante porque a unidade tem capacidade para atender 150 pessoas por dia. “Precisamos repensar e readequar o fluxo de atendimento em Venâncio, porque atualmente está insustentável”, avaliou o superintendente administrativo da UPA, Rodrigo da Silva.
Ainda conforme ele, essa reestruturação seria importante para preservar a qualidade do atendimento médico e também o paciente que precisar esperar. Dos 193 atendimentos diários na unidade do bairro Cruzeiro, na média de fevereiro, metade é de pessoas com sintomas respiratórios, com suspeita ou confirmação de coronavírus.
Alternativa
Os quase 300 atendimentos realizados na UPA na segunda-feira passaram pelas mãos de dois médicos. Por isso, Prefeitura e Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), que administra a unidade, estudam a possibilidade de contratar mais profissionais.
Da mesma forma, o hospital também pode receber mais um médico plantonista, conforme já divulgado pela Folha na semana passada. “A sugestão foi feita e nesta quinta [hoje] o hospital deve definir. Pode ser um para o hospital, um para a UPA, ou para os dois, vamos ver o que se define”, comentou o prefeito Jarbas da Rosa.
Curiosamente, não é a falta de dinheiro o problema para as contratações, já que o serviço seria custeado com recursos exclusivos para o combate à Covid. “Existe uma demanda muito grande de profissionais em todo o sistema público. Além disso, os meses de janeiro e fevereiro são complicados porque coincidem com período de férias de muitos deles”, destacou Jarbas.
Hospital
A reunião do hospital para analisar a contratação de mais um médico ocorre na noite de hoje. Segundo o administrador, Luís Fernando da Rocha Siqueira, o encontro contará com integrantes da diretoria e demais profissionais. “Vamos analisar se efetivamente resolveria, porque talvez seja necessário contar com mais enfermeiros e mais técnicos também”, considera.
Mesmo que o hospital trabalhe com uma triagem e só atenda urgência e emergência, o administrador revela que ocorrem ‘picos de atendimentos’ e citou uma situação recente, quando apareceram três pacientes com AVC, um com parada cardiorrespiratória e três casos de Covid ao mesmo tempo para um único médico.
Atualmente, há 10 pessoas internadas na UTI Covid, portanto segue superlotada. O que também já extrapolou a capacidade foi o setor Covid. São 15 pacientes para 13 leitos disponíveis.
Atendimentos x aumento de casos
Embora entenda que a contratação de novos médicos para o hospital e a UPA possa diminuir um pouco a sobrecarga entre os profissionais, o prefeito Jarbas da Rosa diz que nada adiantará se o número de casos continuar crescendo. “Estou falando contigo [entrevista por telefone] da sacada da Prefeitura e já contei várias pessoas andando sem máscara na Osvaldo Aranha. Podemos contratar mais e vamos trabalhar para fornecer o melhor atendimento, mas a doença está aí e os casos só aumentam.”
Jarbas também comentou sobre o recorde de atendimentos na UPA, mas entende que isso não passou pelo fato de os postos de saúde estarem fechados na segunda de Carnaval. “Não mudaria o atendimento, até porque o Centro Respiratório contou com médicos normalmente. Então não adianta ter tudo aberto se os casos continuam aumentando sem parar.”
No Centro Respiratório (CAR) do bairro Gressler, a média diária nas últimas semanas tem superado os 100 atendimentos, entre consultas e testes.
Riscos
Nesta quarta-feira, 17, foram 93 novos casos confirmados. Entre a segunda e a sexta de semana passada foram 298. Para piorar, Venâncio Aires registrou mais três mortes entre o fim de semana e esta terça-feira, somando agora 45 óbitos.
Para o prefeito, essa piora nos índices pode ser determinante para uma reclassificação de bandeiras. “Os números da região não são bons e Venâncio piorou nos últimos dias. Podemos chegar a uma situação sem reversão que pode pesar e ficarmos em bandeira preta.”
Vale lembrar que essa classificação estadual significa risco altíssimo para o coronavírus e pode acarretar em diversas restrições.
Óbitos
O último óbito foi confirmado em Venâncio Aires na terça, 16. Uma mulher de 87 anos com comorbidades cardiovasculares e pneumopatia. Ela estava internada desde o dia 7 deste mês no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). No sábado, 13, morreu uma mulher de 89 anos, que tinha Alzheimer. Já no domingo, 14, faleceu um homem de 84 anos, que tinha como doenças associadas Alzheimer, Parkinson e problemas cardiovasculares.
“Já estamos alertando há mais tempo, prevendo as dificuldades. As pessoas ainda não acreditam, mas pode sim acontecer um colapso na saúde.”
JARBAS DA ROSA – Prefeito
O toque de recolher entre 23h e 6h, adotado no último fim de semana até a terça de Carnaval pode ser retomado nos próximos dias. Segundo o prefeito, a situação será reavaliada nesta sexta, quando o Estado divulga o mapa preliminar do Distanciamento Controlado.
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