O cenário ainda não é de total tranquilidade. As ‘marcas’ da Covid-19 estão por todos os lados. Seja nas paredes, onde um dia houve divisórias, para isolamento de setores e pacientes, seja na vida dos profissionais que, há quase um ano e meio, convivem diariamente com os riscos impostos pelo vírus que assolou o mundo. Entretanto, em comparação com o momento mais crítico da pandemia – entre fevereiro e março de 2021 -, pode-se dizer que há um sentimento comum, de alívio, no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM).
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As perdas são irreparáveis e as lembranças das pessoas que foram vencidas pelo coronavírus vêm a todo momento, como se não fosse possível permitir às equipes da casa de saúde um olhar no futuro, como se algo impedisse a esperança de um ‘novo normal’ no horizonte. Ainda há bem mais do que os normais 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) instalados, os pacientes graves seguem sendo internados, no entanto em número muito menor do que nas épocas de pico, quando o caos se instalou na instituição.
O arrefecimento da pandemia, oportunizado em razão do avanço da vacinação, reforça a expectativa de que, em breve, a vida deve voltar aos trilhos. E, nesta esteira, surge a certeza de que o hospital de Venâncio Aires precisa retomar seu funcionamento. “Passamos por muita coisa. Teve a necessidade de fechamento do PA e montagem de UTI lá. Tivemos o isolamento do hospital, o cancelamento de cirurgias eletivas, por vezes suspensão, por vezes redução. Isso foi mudando ao longo da pandemia. O que eu acho mais importante é focar no agora e no adiante. Como presidente, eu imagino que está chegando a hora de a gente tratar a Covid-19 como uma doença igual às outras. Não vamos manter uma estrutura hospitalar específica. Vamos ter o setor e, provavelmente, leitos de UTI específicos”, projeta o presidente Luciano Spies.
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O dirigente acredita que os recursos relacionados à Covid devem ficar mais escassos, gradualmente. Ele reforça a opinião de que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve passar a tratar a doença como as demais. “O que deve acontecer é a redução de leitos de UTI que foram abertos em função da Covid. Os casos vêm reduzindo dia a dia, tanto pelo avanço da vacina como pelo contágio das pessoas, que se curam e já têm os anticorpos”, analisa. Para Spies, o cenário de maior tranquilidade deve mesmo se confirmar, “a não ser que novas cepas ou variantes possam surgir e agravar a pandemia”. Porém, o presidente acredita que a vacina deve cumprir a sua função. “Penso que a gente precisa retomar as cirurgias eletivas, ir reduzindo aos poucos tanto os leitos de UTI quanto os leitos clínicos de Covid, obviamente, a partir do acompanhamento da redução da doença no município. Temos que retomar o dia a dia do hospital, não podemos mais pensar o hospital somente em função da Covid. Confio que o pior nós superamos”, argumenta.
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