O calendário vacinal brasileiro prevê, até o primeiro ano de vida, que as crianças seja imunizadas contra cerca de 12 tipos de doenças. Isso, em outros tempos, era algo impensável, seja pela falta de medicação ou de informação.
No caso de Lucilla Melânia Bohn, ela já tinha 10 anos quando recebeu a primeira vacina na vida – em 1945, em Vila Arlindo, no interior de Venâncio Aires, onde nasceu e cresceu. “Eu era sempre bem magrinha, mas a gente foi se criando, sem todas as vacinas que têm hoje”, destacou.
Mais de 75 anos depois de receber uma picada na perna esquerda contra a varíola, marca que tem até hoje, Lucilla passou a contar com mais uma marquinha entre tantas que o tempo já lhe deixou. Nesta sexta-feira, 22, a aposentada foi a primeira idosa do Lar Novo Horizonte a ser vacinada contra a Covid. “Estou muito feliz e a gente esperou muito por isso.”
Lucilla foi uma das residentes infectada pelo vírus, durante um surto no mês de agosto que acometeu 11 idosos e oito funcionários. “Felizmente não houve sintomas graves e todos se recuperaram muito bem. Ficamos mais tranquilos com essa primeira dose, mas todos os cuidados seguem”, informou a responsável técnica e enfermeira, Francini Bernardi.
Para as visitas, que devem ser agendadas e duram entre 15 e 30 minutos, são permitidas duas pessoas por vez. Quem visitar não deve estar com sintomas e também não pode o contato físico.
História
Lucilla mora no Lar Novo Horizonte desde 2017, quando decidiu ir por conta. Solteira, não casou, nem teve filhos. Durante mais de 30 anos, foi enfermeira em hospitais de Santa Cruz do Sul e Lajeado e, quando se aposentou, voltou para o ‘seu canto’, em Vila Arlindo.
Caçula entre cinco irmãos, ela retornou para casa para cuidar da mãe, que viveu até os 88 anos, e dos irmãos mais velhos. Quando todos faleceram, Lucilla criou de uma sobrinha neta, que também é afilhada, e tinha perdido a mãe ainda pequena. “Depois que ela cresceu, eu sabia que precisava seguir a vida dela. Por isso vim para cá. Agora faz tempo que ela não vem por causa da Covid. Mas já que vacinei, vai dar para matar a saudade.”
Feliz no seu lar, Lucilla diz que adora caminhar, tomar chimarrão e fazer tricô. “Tenho muitas encomendas.” No próximo dia 5 de março, ela completa 86 anos e diz, orgulhosa, que vai muito bem de saúde. “Com Deus na frente e agora essa vacina, a gente vai longe ainda.”
35 – foi o número de idosos vacinados ontem no Lar Novo Horizonte. O mais velho tem 97 anos e a mais nova 70 anos.
Além do Lar Novo Horizonte, equipes da Secretaria de Saúde vacinaram os idosos do Residencial Geriátrico Bem Estar. Ao todo, foram enviadas 61 doses para pessoas que vivem em Instituições de Longa Permanência para Idosos (Ilpi) em Venâncio Aires.
