Até a última semana, depois de 45 dias de queda em internações e novos casos Covid, havia a possibilidade de o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) desativar os cinco leitos da chamada terceira Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
No entanto, o Município voltou atrás e decidiu manter a estrutura por, pelo menos, mais 30 dias, devido ao aumento de casos em outras regiões. Essa demanda estadual já ‘respingou’ em Venâncio Aires e os leitos de UTI se esgotaram novamente no fim de semana (chegou a 24 internações, um mais que a capacidade) com a transferência de pacientes de outras partes do Estado.
Na tarde desta segunda-feira, 31, o hospital tinha 21 pacientes internados nas suas três UTIs, sendo 17 com Covid (três eram de municípios de fora da microrregião). “Nós tivemos uma situação mais controlada de novos casos e internações Covid, mas no fim de semana, em função do ‘vaga zero’, encaminharam quatro pacientes de outras regiões”, destacou o presidente do HSSM, Luciano Spies, durante entrevista à rádio Terra FM.
O ‘vaga zero’ que ele se referiu é um termo técnico do sistema de regulação e controle dos leitos, pelo qual o Estado pode transferir um paciente, independente da região que for, a um hospital que tenha melhor estrutura e capacidade. Na prática, Venâncio acaba sendo destino não apenas da microrregião (Vale Verde, Passo do Sobrado e Mato Leitão), mas de onde houver urgência.
Ainda no fim de semana, os leitos de UTI novamente superlotados mexeram em outra ponta e todo setor de emergência foi impactado, o que acarretou na emissão de um alerta por parte do hospital. “Tivemos que fazer esse alerta porque a UTI é instalada junto ao PA e isso faz com que a equipe esteja envolvida nesses atendimentos. Então poderia haver esse prejuízo no tempo de atendimento dos particulares e convênios”, explicou Spies.
Preocupação
Embora Venâncio esteja com uma situação de estabilidade ou, no mínimo, mais tranquila em relação a meses anteriores, ter todos os leitos de UTI ocupados devido ao ‘vaga zero’ é motivo de preocupação. “Esse sistema de regulação não tem como evitar. Havendo leito extra, o Estado pode enviar de outra região para cá. Venâncio está numa situação de estabilidade de novos casos, mas essa não é a realidade de outras regiões, onde já tem 100% de leitos ocupados. O ideal era trabalhar com esses leitos de salvaguarda”, apontou Spies.
A situação citada pelo presidente também foi destacada pelo administrador do hospital, Luís Fernando Siqueira, durante entrevista ao programa Terra em Um Hora, da rádio Terra FM. “Desde o início da pandemia, de paciente com Covid, o hospital de Venâncio nunca mandou para outro município. Por outro lado, nós temos certamente 10 pacientes que já recebemos de fora. E as UTIs sempre preocupam porque são pacientes de longa permanência e, com essa dificuldade em outras cidades, ligamos o alerta.”
“Há um crescimento de casos em outras regiões. Pela experiencia de março, vai respingar aqui. É um panorama de todo estado, por isso a importância e a prudência de manter esses cinco leitos de UTI. Mas precisamos evitar a disseminação mais uma vez, porque tivemos próximo do colapso do sistema de saúde e não podemos enfrentar aquela situação de novo.”
LUCIANO SPIES – Presidente HSSM
Estrutura
Os 23 leitos UTI no HSSM serão mantidos, mas, a partir desta terça-feira, 1º, oito leitos clínicos Covid deixarão de ser exclusivos para pacientes com coronavírus e voltam a ser usados para internações de outras doenças. Com isso, além das UTIs, seguem à disposição o setor ‘Covid 2’, com 19 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS).