O verão no Rio Grande do Sul nunca foi fácil. Dias ou semanas de altas temperaturas, tempo seco e aquela sensação de sufoco para quem está na rua. Assim foi ontem e boa parte da semana. Na quinta-feira, 7, por exemplo, os termômetros chegaram a 35 graus no centro de Venâncio Aires.
À mercê do sol forte, do calor e da dificuldade de respirar, muita gente vem circulando com a máscara sob o queixo, na mão e alguns, seja por coragem ou indiferença, a deixam em casa. Já outros usam à risca e sempre a ‘ajeitam’, se certificando que nariz e boca estão bem cobertos.
Para estes últimos, a orientação dos órgãos municipais é de que continuem assim. Aos outros, que não usam ou usam às vezes, o pedido é de colaboração. Por isso, através da campanha ‘Não dê férias para sua máscara’, a Prefeitura retomou as fiscalizações, seja nas ruas ou no comércio.
Desde a quinta-feira, dezenas de fiscais da várias áreas (Meio Ambiente, Trânsito, Obras, Posturas, Tributário e da Vigilância Sanitária), percorrem estabelecimentos e fazem um ‘corpo a corpo’ na rua para orientar sobre as exigências dos protocolos Covid. A ação, que seguirá nos próximos dias, foi o que a Administração chamou de ‘retomada da conscientização’, para evitar que o cenário da doença no município piore – só nesta semana foram 151 casos e a confirmação da 33ª morte.
“’Tá’ um calorão, o sol é forte, mas tem que usar”, definiu a agricultora aposentada Maria Teresinha Fischer, 64 anos. Moradora de Linha Olavo Bilac, ela estava na cidade na quinta à tarde para fazer ‘o mercado’ e pintar o cabelo. Enquanto aguardava o marido, procurou uma sombra e garantiu: só tira a máscara em casa. Os cuidados pessoais, segundo ela, são de toda a família e, felizmente, ninguém teve Covid.
Situação diferente vivida pela dona de casa Marisa Goreti, 45 anos. Ela, a mãe e vários familiares pegaram o vírus. “Fiquei nove dias internada, com falta de ar e pulmões comprometidos”, conta. Mesmo que já tenha tido contato com o vírus, ela afirma que não sai sem máscara. “Quem garante que a gente não pega de novo? Então vou me proteger e proteger os outros. É o certo.”
Barreira
Embora entenda que o calor cause desconforto a muitas pessoas, a médica infectologista Sandra Knudsen destaca que máscara é fundamental para prevenir a transmissão do vírus, pelo menos até que se tenha uma vacina já implementada.
“Já está amplamente comprovado que a principal forma de contágio é por partículas virais expelidas durante a fala, tosse e espirros. Portanto, a barreira mecânica fornecida pela máscara ajuda muito. É importantíssimo mantermos o uso nesse momento, principalmente quando estamos próximos a outras pessoas ou ambientes fechados, independente do calor que estamos enfrentando.”
Sobre as altas temperaturas, a médica sugere uma adaptação nos tecidos. “O que podemos fazer para amenizar o desconforto no verão é evitar máscaras de cor escura, que absorvem o calor, e preferir os de cor clara, que o refletem. Também é importante trocar a máscara sempre que estiver úmida.”
Paciência
A vice-prefeita, Izaura Landim, que há muito usa máscaras por causa da profissão de enfermeira, diz que entende as dificuldades das pessoas com a adaptação do item. Mas pediu um pouco de paciência aos venâncio-airenses. “Para quem nunca usou, é mais difícil. Mas nunca imaginamos passar por uma pandemia e ela nos obrigou a nos adaptar. Então é preciso paciência e compreensão. E assim como adaptamos as roupas para o verão, vamos adequar os tecidos das máscaras”, sugere.