O secretário de Saúde de Venâncio Aires, Tiago Quintana, visitou o Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul, na semana passada, para conhecer a estrutura de atendimento e buscar melhorias na prestação de serviços de oncologia aos pacientes da Capital do Chimarrão que realizam tratamento contra o câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além de tentar agilizar o início do tratamento após o diagnóstico, Venâncio lidera uma mobilização pelo atendimento mais rápido de pacientes da região na área da oncologia.
Quintana explica que o Hospital Ana Nery está passando por um processo de adaptação a um novo sistema de regulação de consultas médicas, o Gerenciamento de Marcação de Consultas (Gercon). Ele afirma que o sistema acaba encaminhando pessoas que estão à espera de consulta por muito tempo de cidades mais distantes e não pode filtrar somente pela região mais próxima. “Está sendo implementado gradativamente. Já vi pessoas dizendo que depois de um tempo, o sistema ajudou a melhorar o processo. Vamos ter que aguardar e ver como ficará para nós”, afirma. Até o momento, a percepção é de atraso na liberação do tratamento.
O secretário comenta que o hospital não deixou de atender pacientes da região, principalmente de Venâncio Aires. Só que, agora, com o novo sistema estadual, pessoas de mais cidades também são encaminhadas para o Ana Nery, em Santa Cruz do Sul. “É uma demanda que vem do Governo do Estado, gerenciada pela Secretaria Estadual de Saúde. O Hospital Ana Nery somente atende”, completa o titular da Saúde.
O responsável pela pasta reforça que o tempo de espera de cada paciente pode variar, em função da especialidade ou da doença que precisa ser tratada. “A maior demora que temos, no momento, é na área de urologia. Temos pessoas do início de 2021 sendo atendidas agora. Em outras especialidades, a fila flui sem muita demora”, diz. Quintana ressalta que a pandemia e a ausência de profissionais também ajudou a gerar este reflexo negativo de espera.
Referência
Diretor do Hospital Ana Nery, Gilberto Gobbi afirma que a demanda de atendimentos oncológicos na região e estado vem aumentando nos últimos anos e a previsão é de continuar crescendo. O Ana Nery, que já era referência nos atendimentos na área para 33 municípios, passou a atender 49. Esse fato, segundo Gobbi, se dá em virtude da dificuldade de serviços locais absorverem esta demanda e, ao mesmo tempo, prova o esforço da equipe do Ana Nery em oferecer a melhor prestação de serviço.
Gobbi esclarece que o sistema usado anteriormente para a marcação de consultas oncológicas se chamava Sisreg, também gerenciado pelo Estado, porém as consultas eram solicitadas por municípios exclusivos, para os quais o hospital era referência. Agora, com o Gercon, o sistema pode ser usado por pacientes de outras regiões, dependendo da gravidade do caso. “Em princípio, acreditamos que o sistema trará reflexos positivos no futuro, desde que se consiga efetivar as melhorias que já estão sendo propostas pelos serviços e pelos municípios, visando uma aplicabilidade mais efetiva e com a imprescindível rapidez necessária”, argumenta.
O diretor salienta que a instituição de saúde manteve o mesmo número de consultas do sistema anterior, sem redução do volume de atendimentos. “Hoje, o Hospital Ana Nery é referência para 49 municípios gaúchos, da nossa região e de fora dela, fruto do trabalho de todos que proporcionam um atendimento humanizado e adequado, aliando tecnologia com humanização”, observa.
“Não vamos deixar de atender nenhum paciente da região”
A responsável pela 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Mariluci Reis, explica que o novo sistema, chamado Gercon, está sendo usado na Coordenadoria há aproximadamente três meses e ainda está em processo de adaptação. Ela comenta que o sistema se mostra um pouco diferente do anterior, pois destina uma parcela de 10% dos atendimentos da oncologia para pacientes de todo o estado, que em seu município ou região, não tenham hospitais de referência. “Não é que vamos atender a partir de agora todo o Rio Grande do Sul, a prioridade continua sendo regional”, garante ela.
Mariluci acrescenta que os casos de municípios de fora da região são de pacientes que aguardam na fila de espera há muito tempo. Desde a implantação do sistema, somente um paciente do outro município da região foi atendido, pois esperava o atendimento há dois anos. A coordenadora enfatiza que as equipes trabalham diariamente no funcionamento e adequação do programa. “Esse processo é momentâneo. Pode ter atrasado algumas consultas, mas nenhum paciente deixou de ser atendido e não vamos deixar de atender nenhum paciente da região”, assegura a coordenadora da 13ª CRS.
- 300 é o número de pessoas de Venâncio Aires que, neste momento, realizam tratamento oncológico no Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
- 74 é o número de venâncio-airenses que aguardam o primeiro atendimento na área oncológica. A Secretaria de Saúde afirma que as maiores filas de espera são nas especialidades de urologia e cabeça/pescoço.
Aumento de custeio para saúde
• Outro pedido venâncio-airense é para que se inclua na pauta da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) mobilização junto ao Ministério da Saúde para aumentar o custeio do serviço de oncologia na região.
• Foi solicitado também que prefeitos emitissem notas apoiando a causa. O secretário Tiago Quintana explica que há busca de apoio de lideranças políticas na região, como prefeitos, deputados e senadores. “Com o aumento deste custeio, poderemos atender mais pessoas. Em âmbito estadual, já estamos fazendo a nossa parte e, agora, cabe ao Governo Federal nos dar uma resposta positiva”, defende.
O diagnóstico e a importância do tratamento precoce
Paulo Haas, de 67 anos, descobriu recentemente um câncer de próstata em estágio inicial. A desconfiança de alguma anormalidade começou depois de o aposentado fazer um exame de rotina em uma das ações do Novembro Azul. A biópsia, que confirmou o resultado, foi feita no dia 27 de dezembro. Duas semanas depois, o seu nome já estava na lista das pessoas que esperam pelo primeiro atendimento oncológico.
Haas ainda aguarda ser chamado para dar início ao tratamento para cirurgia, pois segundo o que médicos relataram, caso iniciado de imediato, a precocidade evita quimioterapias e tratamentos mais invasivos. “O médico me disse que o tumor é bem pequeno, mas que se eu não der atenção a isso, posso ter somente mais um cinco anos de vida”, alerta.
Maria Clair, esposa de Haas e voluntária na Liga Feminina de Combate ao Câncer desde 2014, acompanha todo o processo do marido e observa que é preciso que o tratamento dele inicie o quanto antes. “Estamos esperando a consulta com especialista, em Santa Cruz do Sul, no Ana Nery. Como o câncer está pequeno e bem localizado, esperamos que seja o quanto antes para tratar logo”, diz.
LEIA MAIS: