Município oferece suporte a usuários de drogas, mas adesão ao serviço é voluntária

A desarticulação de uma organização criminosa estruturada, que usava pontos de coleta de recicláveis como fachada para receptação de furtos e tráfico de drogas, reacendeu nesta semana o debate sobre o enfrentamento às drogas em Venâncio Aires.

No município, o suporte aos usuários de drogas que desejam se livrar do vício é ofertado de forma gratuita pela Prefeitura e envolve atendimentos profissionais, grupos terapêuticos e encaminhamentos para internações quando necessário. Porém, para ter acesso a todos esses serviços, a busca precisa partir de forma voluntária por parte do próprio usuário.

“A gente tem ciência de toda essa situação envolvendo a comercialização de drogas, mas nós não temos como intervir diretamente junto aos usuários porque eles realmente têm que querer sair dessa situação de forma voluntária e, a partir disso, buscar os nossos serviços. Dispositivos para ajudá-los a sair dessa situação existem”, menciona a coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) de Venâncio Aires, a enfermeira Patrícia Antoni.

Ela explica que o local é a porta de entrada para o tratamento aos usuários. “Após um acolhimento inicial, é construído um plano terapêutico individualizado, com atendimentos de psicólogo, psiquiatra e assistente social, além de oficinas e grupos terapêuticos. Participantes têm acesso a transporte, café da manhã e almoço nos dias de atividades”, menciona.

A internação é tratada como recurso secundário, apenas em casos mais graves, mediante regulação estadual, e sempre de forma voluntária. “Muitos ainda acreditam que a internação resolve tudo, mas ela é apenas uma etapa, e o sucesso do tratamento depende do engajamento da pessoa”, explica.

SOBRE O CAPS AD

O Caps AD atende entre 180 e 200 pessoas por mês. O serviço está localizado na Rua 13 de Maio, número 1543, no Centro, e o atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 17h30min, com exceção das terças-feiras pela manhã, quando o serviço fecha para reunião de equipe. O telefone para contato é (51) 2183-0787.

Casos extremos podem envolver internação compulsória, explica defensora pública

Segundo a defensora pública de Venâncio Aires, Luciana Artus Schneider, casos mais extremos relacionados ao consumo de drogas podem exigir a internação compulsória, que é uma medida excepcional, solicitada judicialmente, voltada à desintoxicação e estabilização do paciente. Essa internação dura, em média, de 7 a 21 dias, e serve para interromper o ciclo do uso intenso de substâncias, permitindo ao usuário refletir sobre sua situação e iniciar um tratamento.

Luciana explica que a Defensoria atua para retirar essas pessoas de contextos altamente nocivos, muitas vezes marcados pela miséria, uso contínuo de drogas e pela prática de pequenos crimes para sustentar o vício. “É um círculo vicioso muito difícil de romper. Tentamos trazer o paciente para o Caps AD, envolver a família, ofertar medicação e apoio”, relata.

AVALIAÇÃO DO SISTEMA

A defensora pública avalia positivamente a rede de apoio oferecida aos usuários de drogas no município. Para ela, o sistema de atendimento via Caps AD funciona e oferece alternativas reais de tratamento. No entanto, faz o alerta sobre a necessidade de engajamento contínuo: “É um serviço de saúde pública que tem que ter engajamento do Município para resolver, porque senão não se resolve. A traficância acaba se aproveitando dos usuários e aí acontecem pequenos delitos cada vez mais frequentes.”

Ela também menciona que há limitações na oferta de vagas para internações, que atualmente são referenciadas em municípios vizinhos e possuem regulação estadual. “Se houvesse mais vagas ou unidades próximas, o sistema seria ainda mais eficiente”, conclui.