Zilá da Silva Fett, de Linha Taquari Mirim, está na expectativa para a cirurgia de catarata e voltar a fazer tricô ou crochê sem limitações (Foto: Arquivo pessoal)
Zilá da Silva Fett, de Linha Taquari Mirim, está na expectativa para a cirurgia de catarata e voltar a fazer tricô ou crochê sem limitações (Foto: Arquivo pessoal)

Cirurgias para catarata e oito tipos de exames que estão represados em Venâncio Aires já começaram a ser feitos.

O valor de R$ 1,55 milhão (R$ 800 mil repassados pela Câmara de Vereadores e R$ 750 mil de recurso próprio da Prefeitura de Venâncio Aires) anunciado para reduzir as filas por exames e de cirurgias, já vem sendo aplicado. Nos últimos dias, começaram a ser realizados os quase 3,3 mil exames previstos dentro de oito especialidades e os 210 procedimentos de facectomia (catarata).

No caso das cirurgias, essas duas centenas fariam cair pela metade a atual demanda reprimida, que contabilizava, dia 29 de setembro, 405 pessoas na fila de espera para correção do problema nos olhos. Segundo o secretário de Saúde de Venâncio Aires, Alan Flores da Rosa, o mutirão começou a ser feito no início de setembro, em Encantado e Porto Alegre. “Além dessas com o recurso específico tem aquelas realizadas mensalmente e custeadas pelo Estado. São 12 cirurgias por mês, em Candelária. Então além das 210 terão mais 36 até dezembro, chegando a 246 pacientes”, explica o secretário.

Expectativa

Entre o que aguardam para voltar a enxergar melhor, está Zilá da Silva Fett, 64 anos. A agricultora aposentada mora em Linha Taquari Mirim e descobriu o problema em outubro de 2024. “Fazendo uma visita de rotina com oftalmologista, descobri catarata nos dois olhos. Já vinha sentindo falta de visão há mais tempo, mas não imaginava que seria catarata.” Com o diagnóstico em mãos, encaminhou a documentação para a Secretaria de Saúde e, em novembro do ano passado, enviaram para Candelária (município referência SUS para Venâncio). “Daí era aguardar. Amigos meus falaram que era uma espera de dois anos ou mais. E não tenho como fazer particular, então o certo seria aguardar. Em março de 2025, liberaram para a primeira consulta em Candelária, demorou um pouco, Candelária chamou em julho, fizeram exames e continua a espera, mas com esse mutirão, vai agilizar para muito gente”, destaca Zilá.

Qualidade de vida ‘embaçada’

Nesse um ano de espera, Zilá conta que teve a rotina limitada para diversas atividades. “Pensando em tempo de deficiência visual, sempre digo que cada órgão do corpo tem seu valor, mas a visão, pra mim, é prioridade. Saio muito, dirijo, estou em volta dos netos. Mas de noite já não saía mais. Mesmo no dia a dia, com a visão embaçada, não consigo ver longe. Para eu costurar, fazer tricô ou crochê, fica limitado. Consigo só as prioridades e olhe lá. Até brinco que, a hora que fizer a cirurgia, vou enxergar de novo a sujeira da casa e o encardido das roupas.”

Ainda para a aposentada, ela entende que está numa idade em que a qualidade de vida é fundamental. “Com minha visão, eu tinha vida, mas a qualidade de vida ficou ‘embaçada’, porque tem muita limitação e não adianta colocar óculos ou aumentar o grau. Então estou muito feliz.” Com o mutirão, Zilá tem a cirurgia marcada para o dia 8 de novembro, em Encantado. Inicialmente, fará num dos olhos, para posteriormente corrigir o outro. “Minha expectativa está a mil e quem sabe nem precisarei mais de óculos.”

As consultas pré e pós-operatórias para catarata ocorrem na Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Tecla.

Tempo de espera para exames pode cair pela metade

Além das cirurgias de catarata, até o fim do ano o objetivo da Administração Municipal é diminuir consideravelmente a demanda reprimida de exames de ecografia, tomografia, ressonância, colonoscopia, endoscopia, ecodopler, ecocardios e holter 24 horas. Juntos, eles somam 3.295 análises que devem ser feitas até dezembro.

“Hoje, daqueles exames solicitados como normais, que não são urgentes, o tempo médio de espera está em quatro meses. Uma fila nunca é zerada porque sempre vão sendo incluídos novos, mas fazendo esses mais de 3 mil até o fim do ano, o tempo de espera pode baixar para dois meses”, avalia o secretário de Saúde, Alan Flores da Rosa. Ele complementa que se tratam de exames já regulados, ou seja, que já passaram pelo médico, mas que ainda há em torno de 700 por regular. Portanto, a demanda atual seria de 4 mil pessoas esperando por esses exames.

As análises começaram a ser feitas na última semana, a maioria delas em Venâncio Aires e parte em Santa Cruz do Sul.

Exames regulados (já passaram pelo médico)

• Ecografia: 1.500
• Tomografia: 290
• Ressonância: 360
• Colonoscopia: 320
• Endoscopia: 120
• Ecodopler: 160
• Ecocardios: 375
• Holter 24 horas: 170

Total: 3.295