upa Venâncio Aires
Foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate

A manifestação do vereador Renato Gollmann (PTB), na sessão da Câmara de segunda-feira, 22, de que pacientes que procuram a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com sintomas de coronavírus ou já positivadas, estariam sendo orientados a utilizar apenas o Paracetamol, repercutiu e culminou com uma reunião, ontem, da qual participaram, além do parlamentar e seu assessor, Renan Konrad, o coordenador e o responsável técnico da UPA, Rodrigo da Silva e o médico Luiz Domingos Lizza Dalprá, respectivamente.

Após o encontro, Gollmann – que defende a prescrição do chamado kit Covid, com medicamentos como Hidroxicloroquina, Ivermectina e Azitromicina – e Konrad estiveram na Folha do Mate e disseram que os representantes da UPA explicaram que cada médico tem autonomia para prescrição dos medicamentos, embora exista um protocolo da Administração com sugestões e procedimentos para aplicação na fase inicial da doença. Silva e Dalprá foram contatados para falar a respeito do tema. O coordenador informou que não se manifestaria por não ser médico. Dalprá classificou o assunto como de “economia interna”.

Documento

Embora o médico tenha preferido não falar sobre o que foi tratado na reunião, a reportagem teve acesso a um documento que ele encaminhou à Mesa Diretora da Câmara de Vereadores e que foi repassado a Renato Gollmann. No comunicado, Dalprá informa que a intenção é esclarecer aos vereadores e à comunidade em geral sobre os cuidados prestados aos pacientes que procuram a UPA e Centro Respiratório instalado junto à unidade. O médico destaca que “diante desta catástrofe humana, na qual estamos imersos há um ano, os esforços das melhores e maiores autoridades mundiais no tratamento do Covid-19 se revelaram totalmente insatisfatórios”.

Em Venâncio Aires, segundo o profissional, “o Núcleo Covid está atualizando e discutindo semanalmente as melhores evidências científicas produzidas por estes especialistas em todo o planeta no tratamento de pacientes com Covid e as adotamos imediatamente”. Dalprá salienta que “está sugerido” aos médicos que atuam na Capital do Chimarrão um protocolo com sugestões e procedimentos com evidências (não plenamente confirmadas até o momento) de medicamentos que poderiam amenizar ou melhorar os resultados em pacientes acometidos pelo vírus (em especial na fase 1 da doença). “Mas, infelizmente, não funciona para todos”, diz a nota. Os nomes dos medicamentos não são informados.

“Mais pessoas me procuraram dizendo que não adianta ir na UPA, que só sai receita de Paracetamol de lá. Então, não sei a quem cabe a orientar os médicos e as pessoas que o tratamento precoce é eficaz, sim”.

RENATO GOLLMANN – Vereador do PTB

Divergências

Há destaque ainda para o fato de que “os melhores infectologistas e autoridades mundiais no tratamento desta doença ainda divergem, e muito, sobre a eficácia destes medicamentos, em especial na primeira fase da doença (primeiros 4 a 6 dias)”. Além disso, o documento ressalta que “não se pode afirmar responsavelmente que prescrever Paracetamol está errado em qualquer fase da doença”. Dalprá salienta ainda que, dentro das universidades, há inúmeros professores especialistas e infectologistas experts em infecções virais e que desaconselham a prescrição do kit Covid.

O profissional reforça que “o médico tem plena autonomia para prescrever o melhor tratamento para cada paciente, segundo sua convicção, informações das quais dispõe e análise das evidências presentes no momento do atendimento”. De acordo com ele, é fundamental a adoção das medidas de prevenção já conhecidas por todos. Na sua opinião, os cuidados preventivos, somados à vacina, que no momento está em fase inicial de aplicação, “nos fará superar este momento tão crítico”.