Atualmente, 236 moradores de Venâncio aguardam na fila por cirurgias eletivas no Hospital São Sebastião Mártir.
Venâncio Aires fechou o primeiro semestre de 2025 com 500 cirurgias eletivas realizadas no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Entre diversos procedimentos como hernioplastias, colecistectomias, histeroctomias e vasculares, o número é 22% maior que os primeiros seis meses de 2024, quando foram 409 cirurgias – aquelas que, no conceito estabelecido pelo Ministério da Saúde, não são emergência, ou seja, podem esperar um pouco.
Segundo a Prefeitura, o aumento passa pelo maior valor investido e na capacidade do hospital em fazer as cirurgias. “Aumentamos as cotas esse ano, mas não fizemos mutirão esse ano e nem ano passado. Quanto mais recurso colocado, mais cirurgias são realizadas. Para isso, dependemos do orçamento, onde temos que projetar para o próximo ano, pois o de 2025 já está comprometido. A não ser que venha uma emenda que não estejamos contando ou sido avisados ainda”, observa o secretário de Saúde de Venâncio, Alan Flores da Rosa.
Quanto aos valores, foram investidos R$ 2,1 milhões no primeiro semestre de 2025, sendo que, em todo 2024, o recurso repassado para as eletivas chegou a R$ 3,4 milhões. “Não fizemos ainda a projeção para os próximos seis meses, mas acredito que pode passar dos R$ 4 milhões até o fim do ano”, estima o secretário. O custo total sempre varia, porque cada procedimento tem um valor específico e a Prefeitura paga (com recursos próprios, mais parte do Estado e da União) por produção. “Mensalmente, recebemos R$ 117.829,37 do Estado, valor que só pode ser usado para cirurgia de traumatologia. As outras cirurgias e o valor que falta para as de traumato, são pagas com recursos próprios”, observa Michele Brandt, responsável pelo setor de regulação das cirurgias eletivas da Secretaria de Saúde.
Contrato com o HSSM para cirurgias eletivas
No contrato entre Prefeitura e HSSM, estão previstas 1.224 eletivas por ano. Sobre a possibilidade de os procedimentos diminuírem durante o inverno, em função do aumento de casos de síndrome respiratória e que demandam internações, o presidente do hospital, Marcelo Farinon, informou que o trabalho segue. “Estamos com as médias em dia, tudo normal por enquanto, inclusive temos muitas de emergência que não entram nesses quantitativos.”
Michele Brandt, do setor de regulação da Secretaria de Saúde, destaca que o tempo de espera é relativo. “Todas as cirurgias que o hospital consegue dar conta de fazer, a Prefeitura paga. Então a espera se dá porque alguns ainda não têm exames prontos pré-operatórios ou já estão com tudo pronto, dependendo do agendamento do hospital.”
861 – foi o número de eletivas realizadas no HSSM em 2024.
Cirurgias eletivas fora de Venâncio
Além do que é feito em ‘casa’, há outros procedimentos feitos fora de Venâncio Aires: vascular alta complexidade, cardiologia e traumatologia alta complexidade (Hospital Santa Cruz); neurocirurgia (em Santa Maria); urologia (Hospital Santa Bárbara, em Encruzilhada do Sul); catarata (Candelária); oncologia (hospitais Ana Nery, em Santa Cruz; Bruno Born, em Lajeado; e hospitais de Porto Alegre); otorrinolaringologia (Hospital Monte Alverne).
Segundo Michele Brandt, as cirurgias eletivas feitas fora de Venâncio são controladas pelo sistema Gerint (Gerenciamento de Internações hospitalares), com as filas gerenciadas pelos hospitais prestadores. “A Prefeitura não gerencia essa fila de agendamentos e o número de pacientes na espera por essas cirurgias fora do município é interna, de cada prestador.”
Ranking dos procedimentos
Entre as cirurgias mais comuns, estão as de hérnia, vesícula, vascular e ginecológica. Em 2025, até 30 de junho, conforme dados da Secretaria de Saúde de Venâncio, foram 35 de colecistectomia (para a remoção da vesícula biliar), 31 de varizes e 29 de hernioplastia.
“Foram pouquíssimos meses de espera”
Ana Vitória da Silva Musa, 25 anos, entrou na lista de espera em outubro de 2024 e realizou a cirurgia em abril de 2025. Moradora do bairro Brígida, onde trabalha na área da beleza como lash designer, ela tinha insuficiência venal crônica (condição em que as veias das pernas têm dificuldade em retornar o sangue ao coração).
Para Ana Vitória, tudo foi mais rápido do que ela imaginava. “É um problema hereditário, que doía muito mesmo. Foram pouquíssimos meses de espera. Consultei primeiro no postinho do bairro Cruzeiro, depois no Centro de Especialidades, fiz exames rapidamente e na Secretaria de Saúde fui encaminhada para o hospital. Lá fui muito bem atendida e a recuperação está 100%.”
Mutirão de 2,8 mil exames segue
Durante o programa Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM 105.1, na quinta-feira, 3, o prefeito Jarbas da Rosa comentou sobre o mutirão de exames que ainda vem acontecendo em Venâncio Aires. Anunciado em março, com o objetivo de atender cerca de 1,5 mil pessoas que estavam na fila de espera para realizar diferentes tipos de exames médicos, Jarbas informou que o mutirão deve levar, ainda, cerca de dois meses. “São 2,8 mil exames que vão atingir uma proporção importante das pessoas que estavam na fila. Tivemos, nos primeiros 30 dias, uma dificuldade com relação à contratação, porque a demanda foi tão grande que nossos laboratórios e centros de diagnósticos de imagem não tinham como absorver tudo. Então diluímos isso em quatro meses e a ideia é terminar nos próximos 60 dias”, relatou o prefeito.
O mutirão é uma parceria entre a Prefeitura, o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e o Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale). Foram ampliados exames de ecografia, tomografia, ressonância magnética, colonoscopia, endoscopia, ecodoppler, ecocardiograma e Holter 24h. A ação vem sendo realizada com recursos próprios que totalizam R$ 450 mil.