Os casos e as internações relacionados à Covid em Venâncio Aires vão mexer novamente na estrutura do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Mas, diferente do que aconteceu em fevereiro, quando foi necessário reestruturar a instituição devido à disparada no número de pessoas doentes, dessa vez o caminho se inverte e parte dos serviços será desativada. Pelo menos por enquanto.
A partir do dia 1º de junho, na próxima terça-feira, oito leitos clínicos deixarão de ser exclusivos para pacientes com coronavírus e voltarão a ser usados normalmente para internações de outras doenças. Já os cinco leitos da chamada terceira Unidade de Terapia Intensiva (UTI) serão desativados, mas os aparelhos – como respiradores, por exemplo – serão mantidos no hospital no caso de alguma emergência.
Segundo o prefeito Jarbas da Rosa, a decisão foi tomada após reunião com a direção do HSSM, na última terça-feira, 25, e passou por uma avaliação dos últimos 45 dias. “Os leitos clínicos vinham com uma média de 50% de ocupação e na terceira UTI girava entre 60% e 70%. As internações estão, nas últimas semanas, estabilizadas. Mas, se a situação mudar novamente, temos como reabilitar rapidamente toda a estrutura”, garantiu o prefeito.
Acompanhamento
Mesmo com a decisão de encerrar parte do serviço, o prefeito Jarbas da Rosa faz a ressalva de que, caso ocorra um novo agravamento no cenário, a situação será reavaliada. Tudo depende do ‘andar da carruagem’ do que ele chamou de “terceira fase” de retomadas. “Desde a reabertura do comércio não essencial [março] e da retomada das aulas presenciais [abril], não houve aumento de casos ou internações. Vamos ver agora na terceira fase, com a retomada de jogos e alguns eventos. Esse acompanhamento é constante.”
Custos
Segundo Jarbas da Rosa, os cinco leitos da terceira UTI custavam cerca de R$ 530 por dia para cada um (R$ 79,5 mil por mês em contrapartida ao Governo Federal). Já para os oito clínicos, custeados exclusivamente pela Prefeitura, eram R$ 800 diariamente para cada um (R$ 192 mil mensais).
Apesar da diminuição desses 13 leitos Covid, na prática não vai significar folga para o bolso do Município em junho. Isso porque, conforme Jarbas, a Prefeitura ainda terá de fazer uma ‘ginástica’ no mês seguinte para resolver a parte financeira.
De acordo com o prefeito, o Município terá de aportar R$ 94 mil do próprio bolso para manter o que ficará no hospital da estrutura Covid, além do que o Governo Federal enviou. No entanto, para julho, Jarbas diz que ainda não estão garantidos recursos federais para o enfrentamento à doença e não há sinalização da União sobre eventual continuidade.
Saiba mais
O Centro de Atendimento Respiratório (CAR) que funciona junto à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro Cruzeiro também será desativado em junho. O contrato de 90 dias encerra na segunda-feira, 31 de maio, e não será renovado. O motivo, conforme o prefeito, é a queda na demanda do serviço.
Como fica
• Com a mudança, no hospital seguem à disposição o setor ‘Covid 2’, com 19 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) e a UTI 2, com oito leitos. Mas, na prática, há muito tempo ocorre uma inversão devido à demanda: a UTI principal, que tem 10 leitos, acomoda os pacientes Covid e a unidade 2 recebe os demais, com outras doenças.
Número de testes cai pela metade
Entre o fim de fevereiro e todo o mês de março, o período mais crítico da pandemia até agora, a Prefeitura de Venâncio Aires comprou um lote de 4 mil testes antígeno. Na época, somando com os PCR, se chegava à marca de 100 testes rápidos aplicados por dia. Atualmente, segundo o prefeito Jarbas da Rosa, nem a metade disso é feita. “O PCR, por exemplo, se faziam uns 50 por dia. Hoje fica entre 15 e 20”, destaca.
Ainda conforme Jarbas, o que também caiu é o número de confirmações. Até março, cerca de 75% das pessoas que faziam o teste positivavam para a doença – o que já caiu três vezes – e hoje a grande maioria testa negativo. “Podemos creditar isso à vacina, sim, e já temos 28% da população imunizada com a primeira dose. Mas isso ainda está longe da imunização de ‘rebanho’, que seria de até 60%. Então o respeito aos protocolos de distanciamento também foi fundamental para essa queda de casos positivos”, considera o prefeito.
Para quem suspeita que esteja com o vírus ou receba solicitação médica, os testes são aplicados em todas as unidades de saúde de Venâncio Aires que tenham enfermeiro.
Preocupação
Na área da Saúde, tradicionalmente existe um período no ano que preocupa o setor devido ao aumento de casos de pacientes com sintomas respiratórios e maior demanda por internações. É a chamada ‘semana 27’, no mês de julho.
Segundo o prefeito, em 2020 não houve grande alteração, mas em 2021 duas situações pedem mais cautela: a presença de novas cepas do coronavírus e o cenário de municípios próximos, como Cachoeira do Sul, que recentemente adotou medidas restritivas devido ao aumento de casos e recebeu um ‘alerta’ emitido pelo Estado.
“O que nos preocupa muito são as falhas na fiscalização de alguns municípios, que não tratam isso com a mesma intensidade daqui. Por isso precisamos analisar as situações diariamente e, se houver necessidade, temos condições de reestruturar o hospital novamente”, apontou Jarbas.