A diretoria do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) de Venâncio Aires confirmou que vai a Brasília no fim de fevereiro. O motivo é bater novamente de porta em porta nos gabinetes dos deputados federais, atrás de indicações de emendas que podem ajudar a instituição na tentativa de atenuar os problemas financeiros.
O hospital tem uma média, nos últimos anos, de um déficit mensal que fica entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão, diferença entre as despesas e as receitas. Isso faz o déficit operacional anual girar em torno de R$ 10 milhões, como aconteceu em 2022. Ainda que a contabilidade do mês de dezembro não esteja fechada, já se sabe que, em 2023, o déficit caiu para cerca de R$ 3 milhões, impactado, entre outras fontes, pelo recebimento de emendas. Foram R$ 2,1 milhões ao longo do ano passado, de indicações de parlamentares federais, sendo que R$ 1,6 milhão veio como custeio (em que o hospital tem liberdade de aplicar como considerar melhor). “A captação de recursos continua e vamos visitar novamente todos os deputados em Brasília. O desafio é sensibilizar aqueles que não têm uma relação direta com Venâncio Aires, embora tenham feito votos na cidade. Se conseguíssemos dobrar o valor recebido em 2023, já seria uma grande conquista”, destacou o presidente do HSSM, Marcelo Farinon.
Na prática, a direção tem expectativa de alcançar cerca de R$ 4 milhões, ainda que a possibilidade seja maior. “O hospital tem um limite para captar R$ 7 milhões em emendas, porque esse valor não pode ultrapassar o Teto MAC, que é o que a União já repassa. Então contamos novamente com articulação de políticos locais e lideranças para achar canais de contato com Brasília”, acrescentou o administrador da casa de saúde, Luís Fernando Siqueira.
Essa articulação já iniciou em novembro, pelos municípios da microrregião e que são atendidos pelo hospital de Venâncio. “Fizemos visitas às Prefeituras de Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde. Foram visitas de apresentação, não para discutir problemas. Mas já comentamos sobre como esses municípios também poderiam ajudar com suas lideranças locais”, relatou Marcelo Farinon.
Ainda conforme o presidente do HSSM, é analisada uma ida à Assembleia Legislativa, para conversar com deputados estaduais. Vale lembrar que a última ‘peregrinação’ por emendas ocorreu em Brasília, em outubro passado, quando Farinon e Siqueira foram acompanhados do secretário de Saúde de Venâncio, Tiago Quintana.
R$ 7,7 milhões em 2023
Além dos R$ 2,1 milhões em emendas federais, a direção do hospital destacou outros montantes importantes para custeio que entraram para aliviar o déficit do ano passado: R$ 633 mil de emendas impositivas da Câmara de Vereadores; R$ 1,2 milhão do Ministério da Saúde (através de um projeto do senador Luiz Carlos Heinze para que o Governo Federal beneficie hospitais filantrópicos); R$ 852,9 mil do Assistir, pelo qual o Estado complementou aportes do Ministério da Saúde para atender a demanda de recursos para serviços de média e alta complexidade oferecidos via Sistema Único de Saúde (SUS); e R$ 3 milhões da venda de um terreno, que a Prefeitura comprou e quitou em 2023, inclusive adiantando parcelas. “Esse valor importante foi um extra, que não terá em 2024. Então precisamos aumentar a captação de emendas”, reforçou Farinon.
Déficit x qualidade
Embora tenha tido um 2023 com mais entrada de recursos para custeio, a direção diz que os R$ 10 milhões de déficit operacional por ano são uma preocupação constante, especialmente porque poderia significar um risco aos serviços. “Ainda assim, o hospital não fechou nenhum serviço. Pelo contrário, abriu novos”, destacou o presidente, Marcelo Farinon.
Ele se refere às implementações da ressonância magnética, do plantão pediátrico e da UTI Pediátrica, estes últimos com importantes aportes financeiros do Executivo. “O hospital vive um dos seus momentos mais saudáveis na relação com a Prefeitura, que sempre manteve contato para nos ajudar. O clima organizacional interno também é muito bom e temos pesquisa de satisfação dos pacientes. Então apesar de todas as dificuldades, não deixamos de entregar qualidade.”
Para o presidente, os novos serviços implementados em 2023 têm funcionado muito bem. O plantão pediátrico, por exemplo, teve mais de 540 consultas em dezembro. Para os próximos dias, o HSSM está na expectativa pela recertificação da acreditação. A visita de avaliação ocorreu em dezembro, dois anos após o hospital ser acreditado nível um, quando comprovou padrões definidos pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Na prática, a instituição conquistou um certificado atestando a qualidade e a segurança da assistência em saúde.