Cada vez mais os hospitais precisam se adaptar e enfrentar novas resistências no tratamento de doenças infecciosas. Uma delas é a resistência antimicrobiana (RAM), que acontece quando bactérias, vírus, fungos e parasitas não respondem mais aos medicamentos antimicrobianos, como antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasitários.
A enfermeira e professora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Ingre Paz, explica que a RAM tem custos significativos para os sistemas de saúde e economias nacionais, pois cria a necessidade de cuidados mais caros e intensivos, afeta a produtividade dos pacientes ou de seus cuidadores por meio de internações hospitalares prolongadas. “Como resultado da resistência aos medicamentos, os antimicrobianos se tornam ineficazes e as infecções se tornam difíceis ou impossíveis de tratar, aumentando o risco de disseminação de doenças graves, incapacidade e morte.”
Ingre, que também é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde (PPGPS) da Unisc e membro responsável pela pesquisa ‘Avaliação do Programa de Gerenciamento de Uso de Antimicrobianos em unidades de internação adulto e na formação em Enfermagem: caminhos para o desenvolvimento de ações de Educação Permanente e Tecnologias em Saúde’, destaca que a RAM é um problema para todos os países. Entre os fatores que contribuem estão a falta de acesso à água limpa, saneamento e higiene; prevenção e controle precários de infecções e doenças em lares e instituições de saúde; acesso precário a vacinas, diagnósticos e medicamentos de qualidade; falta de conhecimento; e falta de aplicação da legislação.
“Pessoas que vivem em ambientes de poucos recursos e populações vulneráveis são especialmente impactadas”, reforça, ressaltando também o impacto negativo sobre o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Ingre destaca que, em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou um plano de ação global para uma estratégia unificada de combate à RAM. No ano seguinte, o Ministério da Saúde desenvolveu um plano de ação no serviço de saúde, que enfatizou especificamente o aprimoramento da competência por meio da educação para enfermeiros e demais profissionais. O papel destes profissionais é de extrema importância para a prevenção da resistência e administração de antibióticos.
“Enfermeiros possuem papel peculiar no cuidado direto ao paciente, desenvolvendo atividades assistenciais complexas e tarefas diárias relacionadas a antibióticos”, afirma Ingre. Na Unisc, muitas ações são realizadas neste âmbito para os estudantes da saúde. A professora ressalta que a educação e conhecimento são essenciais para aumentar a competência, reconhecimento, autoconfiança, motivação e conscientização dos enfermeiros sobre como podem contribuir.
“Enfermeiros possuem papel peculiar no cuidado direto ao paciente, desenvolvendo atividades assistenciais complexas e tarefas diárias relacionadas a antibióticos.”
INGRE PAZ
Enfermeira e professora da Unisc