Seis dúvidas sobre a vacina do coronavírus

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Desde que a pandemia de coronavírus começou a fazer vítimas, levou ao fechamento de empresas e à paralisação das aulas presenciais no Brasil, no ano passado, a chegada da vacina passou a ser vista como única possibilidade de restabelecer a normalidade.

Apesar de representar o início da realização deste sonho, o começo da vacinação, previsto para a próxima semana, tem sido motivo de insegurança, receio e dúvidas para muitas pessoas. Com o objetivo de esclarecer alguns questionamentos, a Folha do Mate apresenta entrevista com a médica infectologista Sandra Knudsen, de Venâncio Aires.

Como a vacina age no corpo para gerar imunidade?

Sandra Knudsen: As vacinas tentam induzir uma resposta no nosso organismo, muito semelhante ao que acontece quando temos a doença de fato. Por exemplo, quando temos sarampo, o nosso organismo reage e produz anticorpos, uma imunidade gerada contra uma exposição ao vírus. É uma imunidade adquirida naturalmente: a gente tem a doença e desenvolve a imunidade a ela. A vacina tenta reproduzir isso o mais fielmente possível, que a gente desenvolva a imunidade contra a doença, sem ter a doença em si.

Existem várias formas de fazer isso, por isso vemos as descrições de vários tipos de vacina. Algumas, com vetor viral, que é inativado e perde o poder de causar a doença. A vacina usa outro vírus, como o adenovírus, para apresentar o coronavírus para nosso organismo para ele desenvolver a imunidade. Outras vacinas usam a técnica de RNA mensageiro. Tem várias formas de produzir essa imunidade contra uma doença que a gente não teve, tentando evitar que a gente desenvolva se entrar em contato com esse vírus.

Após a vacina, será preciso continuar com os meios de prevenção, como máscara e distanciamento social? Por quanto tempo?

Para toda a população desenvolver imunidade e acabar com a circulação do vírus ou, ao menos, restringir muito a circulação do vírus, vai levar tempo. Não se sabe quanto tempo. Vai depender da quantidade de pessoas vacinadas, do tempo que vai demorar para vacinar, da adesão. Enquanto não tivermos essa imunidade na população, vamos ter que continuar com as medidas de prevenção, como uso de máscara, distanciamento social, o uso de álcool gel, até ter segurança de que a grande maioria da população esteja imunizada. Isso pode levar meses.

Quem não deve fazer a vacina?

O único item a observar é quem ter histórico de ter tido alergia grave (anafilaxia). Crianças pequenas e bebês também não, pois ainda não há estudo na vacina, mas, felizmente, essa é uma população que dificilmente desenvolve formas graves da doença. Assim como os bebês, mulheres grávidas não devem fazer a vacina porque ainda se está observando essa população e a eficácia e segurança nela, não porque exista uma evidência de que a vacina faz mal.

Quem terá prioridade para fazer a vacina?

A prioridade será para profissionais de saúde, que estão muito expostos a adquirir a doença. Além do risco individual, toda vez que um adoece, perdemos um trabalhador da área da saúde por no mínimo dez dias. A segunda prioridade será a faixa etária. Está amplamente comprovado que a gravidade da doença – o risco de ter Covid que necessite de internação, leito de UTI e evolua para óbito – aumenta diretamente com a idade, por isso, a prioridade serão os idosos. Depois, pessoas com comorbidades, que também é um fator de alta relevância.

A taxa de eficácia da vacina é suficiente para proteger contra o coronavírus, visto que a CoronaVac apresenta eficácia global de 50,38%?

Sim. Todas elas têm uma resposta muito significativa para proteger a pessoa de morte pela Covid, proteger de uma doença grave. Isso não quer dizer que não vai pegar o coronavírus, mas que será de forma mais leve. O mais importante, nesse momento, é proteger as pessoas contra a gravidade da doença, contra os casos mais sérios, com pneumonia e que, muitas vezes, evoluem e necessitam de internação na UTI.

A vacina será realizada todos os anos, como a da gripe?

Não sabemos responder ainda. Como esse é um vírus que também sofre mutações, provavelmente serão vacinas que vamos ter que repetir de tempos em tempos, mas isso ainda não se sabe. O que se sabe agora é que, fazendo as duas doses da vacina, teremos uma proteção muito boa, importante contra a doença grave.



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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