Recomendação da vitamina D para crianças e adolescentes até os 18 anos é da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Desde o fim de 2024, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) passou a recomendar a suplementação de vitamina D para toda criança e adolescente até os 18 anos. Antes disso, a sugestão é que a complementação profilática acontecesse apenas até os dois anos de idade.
De acordo com a pediatra Samanta Feilstrecker, um documento científico sobre hipovitaminose (falta) D na infância e adolescência, com orientações sobre diagnóstico, tratamento e prevenção, foi lançado devido à alta incidência de baixos níveis da vitamina na população em geral, incluindo crianças e adolescentes. “Segundo o Consenso 2024 da Endocrine Society, é recomendada suplementação de vitamina D para crianças e adolescentes saudáveis, mesmo sem fatores de risco, entre um e 18 anos, com o objetivo de prevenir o raquitismo nutricional e reduzir o risco de infecções respiratórias”, explica a médica.
Conforme a profissional, mesmo as crianças e adolescentes que estiveram com os exames dentro dos níveis ideais, é recomendada a suplementação. “As referências variam entre sociedades médicas, mas, de maneira geral, acabamos nos baseando nas referências da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, que recomenda níveis entre 30 e 60 ng/mL para grupos de risco. Então mesmo com níveis considerados adequados, a recomendação atual é de suplementação preventiva universal até os 18 anos, devido à dificuldade em manter níveis ideais apenas com exposição solar e dieta.”
A importância da vitamina D
Samanta Feilstrecker destaca que a vitamina D é essencial para absorção de cálcio e fósforo; para a saúde óssea, prevenindo o raquitismo em crianças e osteomalácea em adultos; e para a regulação do sistema imunológico, podendo influenciar na prevenção de infecções respiratórias. Ela é obtida principalmente por duas vias: síntese cutânea após exposição solar (responsável por cerca de 90% da produção); fontes alimentares (cerca de 10%), como peixes gordurosos (salmão, sardinha, cavala e arenque); fígado; derivados lácteos e gema de ovo.
A médica observa ainda que alguns fatores reduzem a produção de vitamina D na pele. “Uso de protetor solar com FPS maior que 30 pode reduzir a síntese em até 90%. Também a pele escura, já que a melanina age como um filtro solar natural, e morar em latitudes superiores a 40º, onde há menor incidência de raios UVB.”
Samanta entende que a questão do clima, pensando nos gaúchos, faz sentido, apesar de não encontrar essa ressalva nos documentos oficiais, já que a recomendação de exposição solar atualmente mudou para todas as pessoas, independente da região que vivem. Também não é recomendada a exposição solar sem o uso de protetor solar pelo risco elevado de câncer de pele. “Mas crianças que vivem em locais como o Rio Grande do Sul, onde há menos exposição solar ao longo do ano por conta do clima e da latitude mais elevada, podem ter maior risco de hipovitaminose D. Isso torna a suplementação ainda mais importante nesses casos, reforçando a necessidade da abordagem preventiva.”
Orientação
Samanta Feilstrecker também chama atenção que pais ou responsáveis só devem iniciar a suplementação com orientação médica. “Sem isso, pode haver o risco de uma dose mais baixa que não traria os benefícios desejados, ou uma dose mais alta, levando à intoxicação. A intoxicação por vitamina D pode ocorrer quando os níveis de 25(OH)vitamina D ultrapassam 150 ng/mL e está associada a alterações do metabolismo do cálcio e supressão do hormônio paratireoidiano. Por isso, é fundamental que a suplementação seja feita com orientação médica, respeitando as doses recomendadas para cada faixa etária.”