Nesta semana, foram apresentados os resultados da quarta e última fase do estudo sobre a soroprevalência do coronavírus encomendado pelo Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale) e realizado pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
A aplicação dos testes rápidos e questionário entre os participantes foi realizada nos dias 3 e 4 de outubro nos 14 municípios pertencentes à região do Cisvale. Nesta quarta fase, foram 1.063 testes. Destes, 36 apresentaram anticorpos IgG e IgM presentes, sendo 14 da zona rural e 22 da urbana.
O número corresponde a uma prevalência de 3,4% do coronavírus na região, com um teste reagente a cada 30 moradores dos municípios do Vale do Rio Pardo. Para cada caso, estima-se que existem três que não foram notificados. Na etapa anterior, a proporção era de cinco pessoas com a doença para cada caso confirmado.
A estimativa da equipe do Cisvale é de que 12.165 pessoas já tenham os anticorpos SARS-CoV-2. Com relação à fase 3, os testes positivos tiveram acréscimo de IgG, que corresponde a pacientes que já têm anticorpos da doença, e queda de IgM, que são casos em que o vírus ainda está ativo no organismo.
Os testes IgM apontam uma incidência de 0,94%, sendo um teste reagente a cada 106 habitantes. Já no resultado para IgG é um caso reagente a cada 37 habitantes, correspondente a 2,73%.
A pesquisa também aponta que houve redução de pessoas que aceitam ficar apenas em casa, que usam máscara ao sair e procuram atendimento em casos de sintomas.
AVALIAÇÃO
Em um vídeo de avaliação sobre os resultados desta fase, o médico infectologista e coordenador da pesquisa, Marcelo Carneiro, destaca que a questão do distanciamento social e de utilização de máscaras ao sair foi reduzindo naturalmente.
O profissional destaca que isso tem pontos positivos e negativos. Ele diz que é visto aumento do IgG com pessoas que adquiriram a doença e muitas não tiveram sintomas e não precisaram de atendimento médico, curando-se sozinhas. “O nosso estudo aleatoriamente conseguiu pegar pessoas que tiveram contato com o vírus, produziram anticorpos e não tiveram manifestação da doença. Mostra que o coronavírus pode manifestar uma doença leve a moderada no geral e grave em idosos”, explica.
O médico afirma que a questão da pesquisa determina que, naturalmente, as pessoas adquiriram anticorpos e isso é chamado de imunização de rebanho. O que pode ser feito deixando todos adquirirem a doença ou estruturalmente fazer para determinados grupos. O grupo que sai de casa todo dia adquiriu a imunidade de rebanho, que é essa imunidade natural.
Ele diz que as pessoas que ficam em casa têm fator de risco maior, mas também estão saindo agora. “Isso pode gerar a então chamada segunda onda. Se for acontecer com pessoas que não têm fator de risco e que não tenham a forma grave da doença, não teríamos problema”, diz. Carneiro diz que isso não é regra e não significa que todas as regiões serão atingidas, só não pode acontecer com pessoas idosas.
A pesquisa também apresentou questões trabalhistas dos participantes. Entre a população abrangida, 5,8% perdeu o emprego e 19% teve redução da jornada de trabalho durante a pandemia.
Nesta fase da pesquisa, 81,8% das pessoas que testaram positivo tiveram ao menos um sintoma da doença, sendo o mais significativo dor de cabeça, correspondente a 20% dos entrevistados. Nenhum apresentou febre.