Enquanto a importância da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) esteve em evidência ao longo dos últimos meses, por conta da demanda de pacientes com Covid-19, a possibilidade de implementação de uma nova UTI também está no centro da atenção. Na terça-feira, 20, às vésperas de completar 86 anos, o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) recebeu mais uma sinalização de que o projeto da UTI Pediátrica deve sair do papel. Em reunião com representantes do hospital e o prefeito Jarbas da Rosa, em Porto Alegre, a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, confirmou que o projeto foi aprovado. Falta apenas o ‘ok’ do governador Eduardo Leite.
“Tecnicamente, o projeto que elaboramos foi analisado e aprovado. Agora, aguardamos apenas a oficialização por parte do governador”, explica o administrador do Hospital São Sebastião Mártir, Luís Fernando Siqueira. Quando isso ocorrer, o hospital encaminhará o projeto arquitetônico para dar início à obra no segundo andar do prédio da UTI. A finalização da estrutura e a aquisição de mobiliário e equipamentos estão orçadas em torno de R$ 3,5 milhões – valor que deve ser repassado pelo Estado.
A previsão é de que a UTI Pediátrica entre em funcionamento até metade do próximo ano. Serão dez leitos que terão regulação estadual, ou seja, receberão pacientes de várias partes do Rio Grande do Sul.
“Um dos aspectos mais importantes é reconhecer a maturidade do hospital de apresentar um projeto de uma UTI Pediátrica, de ser solução para uma demanda do estado. Fomos chamados para ser a solução e elaboramos o projeto. A maioria dos hospitais vive com dificuldade de manter as contas, não é qualquer um que tem condições de propor um novo serviço.”
LUÍS FERNANDO SIQUEIRA – Administrador do hospital
Conforme o administrador do HSSM, a aprovação técnica do projeto pelo Estado trouxe duas respostas importantes. Uma delas é a confirmação do repasse mensal de recursos para manutenção da UTI. O objetivo é garantir o pagamento por capacidade instalada e não por número de pacientes internados, para evitar que o serviço se torne deficitário. O valor deve ficar em torno de R$ 400 mil mensais. “Incluímos isso no projeto, procuramos ter essa garantia para manutenção dos salários dos profissionais da equipe, que atuam independentemente do número de pacientes”, explica.
Outro esclarecimento feito pela secretária de Saúde foi da viabilidade de uma UTI Pediátrica em Venâncio Aires e outra em Lajeado, no Hospital Bruno Born (HBB). Depois de ter encerrado os leitos no fim do mês passado, pela impossibilidade de mantê-los juntos com a UTI Neonatal, a instituição de Lajeado também elaborou um projeto buscando implementar uma UTI Pediátrica.
No encontro realizado na terça-feira, a secretária Arita Bergmann informou que há um déficit de 26 leitos de UTI Pediátrica no Rio Grande do Sul. “Assim, mesmo com a abertura de dez leitos em Venâncio e dez em Lajeado, ainda faltariam seis”, comenta Siqueira. Arita destacou que não haverá disputa entre os dois municípios. “Sabemos que os dois hospitais têm a capacidade de avançar nesse projeto e é isso que estaremos levando ao governador”, salientou.
A obra deve ser contemplada pelo projeto Avançar Saúde, que será lançado nos próximos dias. “Nossa aprovação já tem. Agora existe um trâmite com as demais secretarias e o próprio governador. No entanto, sabemos que, por questões eleitorais, os recursos e projetos deverão ser repassados ainda este ano. Portanto, a pressa também é nossa”, garantiu a secretária.
O prefeito Jarbas da Rosa ressaltou o apoio da Associação de Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) para a instalação da unidade em Venâncio Aires e a conversa antecipatória com Eduardo Leite. O chefe do Executivo afirmou que o Município está unido no ideal de substituir o projeto anterior de UTI Neonatal por uma Pediátrica e não medirá esforços para apoiar o hospital na atração de profissionais e equipamentos de alta complexidade.
Novos serviços e receitas
Além de atender uma demanda estadual, a implantação da UTI Pediátrica no Hospital São Sebastião Mártir é vista como uma alternativa para qualificar serviços e garantir novas receitas para a instituição. O administrador Luís Fernando Siqueira observa que quase todos os serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são deficitários – o valor pago é menor do que o custo -, o que não acontecerá na UTI Pediátrica.
Outro fator importante é que, com a estrutura de atendimento intensivo para crianças, abre-se a possibilidade de fazer cirurgias pediátricas. “O novo serviço dá a tranquilidade para se começar a fazer cirurgias em crianças. Não temos habilitação do SUS para isso, mas podemos fazer por convênio e particular”, diz.