Curar tabaco é uma arte. Consiste em promover importantes transformações físico-químicas nas folhas colhidas nas lavouras, seguido de uma lenta e controlada extração da água delas. Todo esse processo ocorre dentro de unidades de cura, também chamadas de estufas.
Conforme registros da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), as primeiras estufas para a cura e secagem do tabaco da variedade Virgínia, foram construídas no ano de 1930, com as paredes de madeira. Depois, mas sem saber o ano, foram construídas estufas de pedras, seguidas de estufas de pedra de alicerce. Em 1950, surgiram as estufas com oitão de madeira, que foram sucedidas pelas convencionas de tijolos, que ainda hoje estão presentes em praticamente todas as propriedades.
Porém, entre os maiores avanços está a primeira geração das estufas LL (folhas soltas), construídas com blocos de concreto encaixados. No ano de 2012, foram lançadas as estufas de ar forçado; em 2013, surgiram as de ar forçado com energia solar; em 2016, os fumicultores construíram as de ar forçado com energia solar; e, em 2018, surgiram as de última geração, denominada de secador de carga contínua.
Fumicultor
Com uma produção de 110 mil pés, o fumicultor Darci Grasel, morador de Cerro do Chileno, interior de Vale Verde, está entre os que estão modernizando a sua matriz produtiva. Na safra passada, ele adquiriu uma máquina para colher tabaco e este ano, construiu um secador de carga contínua. O equipamento consiste em oito câmaras de carregamento, com fornalha e sistema de ventilação únicos. Entre as vantagens do novo equipamento, Grasel aponta a redução da contratação de mão de obra de diarista, que é toda familiar; redução no consumo de lenha – ele estima que ela seja de 50% em relação ao consumo de uma estufa convencional.
“O fumicultor que não modernizar a sua matriz produtiva com os novos equipamentos, como as máquinas de colher e o sistema de carga contínua, vai ter dificuldades em permanecer na atividade”.DARCI GRASELFumicultor
Na safra, ele consumiu 200 metros cúbicos; tabaco de qualidade superior; e, melhor qualidade de vida. “É uma pena que não inventaram estes sistemas há mais anos, e junto, com as máquinas de colher, são o futuro da fumicultura”, frisa.
Cada câmara tem capacidade para 80 grampos (na média de três a quatro bastões do sistema convencional) que são carregadas a cada oito dias e a cura e secagem levam em média, sete dias. Como precisa somente colher 80 grampos por dia, Grasel colhe somente o tabaco maduro, que é uma das exigências para o sistema. “Desta maneira, posso colher com calma e o resultado aparece no fim do processo, que é um tabaco de excelente qualidade e que vai exigir pouca classificação na hora da venda”, observa.