Edivilson Brum
Brum: A gente não consegue enxergar nossa região sem a cultura do tabaco”

A retomada do programa de diversificação em áreas que cultivam tabaco, anunciada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) na quarta-feira, 19, durante a 11ª Conferência das Partes (COP 11) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, enfrentará obstáculos para se tornar viável, avalia secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Edivilson Brum. Em entrevista concedida em Genebra, onde acompanhou a agenda do setor produtivo como representante do Governo do Estado, o secretário afirmou que pela experiência de iniciativas anteriores, a dificuldade central permanece: substituir uma cultura que garante renda superior a qualquer outra opção disponível para pequenas propriedades do Sul do país. “Quem deixaria de plantar algo que rende mais que soja, arroz, feijão, trigo, milho ou mesmo fruticultura e hortigranjeiros?”, questionou. Segundo ele, qualquer alternativa à fumicultura só terá chances reais se apresentar retorno econômico equivalente. “Tem que ter alguma coisa palpável economicamente”, reforçou.

O secretário também fez questão de afastar a possibilidade de programas baseados exclusivamente em transferência de renda. Para Brum, qualquer política pública precisa valorizar a atividade produtiva e a autonomia dos agricultores. “Jamais vamos aceitar a criação de um programa que não seja através da atividade, do trabalho, da produção, com filosofia de emancipação econômica”, enfatizou.
Outro ponto destacado por Brum foi a perspectiva de mercado. Ele lembrou que o tabaco produzido no Rio Grande do Sul e nos demais estados do Sul tem na exportação seu principal destino — cerca de 90% da produção brasileira segue para o exterior. “O tabaco persiste até 2075, segundo dados oficiais da Organização Mundial da Saúde. A curva é mais reta, mas ainda crescente. Ou seja, haverá necessidade do plantio”, afirmou.

“Eu acredito que enquanto houver demanda, haverá alguém que vai produzir.”
EDIVILSON BRUM – Secretário de Agricultura do RS

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
Brum reforçou ainda o impacto econômico da cadeia, principalmente na região do Vale do Rio Pardo, da qual é oriundo e onde já foi prefeito de Rio Pardo. O secretário citou números que, segundo ele, mostram a relevância do tabaco tanto para produtores quanto para o governo.
“Os produtores recebem cerca de R$ 14 a 15 bilhões por safra. O governo arrecada cerca de R$ 18 bilhões em impostos. Ou seja, o que o governo arrecada é mais do que os produtores ganham”, apontou.

Ao encerrar a participação na COP 11, Brum enviou um recado especial aos agricultores gaúchos, especialmente da região. “A gente não consegue enxergar a nossa região sem a cadeia produtiva do tabaco”, frisou. O secretário afirmou que o Estado continuará ao lado de quem trabalha no setor. “Nós vamos estar sempre ao lado daqueles que produzem.”