

Terceiro maior produtor de tabaco do Brasil e segundo do Rio Grande do Sul, Venâncio Aires está oficialmente representado na 11ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP 11), que começa nesta segunda-feira, 17, em Genebra, na Suíça.
O prefeito Jarbas da Rosa, o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Ricardo Landim, e a coordenadora de Comunicação da Prefeitura, Daiana Nervo, representaram o Executivo Municipal. O deputado estadual e ex-prefeito de Venâncio, Airton Artus, também integra a comitiva gaúcha.
Relevância em números
A relevância econômica do setor para o município fica clara nos números do campo e da cidade. Na safra 2024/25, Venâncio Aires produziu 20.669 toneladas de tabaco, cultivadas por 3.646 famílias em 8.367 hectares, conforme dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). As vendas somaram R$ 293 milhões em 2024, o que representa 52% do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBPA) local. O impacto vai além do campo: no período de safra na indústria, cerca de 5 mil trabalhadores são empregados nas empresas de beneficiamento instaladas no município. “Apesar de toda a importância econômica do setor, do trabalho que vem sendo feito há anos para mostrar a organização e responsabilidade mantidas na cadeia do tabaco, as incertezas prevalecem”, observa Jarbas da Rosa, que participará da COP pela primeira vez.
Economia local
O chefe do Executivo Municipal destaca que a presença na Conferência das Partes também é estratégica para dar visibilidade nacional ao peso do tabaco na economia local. “Ultrapassamos a marca de US$ 1 bilhão em exportações, colocando Venâncio Aires como o sexto maior exportador do estado. Em termos de arrecadação de ICMS vinculado ao tabaco, são mais de R$ 3,4 milhões. Este é um momento de mobilização total para mostrar esse cenário para todo o Brasil”, ressaltou o prefeito, que é filho de produtores de tabaco.
“Não podemos admitir que o Brasil aceite novas medidas que possam prejudicar, especialmente, o pequeno produtor e o direito de comercialização.”
JARBAS DA ROSA – Prefeito de Venâncio Aires
“Não podemos ficar de braços cruzados”
O secretário estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Edivilson Brum, integra a comitiva que vai defender a cadeia produtiva durante a COP 11. Ao lado do secretário de Desenvolvimento Rural, Vilson Covatti, irá representar o Governo do Estado no evento internacional. Esta será segunda COP que o governo gaúcho envia representantes.
Segundo Brum, não é possível ignorar a relevância econômica da fumicultura. “Se levarmos em conta que o tabaco é agro e que o agro representa 40% do nosso PIB, 40% das nossas riquezas, não podemos ficar de braços cruzados”, disse em entrevista à Folha do Mate. “Estaremos na Suíça ao lado daqueles que são fundamentais para a sobrevivência econômica desta e de outras regiões do estado”, disse Brum, ao destacar a relevância do tabaco para a economia do Vale do Rio Pardo.
O secretário observou que 40% do cigarro consumido no Brasil não é produzido no país, mas sim oriundo de contrabando do Paraguai e de fábricas clandestinas. “Estamos gerando emprego, renda, oportunidade e imposto para outro país que não o nosso”, alertou. Ele reforçou que o tabaco é uma atividade agrícola legal, regulamentada e fundamental para os três estados do Sul do país.
Fumicultor na COP
Neste ano, a comitiva que irá à COP do Tabaco para defender o setor terá a participação de um produtor rural. Giovane Weber, produtor de tabaco que reside em Cerro Alegre Alto, interior de Santa Cruz do Sul, estará em Genebra.
Nas redes sociais, onde ele compartilha a rotina do campo, Giovane conta com mais de 1 milhão de seguidores. Ele lamenta a falta de espaço para participar das discussões da COP e ouvir os produtores sobre a realidade dos agricultores. “É decepcionante ver que quem planta, quem vive dessa cultura e quem mantém o setor organizado e sustentável é impedido de participar das discussões. Tem faltado consideração e respeito com os produtores.”