Diante de mais um caso de golpe na cidade, em que o prejuízo chegou a R$ 20 mil, muitos leitores da Folha do Mate questionaram o funcionamento da liberação de valores nas agências bancárias.
Mesmo que neste caso houve uma Transferência Eletrônica Disponível (TED), a qual permite transferências maiores entre bancos, a reportagem contatou as agências e cooperativas de Venâncio para entender como são as determinações para liberar o saque em espécie (cédula). Algumas são normas internas, mas todos seguem prerrogativas do Banco Central, estabelecidas, inclusive, em lei.
Sobre os golpes, alguns gerentes destacaram que, independente da situação do cliente, se houver dinheiro na conta, a decisão final é dele. Quando há desconfiança de algum crime em andamento, os atendentes orientam. Mas, se o cliente tiver o valor e quiser tirá-lo em espécie, é seu direito.
Quanto à Transferência Eletrônica Disponível (TED) e ao Documento de Ordem de Crédito (DOC), as transações podem ser feitas em qualquer caixa eletrônico.
BANRISUL
-Até R$ 1,5 mil por dia no caixa eletrônico.
-Acima de R$ 1,5 mil é preciso sacar no caixa com atendente (na parte interna do banco).
-Em correspondentes bancários, o limite diário é de R$ 1 mil.
-Acima de R$ 5 mil até R$ 50 mil, o cliente precisa pedir reserva. Cabe o banco, conforme prerrogativa do Banco Central (BC), se valer do direito de liberar o recurso em até 24 horas. Até porque isso depende de a agência ter o dinheiro.
-Acima de R$ 50 mil, também determinado em norma do BC, são até 72 horas (3 dias úteis) para liberar o recurso. O cliente deve fornecer os motivos do saque e os dados do beneficiário.
O gerente geral do Banrisul, Gustavo Faé, destaca que, caso os atendentes desconfiem de que uma pessoa esteja sendo vítima de algum crime ou golpe, os casos são questionados. “Eventualmente acontece. Analisamos cada caso, entrevistamos. Caso percebemos que não se trata de golpe, podemos liberar o recurso para o cliente antes das 24 horas, até porque o dinheiro é da pessoa.”
CAIXA FEDERAL
-Até R$ 1,5 mil por dia no caixa eletrônico.
-Acima de R$ 5 mil é o banco tem o direito de pedir 48 horas para liberar o valor.
-Acima de R$ 100 mil, por exemplo, é preciso fazer um cadastro no sistema de prevenção de lavagem de dinheiro, do Banco Central.
O gerente geral da Caixa, Rangel Schorr, explica que, nas situações que podem caracterizar algum aliciamento ou fraude, é conversado com o cliente e são feitas perguntas, sobre qual o motivo e destino do saque. “Mas a decisão é do cliente, até porque, se negarmos, isso pode ser caracterizado como recusa de atendimento.”
BANCO DO BRASIL
-Para saques em espécie no caixa eletrônico, cada cliente tem um limite próprio, conforme perfil e necessidade. Ou seja, não é um padrão. Se ele tiver a biometria cadastrada, por exemplo, o valor pode ser maior.
-Para quem for sacar no caixa interno, acima de R$ 5 mil, é preciso pedir as 48 horas.
O gerente do Banco do Brasil, Rogerio Foresti, também reforça que qualquer situação de dúvida sobre a necessidade do saque, é conversado com o cliente e são dadas orientações. “Às vezes se evita, mas é importante destacar que não podemos nos deixar levar por promessas. Até porque o falsário está preparado para tudo.”
BRADESCO
-Até R$ 3 mil por dia no caixa eletrônico. Para isso, é preciso ter a biometria cadastrada, o que já é uma garantia de segurança.
-Se o saque for feito no caixa interno, até R$ 5 mil pode ser liberado no dia.
-Caso o valor em espécie seja maior, o cliente precisa assinar um documento se responsabilizando pela retirada.
SANTANDER
-Até R$ 2 mil por dia no caixa eletrônico.
-Entre R$ 2 mil e R$ 5 mil é preciso sacar no caixa interno.
-Acima de R$ 5 mil, segue aquele normativa de solicitar 48 horas para liberar o valor.
A gerente de atendimento do Santander, Daiane Trentin, conta que, em casos de suspeita de que algum cliente esteja sendo vítima de um golpe, a situação é ‘investigada’. “Não podemos dizer não para o cliente, mas questionamos muito, orientamos, até ligamos para familiares para nos certificarmos. Já conseguimos evitar golpes, mas às vezes não dá.” Daiane diz ainda que, geralmente, as suspeitas de possíveis vítimas são idosas.
SICREDI
-Até R$ 2 mil por dia no caixa eletrônico.
-Acima de R$ 2 mil até R$ 5 mil é preciso sacar no caixa interno, com atendente.
-Acima de R$ 5 mil é dado à cooperativa o direito de pedir 48 horas para liberar o valor.
A gerente da agência localizada na rua Osvaldo Aranha, Mara Frey, explica que, para solicitações de valores maiores, o associado é questionado sobres os motivos do saque em espécie, embora a maioria dos casos é de pessoas conhecidas e que se conhece o histórico.
SICOOB
-Até R$ 5 mil por dia pode ser sacado sem previsão.
-Acima de R$ 5 mil, a cooperativa pede uma previsão de 24 horas. Nesses casos, segundo o gerente Antonio Kraemer, é feita uma entrevista com o associado, onde se especifica o motivo do saque e a destinação do dinheiro.
-Quanto à Transferência Eletrônica Disponível (TED) na Sicoob, Kraemer explica que cada associado tem um limite pré-determinado para a transação. Mas, se ele precisar de um valor maior, isso pode ser alterado.
A reportagem não conseguiu contato com o Itaú.
LEIA MAIS: Filha conta detalhes de como o conto do bilhete foi aplicado na mãe