Até perto da meia noite do dia 31 de outubro de 2018, a safra de tabaco transcorria normalmente. Porém, um vendaval, com granizo, causou depredação e tombamento em centenas de lavouras de tabaco. O fumicultor, além do prejuízo causado pelo granizo, precisou de mão de obra para levantar os pés de tabaco tombados e realizar a colheita, o que diminuiu a produtividade das regiões produtoras. Em Venâncio Aires, os maiores prejuízos ocorreram em Linha Tangerinas, Linha Sapé, Vila Arlindo, Linha Cantos do Cedro, além de localidades adjacentes.
“É difícil e dói muito muito ver uma lavoura de tabaco ser totalmente destruída em questão de cinco minutos. Vai por terra um ano de serviços”, salienta Alceu da Rosa, morador de Linha Canto do Cedro, e que está entre os associados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) que desde ontem estão recebendo o pagamento da indenização do seguro de mutualidade dos estragos causados pelo granizo do fim de outubro.
Junto com a esposa Gesi, Alceu tinha plantado 75 mil pés e teve praticamente 100% de perdas. Apenas colheu o baixeiro que rendeu em torno de 100 arrobas, as quais ele já vendeu e obteve um valor de aproximadamente R$ 9 mil. “Mas este valor é muito pouco, pois mal é o suficiente para comprar a lenha, pois em safra normal, gastamos entre 80 a 90 metros cúbicos de lenha para a cura e secagem do tabaco”, refere Rosa. Se fosse colher uma safra cheia, o rendimento seria de no mínimo 800 arrobas.
SEGURO
Os avaliadores da Afubra estimaram uma perda superior a 1,1 milhão de folhas, o correspondente a 248 arrobas. Porém, Rosa ainda não sabe o valor que receberá de indenização. “Ainda bem que todos os anos contratamos o seguro mutualista da Afubra, pois garante o pagamento das dívidas com a tabacaleira e ainda, traz uma pequena sobra para passarmos o restante do ano”, salienta o fumicultor.
Ele acrescenta que o casal não tem outra renda e o que o deixa preocupado é que ainda tem quatro prestações de um trator que adquiriu há uns anos para pagar, sendo um parcela este ano. “As arrobas indenizadas mal pagam as dívidas, porém, sem o seguro mutualista, a nossa situação seria bem pior. Já imaginou se não tivéssemos feito o seguro?”
“Se para nós que contratamos o seguro, a situação este ano vai ser difícil, imagina para aqueles fumicultores que não têm seguro e que não têm outra renda”, frisa Rosa. Ele acrescenta que a renda da sua família também provém exclusivamente do tabaco. Porém, produz todos os alimentos e cria os animais para a subsistência da família. “O problema é que estes fumicultores precisam esperar por mais um ano para terem uma renda e além disso, não têm a garantia de que vão colher uma safra cheia, pois sempre dependemos das condições do clima e do tempo.”
“Vai ser um ano muito difícil, porém, não podemos desanimar porque para muitos fumicultores, a situação ano vai ser bem pior do que a nossa”.ALCEU DA ROSAFumicultor