Líderes sindicais da Capital do Chimarrão se reuniram na tarde de ontem, na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, Alimentação e Afins, para organizar a retomada do Comitê Suprassindical. Desta vez, a intenção é mobilizar os trabalhadores contra a Reforma da Previdência, que de acordo com as lideranças, resultará em perdas de direitos da categoria. João Émerson Dutra de Campos, Adolfo Celoni da Rosa e Rogério Siqueira – presidentes dos sindicatos do Calçado e Vestuário; Metalúrgicos; e Fumo, Alimentação e Afins – participaram da agenda. Sandra Wagner foi a representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) e Nestor de Azeredo e Ricardo Sehn, integrantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, Alimentação e Afins, também estiveram na mesa de debates.
Conforme os representantes sindicais, além do ponto principal proposto na reforma – o aumento da idade mínima para aposentadorias -, há detalhes escondidos que não chegaram ao conhecimento dos trabalhadores e fazem diferença não apenas na remuneração deles, mas em todo um contexto de redução de circulação de valores na economia dos municípios. Como exemplo, citaram o salário-família, hoje pago a quem ganha até dois salários mínimos e que passará a ser benefício de quem recebe até um salário mínimo, no máximo. “Um cálculo estimado que fizemos aponta que levando em conta os sindicatos do Calçado e Vestuário; Fumo, Alimentação e Afins; e Metalúrgicos, serão cerca de R$ 7 milhões a menos por ano. Este é um dinheiro que deixará de ir para o bolso do nosso trabalhador de forma imediata e não circulará no comércio. E ninguém está se dando conta disso tudo”, alertou Ricardo Sehn.
João Émerson Dutra de Campos lembrou que outra perda significativa é em relação ao trabalhador que já está aposentado, mas se mantém na ativa para complementar a renda. “Hoje, a empresa tem que depositar 8% do salário como referência para FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Se a reforma for aprovada, este direito será prejudicado, bem como não será mais necessário pagar os 40% de multa em caso de demissão de quem já é aposentado”, esclareceu. Ele também salientou que abono do PIS (Programa de Integração Social), atualmente pago para quem tem vencimentos de até dois salários mínimos, passará a ser de direito de quem ganha até um salário mínimo. “O nosso Comitê Suprassindical precisa voltar às ruas e conscientizar os trabalhadores do quanto de perdas estamos falando. Vamos fazer a nossa parte, assim como fizemos quando a Reforma Trabalhista era a pauta”, argumentou ele.
PAUTA PARA SCHUCH – A pauta que começou a ser discutida ontem será repassada ao deputado federal Heito Schuch (PSB), que estará em Venâncio Aires no dia 7 de março. O encontro das lideranças com o parlamentar está agendado para as 14h, novamente no Sindicato do Fumo, Alimentação e Afins. A intenção é que o deputado leve as demandas a Brasília e sensibilize os colegas no sentido de reprovação do que está sendo proposto pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). No dia 22 de março ocorrerá um primeiro ato nacional de luta contra a Reforma da Previdência, quando representantes de sindicatos devem ir à Capital Federal para manifestar seu descontentamento com o que denominam de ‘morte do trabalhador à míngua’.
Odenir Guterres de Carvalho e Jandir da Silva, respectivamente presidentes dos sindicatos dos Servidores Públicos Municipais e Construção Civil e Mobiliário, serão convidados para participar das ações propostas pelo Comitê Suprassindical.
MULHERES – O presidente Jair Bolsonaro admitiu, ontem, estar disposto a negociar alguns pontos da Reforma da Previdência, entre eles baixar a idade mínima para aposentadoria das mulheres de 62 para 60 anos. Bolsonaro também disse que pode fazer concessões no Benefício de Prestação Continuada (BPC) – pago a idosos e deficientes de baixa renda – que poderia passar de 60% para 70%. “Eu acho que dá para cortar um pouco de gordura e chegar a um bom termo, o que não pode é continuar como está (o déficit na Previdência)”, afirmou. Para os homens, pela proposta que foi apresentada, a idade mínima para aposentadoria é de 65 anos.
“Se a Reforma da Previdência passar, será um passo para a nossa morte. Vamos chegar na fase da ‘carteirinha verde e amarela’, quando o trabalhador não tem mais direito a nada e passa a ser facilmente descartável.”ROGÉRIO SIQUEIRASindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, Alimentação e Afins
CURIOSIDADES
1 Conforme o administrador do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, Alimentação e Afins, Ricardo Sehn, com o aumento de 15 para 20 anos de contribuição proposto na Reforma da Previdência, os safristas que trabalham quatro meses por ano terão que exercer as atividades por 60 anos para conseguirem se aposentar, caso não tenham outra ocupação na entressafra. No caso dos que trabalham cinco a cada 12 meses, o tempo necessário para se aposentar será de 48 anos.
2 Sandra Wagner disse que, a exemplo da Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência vem para retirar direitos dos trabalhadores. A representante do STR afirmou que a Reforma Trabalhista não teve reflexos positivos para a sociedade, como era prometido, pois o elevado número de brasileiros desempregados continua e a economia do país cresceu apenas 1,1% em 2018. Vereadora, ela vai pedir espaço na Tribuna Livre, na retomada das sessões da Câmara após o Carnaval, para que os representantes sindicais possam levar suas aflições aos parlamentares e comunidade em geral.