Solange Schmaedecke Mauer, 69 anos, é uma das mulheres mais experientes na área da advocacia, em Venâncio Aires. No próximo domingo, 19, a profissional completa 43 anos de atuação, com especialidade na área do Direito de Família.
“Quando comecei a atuar na área foi muito difícil, porque, naquela época, a profissão era exercida quase que exclusivamente por homens”, recorda. Mesmo assim, ela argumenta que nunca foi desrespeitada ou menorizada na profissão.
Segundo Solange, a área do Direito de Família abraçou as clientes mulheres que lutavam pelos seus direitos. “Naquele período, as mulheres que se separavam dos maridos eram discriminadas e marginalizadas pelo fato de tomarem esta decisão. Bem diferente de hoje, que o divórcio é algo mais natural”, relembra.
Em relação às atividades do dia a dia, Solange relembra que o curso de datilografia era um diferencial, algo que desempenhava muito bem e com agilidade. O surgimento dos computadores e a introdução gradual da tecnologia foram marcos na profissão. “Em casos de separação, era preciso aguardar de uma semana a 15 dias para elaborar a ação. Atualmente, com o sistema digital, tudo é instantâneo”, compara.
Natural de Cerro Branco, distrito de Cachoeira do Sul, Solange mudou-se para Venâncio Aires em 1955. Formada em 1975, no curso de extensão da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a advogada teve a primeira experiência quando atuou no Tabelionato Azambuja, onde permaneceu até 1981, quando nasceu o primeiro filho, Gustavo.
Em 1982, começou a atuar no escritório do marido, Dorneles Donato Maurer, 72 anos. “O fato do meu marido já atuar na advogacia contribuiu para que eu me inserisse no mercado de trabalho. Ele me deu todo o suporte, amenizando as dificuldades”, explica a advogada, mãe de Gustavo, 37 anos, e Marcos, 40 anos, que também têm formação em Direito.
Atualmente, Solange trabalha no mesmo escritório do marido e do filho Gustavo. Porém, cada um atua em uma especialidade diferente. Durante todo este período de atuação, uma das situações que mais marcou foi quando a advogada foi diagnosticada com câncer. “Tive muito apoio de meus clientes neste período. Eu atribuo grande parte da minha sobrevida a eles, pois quando falei que estava muito doente, todos permaneceram comigo até o fim”, comemora a profissional, que enfrentou a doença, durante 13 anos, sem deixar de atuar como advogada. Para ela, estar na ativa, aos 69 anos, é uma oportunidade para encarar a velhice com disposição e lucidez.
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