Janeiro foi ‘atípico’ para os funcionários do Hospital São Sebastião Mártir que precisaram encaminhar três bebês e uma gestante para leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal e pediátrica de diferentes regiões do Rio Grande do Sul.
Apesar da Capital do Chimarrão estar ‘abraçada’ por hospitais que possuem o serviço – Santa Cruz do Sul, Lajeado, Estrela e Cachoeira do Sul – os destinos dos bebês foram casas de saúde de Porto Alegre e Passo Fundo. No Rio Grande do Sul são 539 vagas registradas na central de leitos pertencentes a 49 hospitais.
Uma das prejudicadas pela falta de leito foi a pequena Joana, que precisou aguardar quase 20 dias desde seu nascimento para conseguir uma vaga no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, em Porto Alegre. Enquanto a recém-nascida aguardava ‘sobrava’ para a mãe, Veridiana Camargo, de 36 anos, e aos profissionais do hospital de Venâncio Aires, a angústia até que uma boa notícia chegasse e ela, enfim, fosse transferida para UTI Neonatal da Capital.
Em conversa com a reportagem na tarde de ontem, Veridiana contou que a pequena passa bem: “Foi muito bom saber que ela veio para um lugar que tem tudo que ela precisa”, desabafa a mãe.
Hospital: papel fundamental no primeiro atendimento A equipe do Hospital São Sebastião Mártir esteve mobilizada para conseguir uma vaga para todos que necessitaram de um leito especial neste primeiro mês do ano. A garantia do esforço é demonstrada pelo administrador da Casa de Saúde, Jonas Kunrath, e pela gerente assistente Susan Artus Dettenborn. Segundo eles, o caso da Joana levou a família inclusive a buscar ajuda com a Justiça que determinou no dia 4 de janeiro que o Estado oferecesse uma vaga no Sistema único de Saúde (SUS) ou comprasse um leito na rede particular. Porém, mesmo assim, nada foi feito e somente nesta quarta-feira foi possível a transferência.
A dificuldade de conseguir um leito pode ter sido um caso ‘atípico’, mas demonstrou a importância do serviço, tanto neonatal quanto pediátrico, pois quando todos estão lotados, percebe-se a falta que mais leitos fazem.
Questionados sobre a possibilidade de ofertar uma UTI Neonatal no hospital venâncio-airense – mobilização já iniciada em 2014 por integrantes do Lions Clube Melvin Jones -, Susan garante que seria positivo ofertar leitos, mas não é apenas da ‘vontade’ que se depende nesse momento. Além disso, o trâmite para a instalação do serviço requer uma ‘abertura’ do Governo do Estado, que não sinaliza, devido à crise, nenhuma possibilidade de novos investimentos. Para Kunrath, questões como financiamento, estrutura e manutenção, somada à falta de profissionais especializados também devem ser levados em conta.
O administrador garante que para instalar uma UTI Neonatal ou Pediátrica no município é preciso ter o credenciamento do Estado, mas também ter recursos federais, estaduais e municipais que erguer e mantê-la aberta. Susan afirma que caso uma oferta para esse preenchimento de vagas fosse aberto, o Hospital São Sebastião Mártir se candidataria para tentar receber o serviço. “A partir disso começa-se a ter um direcionamento e uma concentração de esforços”, diz.
Sinal positivoEm conversa com o secretário de Saúde, Ramon Schwengber, ele contou que a possibilidade de instalação de uma UTI Neonatal está nos planos da nova Administração, mas que é um trâmite que não depende apenas de Venâncio Aires. Caso o Estado se pronuncie sobre a abertura de novas vagas, a intenção é que a Capital do Chimarrão se candidate.